Lunáticos próximos do poder, ditadores no poder, demissões e terrorismo. Uma semana normal

nº 007

PUB

[one_fourth]

Diogo Pereirapor Diogo Pereira
diogopereira@w360.pt
[wp-svg-icons icon=”twitter” wrap=”i”]

nº 007

[/one_fourth] [one_half]

BANNER NL

Bom dia, seja bem vindo a mais uma Newsletter semanal do W360.PT.

Lembra-se quando o jornalista alemão Thomas Fischermann comparou a crise política do Brasil à série americana “House of Cards”? Pois bem, parece que tinha razão. A guerra dos “coxinhas” e dos “petralhas” bem podia dar para fazer dezenas de episódios – em mais do que uma temporada – tais são os desenvolvimentos que têm surgido.

Esta semana foi outro dos protagonistas a assumir um novo papel. Eduardo Cunha, o anfitrião do impeachment foi afastado do cargo pelo Supremo Tribunal Federal. O presidente da Câmara dos Deputados parece estar envolvido em casos de corrupção até à ponta dos cabelos e talvez já não consiga assumir o cargo de vice-presidente de um futuro governo de Michel Temer que lhe daria imunidade.

Dilma regozija com esta notícia e contra ataca com uma proposta de antecipação das eleições presidenciais.

Em Angola, Luaty Beirão, condenado a uma pena efetiva de prisão por colocar em causa o regime de José Eduardo dos Santos entrou em nova greve de fome. Em causa está a sua transferência do estabelecimento prisional de Viana para o hospital-prisão de São Paulo, onde teria melhores condições de permanência. O ativista luso-angolano não aceita ter melhores condições que os outros reclusos angolanos.

PUB

A esta notícia, soma-se um relatório publicado pela Human Right Watch que dá conta das condições degradantes das cadeias angolanas. “Falta de água potável, sobrelotação das celas e violência” são alguns dos problemas identificados.

Na passada terça-feira foi dia de liberdade de imprensa, e os números nesta área não parecem animadores. De acordo com um relatório apresentado pelos Jornalistas Sem Fronteiras e pela Amnistia Internacional o jornalismo livre tem vindo a decair por causa da luta contra o terrorismo que serve de álibi para que os líderes tentem controlar a liberdade de imprensa.

Continuando no tema do terrorismo: lembra-se da vitória que o regime de Assad teve quando recuperou a cidade de Palmira? Parece que não foi um vitória muito inesperada, pelo menos para o ditador Sírio.

De acordo com documentos a que a Sky News teve acesso, o Estado Islâmico e o governo sírio cooperam à largos anos definindo posições militares e partilhando informações e recursos energéticos.

E em Alepo – outra vez em Alepo – terão morrido cerca de 40 pessoas em mais um combate entre rebeldes e as forças do regime sírio de Assad. Mas parece que a alta tensão em Alepo vai terminar, pelo menos é a intenção de Bashar al-Assad que prometeu aplicar um “regime de calma” naquela cidade do norte do país depois de ser pressionado pelos EUA e a Rússia nas negociações de Genebra.

Por cá a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) continua envolta em secretismo e até há já quem diga que está a ameaçar a democracia. Com estrondo, François Hollande ameaçou chumbar o acordo de livre comércio entre a Europa e os EUA e o representante francês abandonou as negociações. Fica a pergunta: se isto é assim tão bom porque é que ninguém quer falar?

Na semana passada coloquei Donald Trump como rosto da semana. Estava a levar a melhor nas eleições primárias do seu partido e estava a deixar muita gente furiosa. Agora Trump volta para o topo porque afastou o seu principal adversário e – muito provavelmente, embora no Partido Republicano seja difícil definir democracia – será ele a disputar as eleições presidenciais de novembro com Clinton ou Sanders.

As notícias desta semana parecem um constante recurso à memória. Vamos fazer um novo exercício? Joshua Wong, diz-lhe alguma coisa? E se lhe falar na revolução dos chapéus de chuva?

Joshua Wong, um dos líderes do movimento “Occupy Central” começou esta semana a ser julgado juntamente com outros três ativistas por obstrução à justiça durante os protestos de Hong Kong.

Aqui mais perto, parece que a passagem de turcos para a Europa vai ficar facilitada. A União Europeia está cada vez mais perto da tão desejada (pelos turcos) isenção de vistos. Depois de a Turquia ter aprovado à pressa uma série de leis para cumprir o famoso acordo de devolução de refugiados, a UE afirmou que a Turquia está no bom caminho. Na realidade a Europa está com a corda no pescoço, porque se não ceder pode pôr em causa o acordo de março que prevê que os refugiados que cheguem às fronteiras gregas ou italianas sejam deportados para a Turquia.

E como é com dinheiro que se resolvem os problemas dos refugiados (pelo menos assim pensam os líderes europeus), uma nova proposta da UE veio sugerir que os estados-membros paguem uma “contribuição solidária” de €250 mil por cada migrante recusado.

Na Coreia do Norte começou ontem o histórico congresso do Partido dos Trabalhadores. Já não acontecia há 40 anos. Será que alguma coisa vai mudar? Claro que não!

[/one_half] [one_fourth_last]

ROSTO

trump

Donald Trump tem que voltar para o topo pela segunda semana seguida. Embora as regras do Partido Republicano não sejam claras, parece já evidente que será ele a disputar as eleições presidenciais. Até Obama já faz campanha contra ele (por Clinton, claro.)

FRASES

“Sem dúvida, sou o presidente mais atacado do planeta pelos Estados Unidos (…) Eu amo a paz, mas se a oligarquia algum dia disser algo contra mim e conseguir tomar este palácio – por uma via ou por outra – ordeno-vos a vocês, homens da classe operária, que se declarem em rebelião e que façam uma greve geral por tempo indeterminado até se alcançar a vitória.”

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, a incitar a população a revoltar-se contra os partidos da oposição que pediram um referendo para saberem se os venezuelanos querem que o mandato do presidente chegue ao fim.

NÚMERO

62%

De acordo com sondagens publicadas pela imprensa, 62% dos brasileiros estão descontentes com o processo de destituição da presidente. Este terá sido o dado mais relevante na tomada de decisão de Dilma para sugerir uma antecipação das eleições presidenciais.

[/one_fourth_last]
Encontrou algum erro ou informação desatualizada? Sugira uma correção ao autor: diogopereira@w360.pt
Artigos Sugeridos