Muitas pessoas com medo de voar ficam horrorizadas com a possibilidade de uma avaria bloquear o funcionamento dos motores dos aviões. O que acontece se um deles ou ambos deixarem de funcionar?
Em primeiro lugar é preciso entender a aviação como uma área onde a segurança está sempre em primeiro lugar. É por motivos de segurança que temos que manter as persianas das janelas abertas durante as descolagens e as aterragens, é por motivos de segurança que em cada voo é obrigatória a existência de um briefing por parte das hospedeiras e é também por motivos de segurança que não podemos mudar de lugar sem avisar o pessoal de voo. Estas são apenas algumas situações com as quais nos deparamos num voo e que são exemplificativas da importância que as companhias e toda a indústria dão à segurança dos passageiros.
Há outros mecanismos que nós não vemos, mas que também têm a segurança no centro da sua razão de existir. Por exemplo, todos os mecanismos existentes num avião são redundantes, ou seja, se um falhar um outro igual assume as suas funções até ser possível aterrar o aparelho num lugar seguro.
No que toca aos motores também não há motivos para preocupação, uma vez que são raríssimos os casos em que eles deixam de funcionar e ainda mais raros são os casos em que são provocados acidentes em virtude de falhas mecânicas.
Vídeo mostra A350 a fazer descolagem quase vertical impressionante
Mas se mesmo no meio de tantas improbabilidades tiver o azar de estar num voo em que um dos motores deixa de funcionar, não tem que recear. Os aviões são construídos para poderem voar apenas com um motor e mesmo a descolagem – a fase do voo em que o aparelho precisa de mais força para largar o chão – pode ser feita apenas com um motor.
Vamos agora perceber o que acontece no caso mais improvável de um avião perder todos os motores.
“Embora possa parecer estranho não é sequer improvável que um avião voe com os motores adormecidos”, começa por escrever Patrick Smith no seu livro Cockpit Confidential explicando que o “voo ocioso”, como lhe chamam os pilotos, acontece frequentemente em várias fases dos voos comerciais. “Eles continuam a operar, alimentando sistemas cruciais, mas sem fornecer nenhum impulso. Os passageiros estão a planar muitas vezes sem saberem. Acontece em quase todos os voos.”, esclarece o piloto.
Dependendo do tipo de avião o tempo em que conseguem voar sem o auxílio de qualquer motor pode variar bastante. Em 2001 um avião da Air Transat procedente de Toronto e com destino ao aeroporto de Lisboa perdeu os dois motores na sequência de perdas de combustível. Na altura o A330 com 293 passageiros a bordo conseguiu planar durante 19 minutos e percorrer 120km, o que lhe permitiu aterrar de emergência na Base das Lajes, Açores, sem vítimas a lamentar.
Vai deixar de se queixar do espaço para as pernas no avião com estes novos lugares de pé
O voo 236 da Air Transat com destino a Portugal continua a ser o recordista dos voos que mais tempo se conseguiram manter no ar após a falha dos dois motores, mas embora raros há mais casos.
O mais famoso de todos terá sido o da amaragem no Rio Hudson. A 15 de janeiro de 2009 um avião da americana US Airways perdeu ambos os motores logo após a descolagem, conseguindo mesmo assim imobilizar-se seis minutos depois de ter largado o solo sem vítimas a registar.