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por Diogo Pereira
diogopereira@w360.pt
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nº 003 | 03/04 a 09/04 | 2016
[/one_fourth] [one_half]The Panama Papers revelam como personalidades destacadas fogem aos impostos. Primeiro-ministro da Islândia é a primeira vítima.
Uma investigação jornalística a mais de 11 milhões de documentos decorreu durante um ano e revelou informações secretas que põem em causa milhares de figuras destacadas de todo o mundo. Vladimir Putin, o primeiro-ministro da Islândia, o pai de David Cameron e até Lionel Messi foram apanhados numa teia que revela as estratégias que os mais ricos usam para esconder dinheiro em paraísos fiscais.
Todo este processo começou há cerca de um ano quando o jornal alemão Süddeutsche Zeitung recebeu uma mensagem de um elemento de uma sociedade de advogados que prometia trazer a público informações que ajudariam a desvendar esquemas de branqueamento de capitais, corrupção e fuga aos impostos. A sociedade de advogados chama-se Mossack Fonseca, tem sede no Panamá e, sendo especialista em offshores, ajuda a criar empresas de fachada para esconder capitais. O jornal alemão mostrou-se incapaz de tratar tal quantidade de informação e pediu ajuda ao Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, distribuindo os ficheiros por mais de 300 jornalistas em todo mundo. The Panama Papers é o nome desta mega operação.
Haverá muitos utilizadores de offshores o que, por si só, não é crime, mas as informações agora reveladas podem ajudar a encontrar o rasto ao dinheiro que muitas vezes se perde em casos de corrupção ou, mais grave, conhecer as estratégias de financiamento ao terrorismo.
Toda esta investigação promete abalar o globo e, numa entrevista à TVI um dos jornalistas portugueses envolvidos nesta investigação, avisou que “ainda a procissão vai no adro”. Estamos apenas a ver a ponta do iceberg, mas ela já foi suficientemente gelada para o primeiro-ministro da Islândia que acabou por se demitir depois de se ver envolvido neste escândalo e de não ter aguentado a pressão das manifestações.
Sigmundur Gunnlaugsson acabaria por ser apanhado desprevenido quando, numa entrevista televisiva, mostrou não estar disponível para responder às perguntas do jornalista sobre a empresa que teria no offshore do Panamá. Ficou nervoso, levantou-se e abandonou a entrevista. Pode ver o vídeo aqui!
Angola pede ajuda ao FMI
No início desta semana, o governo angolano pediu assistência financeira ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para fazer face à crise que se instalou no país por causa da queda do preço do petróleo. “O apoio do FMI é uma resposta a uma solicitação do governo angolano, que irá trabalhar com a organização internacional para conceber e implementar políticas e reformas destinadas a melhorar a estabilidade macroeconómica e financeira, nomeadamente através da disciplina fiscal”, informa o executivo de José Eduardo dos Santos num comunicado citado pela agência Angola press.
Dias depois de o ministro angolano do petróleo se ter visto envolvido no escândalo financeiro The Panama Papers, o governo de angola diz que a intervenção do FMI visa promover a transparência das finanças públicas e do sector bancário.
As autoridades angolanas olham para os setores da agricultura, pescas e mineiro como essenciais para a diversificação da economia daquele país africano.
Podemos recebeu dinheiro de Hugo Chávez
O diário espanhol ABC revelou que o governo de Hugo Chávez transferiu, em maio de 2008, mais de sete milhões de euros para apoiar a fundação do partido Podemos em Espanha. Era objetivo do presidente Venezuelano “proporcionar mudanças políticas em Espanha, mais alinhadas com o regime bolivariano”, de acordo com os documentos assinados pelo mítico presidente a que o ABC teve acesso.
De recordar que até aqui se acreditava que o Podemos havia nascido de forma espontânea, quando nas manifestações de 15 de maio de 2011 – contra os sucessivos cortes aplicados ao povo espanhol – um conjunto de estudantes tinha tomado a iniciativa de formar um partido para se aproximar do poder e mudar a conjuntura do país.
Angola tem que imunizar 19,3 milhões pessoas para travar o avanço da febre amarela
Foram mais de 200 as pessoas que morreram em Angola por febre amarela, apenas nos últimos cinco meses. Numa visita da diretora geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) a Luanda, foi feito o alerta: Angola tem que vacinar quase 20 milhões pessoas para travar este que é um dos piores surtos dos últimos anos.
A propagação da doença tem sido feita essencialmente por falta de medicamentos e falta de condições de higiene nas ruas das principais cidades do país.
Angola já vacinou seis milhões de pessoas com o apoio da OMS e mais de sete milhões com o apoio do Brasil, da China e do Grupo de Coordenação Internacional para o Fornecimento da vacina da febre amarela.
Refugiados já começaram a sair da Grécia em direção à Turquia
O início desta semana foi também o início de uma nova viagem para centenas de refugiados que começaram a ser enviados para a Turquia. Consumando o acordo que a União Europeia estabeleceu com a Turquia em março, os barcos partiram de Lesbos, e as críticas ao processo começaram a surgir. A Amnistia Internacional acusou o governo turco de deportar sírios enviando-os para o seu país que está em guerra, violando assim o direito internacional, mas o primeiro ministro já veio desmentir as acusações, deixando claro que apenas estariam a ser deportados os refugiados não-sírios.
As críticas a este processo continuaram quando na sexta feira saía mais um barco da ilha de Lesbos, na Grécia. Cetenas de pessoas protestaram com palavras de ordem como “UE tem vergonha” liberdade aos refugiados” ou “parem as deportações” e houve mesmo duas pessoas que se atiraram ao mar, perseguiram o ferry e se penduraram na âncora.
O Papa Francisco veio também confirmar uma visita àquela ilha grega no próximo dia 16 de março, deixando assim claro que este é um tema sobre o qual se tem debruçado.
Militares que deveriam ter protegido mulheres no Congo, violaram-nas. Começaram agora a ser julgados
Em setembro de 2014 a ONU criou a Missão Integrada Multidisciplinar das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro Africana. O objetivo era acabar com a violência extrema que se vivia naquele território.
Mais de 20 militares daquela missão foram acusados de perpetrarem violações às mulheres que deviam ter protegido. O julgamento inédito começou na passada segunda feira e coloca na barra do Tribunal Militar da República Democrática do Congo homens acusados de violarem mais de 100 mulheres.
Imperdível
[wp-svg-icons icon=”link” wrap=”i”] A partir de agora os utilizadores da aplicação de comunicação Whatsapp vão passar a ter as suas mensagens, fotos, vídeos e até telefonemas encriptados. O The Daily Telegraph explica o que significa isto.
[/one_half] [one_fourth_last]ROSTO
São mais de 300 os rostos que o logótipo do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação representa. Uma investigação à escala global que demonstra que é necessário muito trabalho e profissionalismo para deslindar os esquemas que os mais ricos usam para esconder o seu dinheiro. A investigação de todos estes profissionais demonstrou que o jornalismo de investigação ainda está vivo e que pode fazer muito pelo garante da verdade e da transparência que são pilares de qualquer estado verdadeiramente livre.
FRASE
“Quando as grandes empresas aproveitam os vazios legais [para fugir aos impostos], quem sofre as consequências são as famílias”
Barack Obama criticou fortemente os que utilizam engenhos financeiros para fugir às suas obrigações fiscais. Num comentário à investigação jornalística The Panama Papers o presidente norte-americano apontou o dedo a todos os governos que são cúmplices dos paraísos fiscais.
“À medida que avança a campanha pelo referendo fica cada vez mais claro que os que defendem a saída da Europa estão a convidar os britânicos a tomar uma decisão insólita, que é a de sermos a primeira economia da história que elege de forma deliberada uma relação comercial mais restritiva, de segunda categoria, com um mercado maior”
David Cameron faz campanha pelo não ao Brexit num artigo publicado no The Daily Telegraph
“A segurança e privacidade dos nossos utilizadores está no nosso ADN”
Em nota oficial os responsáveis pela aplicação de comunicação Whatsapp, justificam a utilização de encriptação dos conteúdos que os seus clientes partilham.
NÚMERO
1.634
Este é o número de pessoas que terão sido vítimas de pena de morte em 2015. De acordo com dados da Amnistia Internacional este valor representa um aumento de 50% face ao ano anterior. Embora mais de metade dos países do mundo já tenham deixado de permitir a pena capital, este aumento é o maior dos últimos 26 anos. O Irão (977 execuções), o Paquistão (mais de 320) e a Arábia Saudita (178) são os grandes responsáveis pelo engrossar desta lista, da qual a China não faz parte por não revelar os seus dados sendo, muito provavelmente, a líder deste score.
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