Os Mirós chegaram a Lisboa e nós fomos visita-los

A coleção de obras do artista catalão que o Estado Português “herdou” na sequência da nacionalização do BPN está a ser apresentada no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa.

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Embora sobejamente conhecido, Joan Miró entra na vida da generalidade dos portugueses de uma forma muito pouco ortodoxa: no processo de nacionalização de um banco privado que tinha esta coleção na sua posse. Quando o BPN faliu e o Estado Português suportou todos os encargos dessa derrocada foi preciso encontrar ativos que aligeirassem a fatura que os contribuintes teriam que pagar.

Os “Mirós” do BPN eram uma fonte de rendimento óbvia e chegaram a estar avaliados em mais de 30 milhões de euros, mas acabaram por não ser vendidos porque um movimento inédito na sociedade portuguesa impediu que tal acontecesse e, quando expostos pela primeira vez, foram um sucesso de bilheteira.

Sim, os Mirós já foram mostrados aos portugueses do Porto e foram vistos por mais de 240 mil pessoas. Chegam agora a Lisboa, mas a exposição não é igual. No Palácio Nacional da Ajuda há 85 obras, em Serralves eram sete a menos “devido a limitações de espaço”, esclarece Robert Lubar Messeri, curador da exposição, a vários órgãos de comunicação social.

Agora que está apresentada a ligação do artista catalão a Portugal, vamos até à galeria onde estão as obras que não são só quadros.

A receção da exposição tem tanto de reveladora como de hostil. Aqui podemos perceber de imediato que a obra de Miró é vasta em materiais que vão da pintura à escultura, passando pela colagem e os trabalhos em tapeçaria. Mas também somos confrontados com uma tela queimada, pendurada no teto da galeria do Palácio Nacional da Ajuda, como também foi pendurada no Grand Palais de Paris em 1974, por indicação do artista, numa exposição que queria ser uma grande retrospetiva da obra de Miró.

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Quando avançamos percebemos que a linguagem de Miró pode parecer infantil, mas quando atentamos nos pictogramas por ele desenhados a partir de 1924, percebemos que estamos perante uma complexa linguagem de signos, abertos a interpretações múltiplas.

Esta é uma excelente oportunidade para ver as cores, as formas e os materiais que o catalão usava na sua arte. As tapeçarias chegam mesmo a funcionar como tela onde materiais básicos do dia-a-dia fingem que são tinta numa exploração ao limite de todos os recursos.

Esta é uma exposição muito completa uma vez que as obras vão de 1924 até 1983, muito próximo da morte do artista que se reinventou ao longo da sua carreira, e pode ser vista no Palácio Nacional da Ajuda, até dia 8 de janeiro do próximo ano.

Joan Miró: Materialidade e Metamorfose
[wp-svg-icons icon=”location-2″ wrap=”i”] Lisboa, Palácio Nacional da Ajuda
[wp-svg-icons icon=”ticket” wrap=”i”] €10
[wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] quinta a terça: 10:00 às 18:00 (última entrada às 17:30)
[wp-svg-icons icon=”calendar-2″ wrap=”i”] 8 de setembro 2017 a 8 de janeiro de 2018

[wp-svg-icons icon=”compass” wrap=”i”] A forma mais fácil de chegar é de autocarro. As linhas 740 e 762 param mesmo em frente ao Palácio Nacional da Ajuda.

[wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] Duas horas é o tempo indicado para visitar a exposição.

[wp-svg-icons icon=”camera-2″ wrap=”i”] [wp-svg-icons icon=”facebook-3″ wrap=”i”] O W360.PT esteve em direto da exposição “Joan Miró: Materialidade e Metamorfose”. Veja aqui.
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