Se é mais seguro, porque é que os assentos dos aviões não são virados para trás?

Embora a maioria dos passageiros nem queira ouvir falar desta possibilidade, a verdade é que viajar em aviões com assentos de costas poderia ser mais seguro

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A indústria trabalha a cada dia para conseguir mais conforto, mais rapidez, mas acima de tudo mais segurança para os passageiros. Todos já nos habituámos a voar com menos espaço para as pernas, sem comida a bordo e até a pagar taxas extra para transporte de bagagem. Mas será que algum dia nos habituaríamos a voar sem padrões de segurança? A resposta a esta pergunta é obviamente não!

A segurança a bordo é tão rígida que atualmente é quase tão improvável sofrer um acidente de avião como é improvável ganhar o Euromilhões. Isto deve-se à aprendizagem contínua da indústria com erros passados. A cada acidente é feito um extenso trabalho de investigação que visa apurar responsabilidades e perceber quais os erros que não devem ser comitidos no futuro.

No passado dia 6 de julho de 2013 um avião comercial da Asiana caiu quando fazia a aproximação ao solo, tendo dali resultado três mortos e 187 feridos graves. Dos feridos muitos sofreram lesões graves na coluna em virtude do impacto, o que levou muitos especialistas a sugerirem que os assentos dos aviões fossem virados ao contrário.

Um lugar virado para trás protege mais as costas, o pescoço e a cabeça. É por isso que as cadeiras de bebés recém nascidos são colocadas nos automóveis por forma a que circulem de costas. Estudos recentes, citados pelo Telegraph, sugerem que uma colisão a cerca de 50km/h sofrida num assento voltado para trás, reduz o impacto em cerca de 150kg.

Um estudo de 1952 da Naval Aviation News concluía que um acidente num avião com assentos virados para a frente aumentaria em 10 vezes a possibilidade de sobrevivência dos passageiros. Mais tarde, em 1993, Richard Snyder, cientista da Universidade do Michigan (EUA) afirmava que “um passageiro sentado pode tolerar forças de impacto muito mais altas quando orientado na posição voltada para trás”.

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Mas se de facto é mais seguro, porque é que este acidente aconteceu em 2013 e passados cinco anos ainda não vemos aviões a voar com todos os passageiros de costas para o cockpit? A resposta pode estar precisamente nos passageiros.

Ouvido pelo Telegraph, um antigo piloto e editor do site de notícias aeronáuticas FlightGlobal.com, David Learmount, garante que “as pessoas não os querem”.

“A British European Airways costumava pilotar jatos Trident com assentos virados para a frente e para trás e os passageiros matavam-se por um assento virado para a frente. Nos comboios a mesma coisa, são sempre os assentos virados para a frente os primeiros a serem vendidos”, explicou.

Mas será que o ónus está mesmo nos clientes? Bern Case, antigo diretor de um Aeroporto Internacional do Estado Americano do Oregon e defensor desta medida de segurança afiança que “as companhias aéreas dizem que os passageiros não gostariam de ter que voar de costas, mas há aviões militares e jatos privados que têm estes assentos e nunca houve nenhum problema.”

Então onde está o problema? Provavelmente na logística. A implementação desta medida exigiria grandes esforços às companhias aéreas, nomeadamente a inclusão de poltronas mais resistentes para que não quebrassem num grande impacto. E poltronas mais resistentes, significa poltronas mais pesadas e poltronas mais pesadas implicam mais consumo de combustível, logo mais despesa.

“Os custos de uma operação destas seriam proibitivos para as companhias aéreas. Durante um impacto o centro de gravidade do passageiro seria mais alto e o assento sofreria mais esforço”, explica David Learmount.

Foto de SuperJet International

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