Estamos em Lisboa. É aqui que estão mais de 200 obras do artista Holandês Maurits Cornelis Escher e é por isso que começamos a contar a história desta mente complexa a partir da sua ligação a Portugal. Samuel Jessurun de Mesquita é a ligação de Escher ao nosso país. Era judeu, de origem portuguesa, e foi ele que ensinou o jovem Escher a desenhar. Não lhe ensinou tudo, ele já tinha um traço que se destacava, mas mostrou-lhe a luz.
Escher nunca se destacou na escola, era um aluno de notas fracas, mesmo naquelas disciplinas onde demonstrava algumas competências, como era o caso de desenho. Nascido na Holanda os seus primeiros interesses foram os desenhos realistas de insetos, flores e paisagens que prontamente abandonou para explorar o espaço, as formas, as perspectivas e as ilusões de ótica.
Espanha é um dos países que mais marcou o artista. Os tetos do Palácio de Alhambra fizeram com que mudasse prespetivas e percebesse exatamente o que queria fazer. De Espanha parte para Itália onde constitui família, mas o seu espírito livre não tolera o fascismo de Mussolini. A obrigatoriedade de o seu filho usar o uniforme da Opera Nazionale Ballila é a gota de água que faz transbordar o copo. Abandona o país para na Suíça passar o período mais infeliz da sua vida antes de voltar à casa de partida, a Holanda.
Escher nunca foi apreciado pelos seus pares. Nunca foi possível encaixá-lo numa corrente artística clara, embora alguns lhe tentem aplicar a etiqueta de surrealista. Quem sempre o suportou foram os movimentos hippie dos anos 60 que com as suas obras eram capazes de alucinar sem recorrerem às substâncias típicas da época. Fez t-shirts e posters e muitas capas de CD’s. Os Pink Floyd, os Bauhaus ou os The Strokes foram alguns que tiveram a sorte de conseguir desenhos do génio holandês em capas de álbuns. E tiveram sorte porque não pedir autorização. Mick Jagger pediu e ouviu um não como resposta.

Entrar no mundo de Escher é entrar num mundo caótico e sem regras, mas ao mesmo tempo muito organizado e como lógicas comuns. As formas detalhadamente desenhadas e emparelhadas dão origem a uma imagem que deixa o nosso cérebro confuso, à procura de uma ordem que não é lógica nem única. Num mesmo desenho é retratado o dia e a noite, pássaros que se transformam em peixes ou tabuleiros de xadrez que crescem e de desenvolvem até se transformarem em fachadas.
Quando entrar nesta sala vai iniciar uma viagem a um ritmo alucinante e mesmo que queira só vai conseguir sair dela umas duas horas depois do início. É provável que ao entrar no ritmo faça um loop e não queira sair do Museu de Arte Popular de Lisboa. Pode lá ficar até 13 de setembro porque a exposição foi prolongada.

[wp-svg-icons icon=”ticket” wrap=”i”] adultos: €11 | idosos e jovens: €9 | crianças: €4
[wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] todos os dias: 10:00 às 19:00
[wp-svg-icons icon=”calendar-2″ wrap=”i”] 24 de novembro de 2017 a 16 de setembro de 2018 [wp-svg-icons icon=”compass” wrap=”i”] A estação de comboio mais próxima do Museu de Arte Popular é a estação de Belém. Saído do comboio caminhe cerca de dez minutos. O museu fica próximo do Padrão dos Descobrimentos [wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] Guarde pelo menos duas horas para ver a exposição.