(Disclaimer: Este não é um artigo sobre pequenos cães a pilhas)
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa (e eu estava incluído), Chihuahua não é apenas uma raça de cães particularmente irritante.
Perto da fronteira com os EUA, vais encontrar o maior estado dos Estados Unidos Federados do México. Curiosamente, sendo o maior estado, também é dos que tem menos população. Porquê? Porque Chihuahua é um deserto… mesmo daqueles em que tu vês montanhas áridas, bolas de palha a rolar no horizonte e coiotes entre as colinas. Apesar disso, é um lugar fantástico para passar uns dias de férias. Desde os desportos de aventura como espeleologia e hiking nas montanhas, passando pela comida mexicana que dispensa apresentações, pelas lojas gigantes com centenas de doces diferentes e terminando nas lojas de artesanato, Chihuahua vai marcar a diferença pelas pessoas muy guey e pelo preço das coisas… tudo é muito barato para um europeu… até mesmo se este europeu for português.
Caso estejas a pensar visitar Chihuahua, deixo-te com aquilo que não podes mesmo perder!
Hola Amigo! Bienvenido a México!
Os mexicanos são super prestáveis e simpáticos! São capazes de te conhecer num minuto e de repente levar-te a passear pela cidade todo o dia. Por isso, procura ultrapassar a timidez e fala com alguém que esteja ao teu lado na fila ou no avião. Instala apps de fazer amizades ou até mesmo o Tinder (explicita que só queres mesmo fazer amigos).
Deixa-te levar pela vibe e não te admires se acabares num bar às 5 da tarde a tomar shots de tequila “Cabrito”, a minha preferida desde então!
Nem todos os sítios são bons para comer!
Embora as fotos dos tacos e tamales naquele restaurante de fast-food pareçam apetecíveis, esquece! Procura restaurantes fora das superfícies comerciais e das ruas mais populares. Aqui vais encontrar preços competitivos e uma qualidade superior. As minhas amigas mexicanas (que até essa manhã eram só as pessoas da empresa para quem trabalho e que me iam buscar para me levarem à sede mexicana, mas que se ofereceram para passear comigo o dia todo) levaram-me a um restaurante, o “Tacos Orientales de Cuernavaca” que tem comida absolutamente extraordinária. Recomendo que proves os Tacos El Pastor, típicos de Chihuahua e as Gringas.
Escusado será dizer que este almoço para 3 (que sobrou e foi o meu jantar) ficou pelo preço de um gin num rooftop fancy em Lisboa.
Gringos – quem são e porque é que tu não és um!
Durante a minha viagem, fui chamado várias vezes de gringo. Não num tom ofensivo, mas mais do género: “oh pah… gringos” como que desculpando o meu espanhol ou falta de entendimento. As minhas novas amigas explicaram-me a origem da palavra, que foi sofrendo cortes e perdas de letras, do original – “Green Go Home”. “Green Go Home” era uma expressão utilizada pelos mexicanos para dizer aos militares americanos (vestidos de verde) para voltarem ao seu país e deixarem o México em paz, na altura da Guerra Americo-Mexicana (1846-1848).
Os mexicanos pediam-me sempre desculpa quando percebiam que eu era português. No México, ao contrário do resto da América Latina em que gringos são os estrangeiros, aqui é apenas para americanos.
Os super-atletas Tarahumara
Chihuahua é bem no norte do México, fazendo companhia a estados como Texas e Novo Mexico (EUA). Apesar de ser um deserto, não muito longe da cidade, há um bosque onde vive a tribo Tarahumara. Estes nativos mexicanos caracterizam-se por uma forma peculiar de viver – não acreditam em trabalhar para viver. Parece-te bem, não é? De repente, todo o meu sistema de crenças se abalou e passei a identificar-me muito com os Tarahumara.
Se és fã de atletismo e achas que já ouviste falar deste nome, então as tuas suspeitas estão certas. Os nativos desta tribo são conhecidos por ser atletas ferozes, correndo apenas numas simples sandálias. Vários membros já participaram inclusive em competições, onde se sagraram campeões, como é o caso da María Lorena Ramírez.
Conta-se que após estas vitórias, uma famosa marca de sapatos de corrida tentou patrocinar os corredores, ao que estes responderam que correm melhor nas suas próprias sandálias! Wholesome or not?
Artesanato típico
Eu não sei quanto a ti, mas quando eu penso no México, penso em comida, bebida, artesanato e roupa típica. Visitei a Arte Popular, uma loja grande e arejada, cheia de matéria prima artesanal, maioritariamente feita pelos Tarahumaras. Lá encontrei tokens de madeira, ímans, porta-chaves, trajes típicos, licores e bebidas artesanais e outro par de coisas. Todo o material é handmade, o que dá outro valor ao produto e é super barato. Tendo em conta o valor do euro comparado com o peso Mexicano, acabas por comprar muitos souvenirs para a família e amigos, por um preço muito baixo. Ainda para mais, estás a ajudar a comunidade local e a arte tribal. Recomendo vivamente!
Dica: se deixares um like na página deles, quando lá fores tens 10% de desconto.
Ainda sobre “coisas que queremos trazer do méxico para dizer mesmo que lá estivemos, tipo ponchos e sombreros”.
Dei um grande passeio pelas ruas principais que ligam a Catedral de Chihuahua e o monumento “Ángel de la Libertad” e encontrei uma loja super completa, com muitas coisas típicas mexicanas.
Foi lá que comprei um poncho (quente, mas quente) com temáticas dos Maias, um sombrero para completar o figurino e uma sweater de lã mesmo à maneira. Não saí de lá sem mais uns ímans na forma de Chihuahua (o cão), umas caveiras pintadas, típicas do Dia de Los Muertos, e um colar lindo de pedras preciosas.
Por último, não percas a oportunidade de provar o álcool. É muito, é variado e é barato. Só não dá milhões. Se fores com mais do que uma pessoa, podem comprar mais do que um tipo para trazerem um pouco de la fiesta mexicana para Portugal. Mas cuidado, porque de acordo com as regras alfandegárias, só podes trazer 1L de bebidas espirituosas de fora do espaço Schenguen.
Se fores vida loka e quiseres trazer mais, é só rezares para que não te parem nas chegadas e te mandem abrir a mala – lembra-te que não leste isto aqui e que eu desaconselho vivamente!