Se os espelhos são fieis refletores da realidade, nem sempre é com essa finalidade que os artistas os usam na concepção das suas obras. As possibilidades infinitas fornecidas pelos espelhos e as interpretações quase filosóficas tornam-nos num elemento comum na arte e são precisamente eles o pretexto para a nova exposição de inverno da Fundação Calouste Gulbenkian.
Com curadoria de Maria Rosa Figueiredo e colaboração de Leonor Nazaré, “Do Outro Lado do Espelho” apresenta 69 obras, número espelho, que vão desde Pintura, fotografia, vídeo, escultura ou literatura e estão divididas por cinco núcleos temáticos, cada um deles introduzido por uma pintura, ou uma escultura que convida o visitante a entrar numa abordagem específica da arte vista ao espelho.
A confrontação com o Eu de cada um de nós é feita logo no primeiro núcleo da exposição onde estão obras em que o autor coloca a sua criação em frente ao espelho, com reflexos reais do que são. É uma ligação natural à vida de cada um que em determinada altura sente necessidade de se questionar, de perceber quem é, de se olhar ao espelho.
Mais à frente é a Mulher que protagoniza aquele que será um dos piores lados do reflexo humano, a vaidade. Num núcleo repleto de figuras femininas que se olham com vaidade, fica clara a ideia de que se acredita que é a mulher que mais sofre deste pecado mortal.
No terceiro núcleo desta exposição percebemos a evolução da intimidade e da forma de vestir e de aparecer em público como sinónimo de evolução social e humana. As esferas público e privado deixam de estar unidas e passam a ter um papel fundamental na relação da mulher consigo mesma e com o outro.
O penúltimo núcleo é aquele que mais deixa à imaginação do artista e aquele que contraria frontalmente a ideia real que temos de espelho enquanto mostrador fiel do que se apresenta à sua frente. A manipulação com o objetivo de obter uma realidade alternativa, mais atrativa, é o conteúdo mais observado aqui.
A exposição termina com algumas raridades. O homem em frente ao espelho a ocupar o lugar que mais vezes foi da mulher. Um homem a fazer a barba é a única obra conseguida em que se encontra um elemento masculino exposto à vaidade, todos os outros são auto-retratos.
[wp-svg-icons icon=”ticket” wrap=”i”] €5
[wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] quarta a segunda: 10:00 às 18:00
[wp-svg-icons icon=”calendar-2″ wrap=”i”] 26 de outubro de 2017 a 5 de fevereiro de 2018 [wp-svg-icons icon=”compass” wrap=”i”] A estação de metro metro mais próxima da Fundação Gulbenkian é S. Sebastião. Pode ainda chegar usando os autocarros da Carris. As linhas 713, 716, 726, 742, 746, 756 são as mais indicadas. Se preferir chegar de carro tem facilidades de estacionamento no local. [wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] Guarde pelo menos duas horas para ver a exposição. [wp-svg-icons icon=”camera-2″ wrap=”i”] [wp-svg-icons icon=”facebook-3″ wrap=”i”] O W360.PT esteve em direto da exposição “Do Outro Lado do Espelho”. Veja aqui.