Bom dia seja bem vindo a mais uma Newsletter semanal do W360.PT,
Estamos cada vez mais próximos do dia em que vamos saber quem é que vai ocupar o lugar de Obama em Janeiro do próximo ano e à medida que nos aproximamos desse dia parece cada vez mais claro que a seguir ao primeiro presidente negro, os Estados Unidos vão ter a primeira presidente mulher. Quem o diz são as sondagens que dão uma vantagem de onze pontos à candidata democrata.
Ainda que as sondagens não fossem esclarecedoras, a postura que Donald Trump tem assumido nos últimos dias parece não deixar margens para dúvidas. O candidato republicano começou a questionar a legitimidade das eleições, afirmando mesmo que se tratavam de uma fraude. Mais uma vez Trump atirou as atoardas para o ar, mas não foi capaz de as fundamentar.
O segundo grande tema da semana é a ofensiva em Mossul em larga escala para tentar retirar ao Estado Islâmico o seu grande bastião. O ataque é apoiado pelos Estados Unidos nas ofensivas aéreas e as boots on the ground estão a cargo das forças iraquianas e dos peshmerga curdos.
Todo este processo começou na madrugada da passada segunda feira, quando o primeiro-ministro do Iraque anunciou a “hora zero”. Nos dias seguintes Haider al-Abadi mostrou-se satisfeito com o avanço das operações, garantindo que o processo pode ser lento, mas que está a ser mais rápido do que o esperado.
Entretanto a ONU mostrou-se preocupada com os cerca de 700 mil civis que ainda deverão estar na cidade e criou uma série de infraestruturas para os acolher nas redondezas de Mossul. As notícias que nos foram chegando davam conta de pelo menos 900 pessoas que já teriam conseguido fugir.
O anúncio da ofensiva aconteceu depois da tomada de Dabiq pelas forças iraquianas. Embora esta não seja uma vila de grande importância estratégica, tem uma grande importância simbólica para o Daesh uma vez que os teóricos radicais situam alí o Armagedão Muçulmano, ou seja, a luta entre as forças do bem e do mal, leia-se dos extremistas islâmicos e dos cruzados.
Lembra-se da tensão entre Rússia e Estados Unidos a que na semana passada démos destaque? Nesta semana houve mais um episódio não muito amplificado, pelo menos por cá. O banco NatWest, da Royal Bank of Scotland, congelou as contas da Russia Today, uma televisão próxima do regime de Putin e tida como arma de propaganda no ocidente. Da parte do banco não houve grandes justificações, da parte da televisão russa já se fala em ataque à “liberdade de expressão”.
Julian Assange está sem internet no equador. Porquê? Porque estará a tentar interferir nas eleições norte-americanas. E quem lhe cortou o acesso? O próprio governo equatoriano que veio fazer saber que não se intromete no assuntos de outros países. A realidade é que a Wikiliaks está a ter um papel importante nas eleições de 8 de novembro, uma vez que tem dado armas a Trump para combater a sua rival Hillary Clinton ao revelar as mensagens que a antiga senadora tinha na sua conta privada de email.
O Qatar foi o país escolhido para afegãos e talibãs se reunirem e tentarem chegar a um entendimento que não tinha sido conseguido quando há três anos o processo de paz mediado pelo Paquistão se revelou um fracasso. A notícia é avançada pelo britânico The Guardian que cita fontes de ambos os lados da questão e que revela ainda que no encontro terá estado presente um diplomata norte-americano.
Para quem pensava que Duterte só conseguia cavar buracos e cultivar afastamentos, esta semana foi importante para pensar diferente. O presidente filipino continua a sua missão de virar a política externa do país e, nesse sentido, foi recebido na China por Xi Jinping que qualificou o encontro como “um marco verdadeiramente importante nas relações sino-filipinas”. Esta ponte criada por Duterte é, de facto, histórica uma vez que as divergências em torno do Mar do Sul da China levaram estes dois países a posicionarem-se de forma antagónica.
No Brasil esta foi mais uma semana para acrescentar episódios à telenovela em que está transformada a política daquele país. Eduardo Cunha, antigo presidente do Parlamento Brasileiro e principal responsável pelo afastamento de Dilma Rousseff, foi preso. Qual o motivo? É mesmo preciso dizer?…
As negociações pelo fim do conflito na Ucrânia estão paradas há um ano e Angela Merkel achou que era a altura ideal para convidar os líderes russo, francês e ucraniano para discutir aquela situação que se arrasta sem fim à vista. “Não se conseguiu nenhum milagre”, disse a chanceler alemã, acrescentando que o recomeçar das conversações é importante para “não perder o momento”.
A Newsletter fica por aqui, mas não se esqueça de passar os olhos pelo rosto da semana, as frases, os números e os imperdíveis. Volto de hoje a oito dias!
FRASES
“A recuperação da economia global continua frágil. O comércio global e os investimentos caíram. Os preços dos bens de consumo oscilam. Os problemas subjacentes, que podem desencadear uma crise financeira global, não foram resolvidos”
Xi Jinping, presidente Chinês durante a Oitava Cimeira dos chefes de Estado ou de Governo do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS)
“a pior atitude seria contestar a escolha [dos eleitores britânicos] ou questionar as próprias fundações da União Europeia. É preciso levar até ao fim as negociações, mantendo os princípios da União Europeia, nomeadamente no que diz respeito à liberdade de movimento”
François Hollande afirmando que o Brexit não pode pôr em causa a liberdade de movimento na Europa
“Hoje, a guerra contra o terrorismo deve ser um esforço conjunto. Não é apenas uma luta da Rússia É para todos. Devemos unir-nos para derrotar este mal. E a esta guerra eu chamo guerra santa”
Kirill, Chefe da Igreja Ortodoxa Russa, apelando à “guerra santa” contra o terrorismo.
“Na minha opinião… a castração química, se aplicada de forma consistente, irá reduzir os crimes sexuais e com tempo acabar por erradicá-los”
Joko Widodo, Presidente Indonésio justificando a lei da castração química para pedófilos aplicada no seu país
“Na verdade, Donald Trump nunca quis ser Presidente dos Estados Unidos. Eu sei isso como um facto”
Michael Moore, realizador de documentários
“Qualquer reclamação relacionada com o processo [eleitoral norte-americano] deve ser tratada através dos meios constitucionais e legais estabelecidos”
Porta-voz da ONU, em resposta às dúvidas sobre a legitimidade das eleições americanas levantadas por Donald Trump
“O governo está empenhado em manter a ordem, em estabilizar a segurança e fazer justiça aplicando as leis prescritas por Alá… independentemente de quem viole a santidade de civis”
Muhammad bin Nayef, ministro do interior da Arábia Saudita justificando a aplicação da pena de morte a Turki bin Saud al-Kabir, membro da família real. O príncipe terá sido condenado à pena capital pela morte de um amigo em 2012, na sequência de uma luta. A existência destes casos no seio da família real é raríssima, mas não inédita.
ROSTOS
Pouco depois de ter sido rosto da semana a par de Juncker pelos piores motivos (a rasteira a António Guterres), esta semana a chanceler alemã, Angela Merkel, merece ser destacada pelo esforço que fez ao reunir os líderes russo, ucraniano e francês com o objetivo de encontrar uma solução para o conflito na Ucrânia.
NÚMEROS
100
Número de refugiados menores que terá chegado ao Reino Unido e que são provenientes da Selva de Calais
IMPERDÍVEIS
Para os imperdíveis desta semana selecionamos uma entrevista de um dos poucos jornalistas que conseguiu falar com a direção do grupo extremista espanhol ETA; olhamos ainda para o peso das decisões ou do local de nascimento das mulheres no traçar das suas vidas; e percebemos quem ganhou o último debate presidencial dos Estados Unidos se o debate tiver sido só visto ou só ouvido.