“Olhem – disse um moço – o sangue deles é exatamente da mesma cor” (Sophia de Mello Breyner Andresen, O Cavaleiro da Dinamarca).
O sangue é da mesma cor, mas os olhos, os cabelos e a fisionomia corporal são diferentes, concluí eu enquanto usufruía da viagem no metro do aeroporto de Copenhaga até ao centro da cidade. E, de facto, as primeiras coisas que me chamaram a atenção foram o cabelo “branco” e os olhos azuis de uma criança dinamarquesa que estava no metro com a avó e super entusiasmada com a viagem.
Assim que chego a Norreport, que é no centro de Copenhaga, deparo-me com a quantidade de bicicletas que circulam pela rua e com o frio (estamos em Setembro e para mim é estranho estar já a usar cachecóis).
Enquanto caminhamos pelas ruas, observamos as montras das lojas, posteriormente os parques verdes e compreendemos o que é que é isto do hygge (pronuncia-se huga).
Helen Russel, aquando do lançamento do livro “O Ano de Viver Como os Dinamarqueses: Descobrindo os Segredos do País Mais Feliz do Mundo”, numa tradução à letra, indica que “não é algo que se possa comprar, é preciso investir tempo”. Os exemplos são simples. Por exemplo, beber um chá quente à frente de uma lareira. Pode ser uma reunião de famílias e amigos, um jantar à luz das velas ou tempo para ler um bom livro. O Livro do Hygge, de Meik Wiking, CEO do Happiness Reasearch Institute, refere como uma espécie de aconchego com consciência entre amigos.
Uma coisa é certa, segundo o Relatório Mundial sobre a Felicidade, realizado pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, a Dinamarca ocupa o segundo lugar (são os seus compatriotas finlandeses que lideram a tabela). Relativamente à qualidade de vida, de acordo com os dados do Índice de Desenvolvimento Humano de 2018, ocupa o 11º, sendo que os países líderes são a Noruega, a Suíça e a Austrália.
E se por um lado os dinamarqueses são felizes pela forma descontraída como vivem as suas vidas, pela sua preocupação pelo meio ambiente, pelo sistema governamental que têm (aqui pagar poucos impostos é visto de forma menos positiva), nós (sul-europeus) também ficamos surpreendidos com tudo isto, inclusivamente como é que eles sobrevivem com poucos dias de sol.
Nyhavn de alguma forma relembra-me Aveiro; a Pequena Sereia, os contos de Sophia de Mello Breyner, principalmente “A Menina do Mar”; a cidade livre de Christiania, a filosofia hippie do Flower Power e deixa-me a pensar na diversidade cultural que Copenhaga também tem. E a quantidade de Espresso House que existem, o quão bem um chá faz ao meu corpo, ainda que eles (dinamarqueses) sejam bem mais adeptos do café.
Muita gente considera Copenhaga uma cidade cara. Eu considero que depende do orçamento que tenham e que existem supermercados como o Seven Eleven (aberto 24h) e o Netto onde os preços são acessíveis, que os transportes também e que há hostels para todos os gostos e feitios. Por isso, venham conhecer ao vivo e a cores, esta filosofia nórdica e visitem Copenhaga!