Bom dia, sejam bem vindos a mais uma Newsletter semanal do W360.PT.
Quem viu a eleição sem espinhas de António Guterres para secretário-geral das Nações Unidas não pode acreditar que o mundo está num momento de alta tensão entre as duas grandes potências militares.
Comecemos pela visita que Putin deveria ter feito a França, mas que acabou por adiar “para quando o presidente Hollande se sentir mais confortável”. Esta visita esteve debaixo de grande tensão porque o presidente francês – tal como outros países – está desconfiado que foram cometidos crimes de guerra na Síria e queria que o encontro servisse para discutir o tema. Putin não gostou e o Kremlin anunciou que o presidente russo já não estaria em França.
De acordo com o britânico Daily Mail foram dadas instruções aos oficiais russos que estão no exterior para voltarem para o país porque está iminente uma nova guerra global.
E como quando a tensão sobe o que não falta são interessados em mandar mais achas para a fogueira, Vladimir Zhirinovsky, ultranacionalista e aliado de Putin veio dizer que ou os americanos escolhem Trump nas próximas eleições, ou escolhem a guerra.
O clima é complexo e os episódios sucedem-se. Também esta semana o presidente americano veio acusar a rússia de tentativa de sabotagem das eleições de oito de novembro. Obama acusou ainda formalmente a Rússia de ataques informáticos depois de serem conhecidos os emails da candidata democrata Hillary Clinton.
Para terminar a semana, mas não para enterrar este assunto, Putin afirmou que os ocidentais são os grandes responsáveis pelo estado atual do médio oriente.
Ainda na Síria, e um dia depois do cancelamento da visita de Putin a França, a Síria viu serem intensificados os ataques a Alepo. Em entrevista, o presidente Bashar al Assad veio dizer que vai continuar a “limpar a cidade” até que os “terroritas” voltem para a Turquia, “de onde vieram”, ou morram. Assad acredita também que Alepo pode servir de trampolim para “limpar” outras zonas controladas por “terroristas”.
Tendo em conta esta malha António Guterres deu a sua primeira entrevista enquanto secretário-geral da ONU eleito dizendo que a Síria é a sua principal preocupação.
No Iémen a instabilidade continua e durante esta semana um navio de guerra norte-americano foi alvo de mísseis provenientes de uma zona controlada pelo grupo político armado Houthi. Não se sabe se a intenção era atingir o navio (que não sofreu quaisquer danos), mas é o segundo incidente deste género. O primeiro visou uma embarcação dos Emirados Árabes Unidos.
Na Colômbia a semana ficou marcada por manifestações em que participaram milhares de pessoas em favor do acordo de paz com as FARC e Juan Manuel Santos conseguiu comprar mais tempo para negociar o acordo, ao alcançar um cessar-fogo que vai durar até ao final do ano.
Na Europa o tema “Reino Unido” continua a dar que falar e o destaque desta semana vai para as declarações do Presidente do Conselho Europeu que garantiu que ou há “Hard Brexit” ou não há Brexit. Donald Tusk quis com isto dizer que ou o Reino Unido aceita a livre circulação de pessoas ou não tem acesso ao mercado único.
Nos Estados Unidos esta foi também uma semana importante para a caminha rumo à Casa Branca. O segundo debate que opôs Clinton a Trump foi dominado pelos ataques pessoais. Clinton não perdeu a oportunidade de usar o o video em que Trump surge a falar de uma mulher em tom machista, e Trump voltou a recorrer aos emails que Clinton trocou a partir de um servidor privado e que terá apagado depois de uma intimação judicial.
A Newsletter desta semana fica por aqui, volto na próxima.
FRASES
“Ele é tão descaradamente estúpido, aldrabão, porco, um artista da mentira, que não sabe do que fala e que goza com a sociedade”.
Robert de Niro sobre Donald Trump
“Nunca desistirei da corrida eleitoral, nunca abandonarei os meus apoiantes”
Donald Trump depois de perder vários apoios da sua candidatura
“Eu penso que o mundo atingiu um ponto perigoso (…) “Eu quero afirmar que isto tem de parar. Nós precisamos de renovar o diálogo. A paragem foi o maior dos erros”
Mikhail Gorbachev, antigo líder da União Soviética
“Precisamos de usar os nossos ativos diplomáticos e os ativos mais tradicionais dos serviços de informação para pressionar os governos do Qatar e da Arábia Saudita, que estão a garantir apoio financeiro e logístico clandestino ao ISIL e a outros grupos radicais sunitas na região”
Hillary Clinton num email divulgado pela Wikileaks
“O que eu vi com os meus olhos ontem precisará de um grande esforço de reconstrução”
Jocelerme Privet, presidente interino do Haiti anunciando o estado de emergência do país por causa da passagem do furacão Matthew. Privet esclarece ainda que a população corre risco de fome.
“É preciso continuar a limpar esta área e a empurrar os terroristas para a Turquia para que regressem para lá, de onde vieram, ou para os matar. Não existe outra opção. Alepo vai ser um importante trampolim para conseguir isto.”
Bashar al Assad sobre a intensificação dos bombardeamentos em Alepo.
“Acredito que a prioridade da comunidade internacional é ser capaz de acabar com o conflito na Síria”
António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas eleito em entrevista à BBC
“Se for eleito, vou pedir ao procurador-geral para nomear um procurador especial que investigue a sua situação. Porque nunca houve tantas mentiras, tantas falsidades, nada como o que se está a passar agora. As pessoas deste país estão furiosas, pessoas que trabalham há muitos anos no FBI estão furiosas”
Donald Trump, dirigindo-se a Hillary Clinton no último debate presidencial
“Não são apenas as mulheres ou este vídeo que levantam questões sobre as capacidades de Trump para ser presidente. Ele ataca igualmente os imigrantes, os afro-americanos, os latinos, os deficientes, os prisioneiros de guerra, os muçulmanos e muitos outros. Esse é o verdadeiro Donald Trump”
Hillary Clinton sobre Trump durante o último debate presidencial
ROSTOS
Obama e Putin são os rostos desta semana pelo endurecimento do discurso que faz parecer que o mundo voltou à Guerra Fria.
NÚMEROS
918,3
milhões de pessoas viajaram de avião no ano de 2015 na União Europeia de acordo com o Eurostat
11.662.500
este será o número de hectares ocupados por um gigantesco muro que será construído desde a Mauritânia até Djibouti. O objetivo deste projeto integralmente contituido por árvores é travar o avanço do deserto do Sahara, melhorar a gestão dos recursos naturais e combater a pobreza.
IMPERDÍVEIS
Nos imperdíveis destas semana damos-lhe a conhecer o gigantesco muro de árvores que quer acabar com o avanço do Sahara; o apoio de Michelle Obama a Clinton e a reportagem especial da Euronews sobre a mutilação genital feminina que já afeta 200 milhões de mulheres