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Três semanas de mochila às costas, sozinha pela Europa, entre hostels e duas semanas de voluntariado na Eslovénia.
Sem expectativas.
Luxemburgo – Zagreb – Liubliana – Murska Sobota – Rakičan – Maribor – Bratislava – Viena – Madrid
Comecei esta viagem por um dos países mais pequenos da Europa, mas ao mesmo tempo que oferece um dos salários mínimos mais altos (2071.10€ – Fonte: Eurostat) e tem também uma das maiores comunidades de emigrantes portugueses espalhados pelo Mundo (não foi difícil ouvir português enquanto caminhava pelas ruas).
De todos os sítios recomendados para ver no Luxemburgo como o The Grund, por exemplo, foi pelo Museu de História do Luxemburgo que me apaixonei.
Contemplar ao vivo e a cores obras de René Magritte, surrealismo ao mais alto nível, deixaram-me perplexa e conhecer obras de Jean-Marie Biwer, deixaram-me ainda mais com a sua abstratividade e o seu lado contemporâneo. Isto para dizer que só para ver aquilo já valeu a pena ter ido ao Luxemburgo.
Depois fui até Berlim conhecer o outro aeroporto que a cidade tem, o Tegel (a cidade já conhecia, vejam aqui) e vai na volta troquei umas palavras em inglês com uns croatas que tal como eu, esperavam pelo avião até Zagreb.
Assim que piso solo croata e ainda dentro do aeroporto tenho o senhor dos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras que simpaticamente me carimba o passaporte (eu gosto sempre de levar o passaporte e o cartão de cidadão quando viajo, mesmo que saiba que dentro do Espaço Europeu preciso apenas de um, além disso já que a meu ver o passaporte foi caro, há que lhe dar uso!), depois já fora do aeroporto, pergunto a esses croatas que conheci em Berlim, onde é a estação de autocarros para o centro da cidade e tenho um deles que me oferece o bilhete de autocarro. Impossível não começar já a sorrir!
Chego ao hostel e tenho um polaco e uma americana a conversar, depois juntam-se dois australianos e do nada acabamos os cinco a ir conhecer a cidade e terminamos num parque para desfrutar de uma pivo (cerveja, em croata).
A cidade é estranhamente grande, comparativamente com as principais capitais europeias a que estamos habituados como Roma ou Madrid.
As ruas são extensas, os parques também, os lagos que existem são bonitos. A comida tem, de certa forma, uma vertente turca mas isso deve-se ás raízes do império otomano e os croatas são bons hospitaleiros.
Espontaneamente, em Liubliana, encontrei-me com uma amiga eslovena que julgava estar ainda a viver na China, entre um bela kava (café esloveno) e parte da conversa em dia, ela mostra-me a sua cidade. Vamos até ao mercado, depois observamos a vista da cidade no Castelo e terminamos com um burek e um iogurte liquido, que já são horas, porque tenho que ir apanhar o comboio para Murska Sobota.
O primeiro impacto de Murska Sobota é que deve ser mais ou menos do tamanho da minha terra em Portugal (Santa Eufémia) e não tem lá muita coisa, o segundo é que afinal há um “Castelo” que é muito bonito e o terceiro é que a língua deles, o esloveno, também é bonito de se ouvir e não deve ser muito difícil de aprender (depois de saber que o cantonês tem 9 tons, ou seja, uma só palavra pode ter 9 significados diferentes, tudo me parece fácil!).
Fui para Rakičan, uma aldeia com campos agrícolas e ar puro, a dez minutos de bicicleta de Murska Sobota, duas semanas a fazer um campo de voluntariado e ali compreendi a falta que a vida campestre me fazia.
Tive a oportunidade de ir conhecer a segunda maior cidade da Eslovénia (muito embora a Eslovénia tenha apenas dois milhões de pessoas), Maribor. E tenho a dizer que também gostei muito. Vejam só que há um rio que atravessa a cidade, e ainda que não seja o ponto mais alto cidade, pois enquanto caminhava sobre um sol e um calor infernal até à Pyramid, me tenha lembrado dos Bunkers del Carmel em Barcelona. A vista do topo é igualmente fantástica e sem dúvida inesquecível.
Não foi uma cidade planeada, foi uma cidade que visitei porque tinha amigos que conheci na Indonésia a viver lá. As redes sociais têm destas maravilhas e metem-nos em contacto com pessoas que já não vemos há anos e tcharan, apanhamos o autocarro e lá vamos nós. Bratislava é uma capital pequena, tem a sua própria beleza, as ruas charmosas da cidade antiga e a igreja azul deixam-nos felizes por estar ali. Ao Niki e à Zuzana, obrigada por me receberem aí.
Sabem aquele filme que viram há um par de anos e que as imagens dos lugares gravados nunca vos saíram da cabeça? Pois bem, Viena foi um desses sítios.
Fui a Viena realizar um sonho. Conhecer ao vivo e a cores o Museu Belvedere e comprovar se quer os jardins quer as obras de Klimt que o filme “Woman in gold” nos mostra são ou não são bonitas. O resultado, supera tudo, por isso vão até Viena, vão ver o Museu, percam-se nas ruas da cidade que durante uns tempos (décadas) foi a cidade mais importante da Europa e que é também um museu a céu aberto.
Vim porque as pessoas que mais me inspiraram com isto de ser “viajante” vivem aqui, vim porque Madrid me traz uma nostalgia desgraçada (foi a primeira cidade fora de Portugal que visitei sozinha, a primeira cidade em que me perdi sozinha – pois há 6 anos as tecnologias não estavam tão desenvolvidas como hoje) e vim porque me faltava ir ao Prado (e a tantos outros sítios), Kathy, Nuno, Mason e Owen, obrigada por me receberem aí, por se preocuparem comigo (até mesmo quando estou sozinha e a viajar pela China) e por estarem sempre à distância de um clique. Prometo que volto em breve a Madrid (continuam a ficar coisas por ver).
Tal como disse no inicio desta crónica fui viajar sozinha (a minha prima Kathy, até comentou isso comigo, se não tinha medo em ir viajar sozinha), mas sabem que mais, estive muito poucas vezes sozinha, felizmente conheci sempre estrangeiros nos hostels que tal como eu, gostavam de conversar, trocar experiências com uma boa cerveja a acompanhar. Ainda sobre as duas semanas que estive na Eslovénia, posso dizer que fiz amigos, que falar diariamente o pouco do esloveno que aprendi me deixa saudades – particularmente à Renata, ao Marko, à Nina, à Ana, ao Blaž e a outros, hvala (obrigada).
Dizer também que voltei de coração cheio (histórias e experiências), com o bolso vazio (as nossas finanças são as primeiras a sofrer quando temos dentro de nós o bicho das viagens, a parte boa é que como alguém disse “o dinheiro eventualmente volta, o tempo não”), e ao mesmo tempo com uma perspetiva diferente sobre a vida que levo, os locais onde tenho vivido e as pessoas que tenho conhecido.
Claro que regressar a Lisboa e caminhar por Lisboa se vai tornando estranho, à medida em que vamos conhecendo mais países, mais pessoas e mais culturas. Mas viajar é isto mesmo, é olhar, é acrescentar e ser acrescentado, é evoluir.