As voltas que o Reino dá

nº 008

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Diogo Pereirapor Diogo Pereira
diogopereira@w360.pt
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nº 008

[/one_fourth] [one_half] Bom dia, seja bem vindo a mais uma Newsltter do W360.PT.

Nunca como agora o projeto europeu esteve tão volátil. São anos e anos de paz, harmonia e cooperação de povos que antes eram inimigos e que durante mais de 60 anos passaram a ser irmãos. Estará em causa a nossa liberdade e prosperidade?

Talvez ninguém consiga responder para já a esta pergunta, mas o resultado do referendo britânico e as reações que lhe sucederam mostram, cada vez mais, que esta Europa não tem rumo. Foram as reuniões com apenas 6 ministros dos negócios estrangeiros (somos 27 estados!), foram as palavras inflamadas de Juncker para Farage e foram ainda as famosas sanções por incumprimento de défice a Portugal e Espanha.

Continuamos sem conseguir responder à pergunta, mas estamos cada vez mais próximos da resposta. E se lermos o artigo de opinião de George Soros acho que temos uma resposta quase definitiva.

Vamos então às notícias desta semana e comecemos, pois claro, pela União Europeia e pela montanha russa que tem sido a Libra britânica. É uma montanha russa daquelas que sobe calmamente até encontrar um ponto de viragem. É nessa fase que estamos, desde a manha de 24 de junho (dia posterior ao referendo britânico). A Libra desce ferozmente sem se saber onde vai parar. Nem as declarações do ministro das finanças, George Osborne, que garantiu que o país estaria preparado para fazer face às perdas causadas pelo brexit deixaram os mercados tranquilos.

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Mas não foi só a moeda que caiu. Também Boris Johnson deu um trambolhão memorável depois de ter sido rasteirado por Michael Gove, o ministro da justiça de Cameron que decidiu candidatar-se ao lugar de líder dos conservadores de forma inesperada. O lider conservador da campanha pela saída do brexit e e antigo mayor de Londres arruma assim as botas (no dia em que Gove anunciou a sua candidatura, Johnson apressou-se a dizer que já não estava disponível para o cargo) e deixa campo aberto para cinco candidaturas (para já!): Theresa May, ministra do interior do governo de Cameron; Michael Gove, ministro da justiça; Stephen Crabb, figura em ascendência dentro do Partido Conservador e ministro do trabalho; Liam Fox que concorrer pela segunda vez à liderança do partido e Andrea Leadsom, secretária de estado da energia.

O Reino Unido e a União Europeia são o centro das atenções dos últimos dias. E não é para menos. Se por um lado Cameron convovou um referendo para ganhar as eleições e foi um referendo que lhe roubou o lugar, do lado dos trabalhistas as coisas não estão melhores. Jeremy Corbyn ouviu o ainda primeiro minstro pedir que abandonasse o cargo depois de 172 deputados trabalhistas, contra apenas 40, terem votado favoravelmente uma moção de desconfiança que pede o afastamento do líder do Partido Trabalhista. Mesmo com uma esmagadora maioria de deputados contra si, Corbyn já veio dizer que não se demite.

No seio da União Donald Tusk veio falar em nome dos líderes europeus e veio para dizer que se o Reino Unido quer ter acesso ao mercado comum, tem que aceitar a liberdade de circulação. Hollande reiterou e Merkel acrescentou: “não vejo nenhuma maneira de reverter isto.”

Opinião diferente parece ter John Kerry. O Secretário de Estado dos Estados Unidos chamou a atenção para a possibilidade de o Brexit nunca vir a acontecer.

No final da semana o que conta é que o Parlamento Europeu aprovou uma moção que pede ao Reino Unido a invocação do artigo 50 do Tratado de Lisboa que inicia as formalidades para o abandono de um estado da União Europeia. Enquanto isso não acontecer “não haverá qualquer tipo de negociação” com terras de sua majestade.

A Europa parece existir apenas do Canal da Mancha para cima, mas não é verdade. Também mais a sul há novidades. Ou talvez não…

Em Espanha tudo na mesma. O PP ganhou, o PSOE ficou em segundo, o Podemos em terceiro e o Ciudadanos em quarto. Ainda assim o partido de Rajoy foi um vencedor claro, uma vez que foi o único que conseguiu ampliar o número de deputados e terá a primeira palavra a dizer na hora de formar governo.

O PSOE acabou por ter uma noite mais tranquila do que ao início se esperava. Não ganhou, é certo, mas também não se concretizaram as sondagens que o apontavam atrás do Podemos. Estes sim, os grandes derrotados.

Pablo Iglésias tinha grandes aspirações, mas não foi desta. Não conseguirá ser chamado a formar governo no caso de o PP não se entender com ninguém.

Ainda na União (ou desunião) Europeia, continuamos a bater no fundo. Depois de termos limpado o suor da testa, relaxado os ombros e respirado de alívio quando Norbert Hofer perdeu as eleições austríacas por uma unha negra, eis que este ultra-nacionalista xenófobo conseguiu que as eleições sejam repetidas. Será que os Austríacos vão mudar de ideias?

A semana fica ainda marcada pelo ataque terrorista levado a cabo no terceiro aeroporto mais movimentado da Europa. Foram três os bombistas que provocaram duas explosões e vários tiros que provocaram a morte de mais de 40 pessoas. Os feridos ascendem a 250. O ataque não foi reivindicado, mas tanto o Primeiro-ministro turco como a CIA desconfiam que o Estado Islâmico possa estar envolvido.

 

Do médio oriente chegam-nos notícias relacionadas com o tráfico de armas americanas na Jordânia. De acordo com as autoridades Americanas e Jordanas, as armas que os Estados Unidos estão a enviar para os rebeldes Sírios combaterem o regime de Assad, estão a ser roubadas por operacionais da agência secreta jordana e estão a ser vendidas no mercado negro a várias tribos rurais da Jordânia e redes criminosas.

Israel e Turquia vão retomar as relações diplomáticas que haviam sido interrompidas há seis anos, quando nove ativistas turcos que integravam a flotilha da liberdade Mavi Marmara foram mortos por comandos navais israelitas durante uma viagem do navio até à costa de Gaza, em 2010, para entrega de ajuda humanitária. Para esta reconciliação se concretizar, teve muita importância a indemnização de 20 milhões de dólares que Israel pagou às famílias das vítimas.

O Papa voltou a tocar num tema que durante muitos anos foi tabu no seio da Igreja Católica. Francisco, depois de uma viagem à Arménia, disse aos jornalistas que a Igreja não tem o direito de marginalizar os homossexuais, afirmando mesmo que deve pedir desculpa aos gays.

E se o Brasil achava que não podia ter mais problemas, eis que surge um novo e, não sendo político, pode ser muito grave. O feijão, o principal alimento de milhões de brasileiros, principalmente os mais pobres, está a escacear e os preços estão elevadíssimos. Por causa das condições climatéricas grande parte da colheita deste ano foi perdida e como há mais procura do que oferta os preços dispararam.

Para reverter uma situação que pode ser dramática, o presidente Michel Temmer já autorizou a importação do produto de países vizinhos.

Ainda no Brasil, não é garantido que os Jogos olímpicos sejam um sucesso. Podem, inclusivamente “ser um fracasso”, alerta Francisco Dornelles, governador do Rio de Janeiro. Em causa estão os atrasos nas obras que podem transformar a cidade num autêntico caos nos dias de competição.

A UNICEF lançou ainda nesta semana um ralatório devastador. De acordo com a organização não-governamental há 69 milhões de crianças em risco de morrer antes dos cinco anos de idade até 2030. O sítio onde se nasce continua a ser a “principal causa de morte”.

Falemos agora de Angola. Não por ser um dos países onde ser criança é mais perigoso, mas porque o presidente do país desistiu do pedido de financiamento ao FMI. José Eduardo dos Santos já não quer dinheiro, mas quer manter uma relação próxima com aquela instituição mantendo aconselhamento periódico.

Nas Filipinas tomou posse um novo presidente que promete mão dura, desde logo a começar pelo regresso da pena de morte.

 

Por agora estão feitos os destaques da semana. Continue a acompanhar-nos e aceda a uma nova Newsletter no próximo fim de semana.

 

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ROSTO

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Mariano Rajoy foi o grande vencedor das eleições espanholas do passado domingo. É certo que não tem maioria absoluta e que vai ter que fazer acordos para conseguir governar, mas também é certo que o PP foi o único partido a aumentar o número de deputados no parlamento.

FRASES

“Não haverá um mercado comum ‘à la carte'”

Donlad Tusk, presidente do Conselho Europeu deixando claro que para ter acesso ao mercado comum, o Reino Unido tem que aceitar a livre circulação.

“Há 17 anos riram-se quando disse que o Reino Unido ia sair da União Europeia. Agora não estão a rir-se.”

Nigel Farage, eurodeputado e líder do partido nacionalista UKIP, dirigindo-se aos deputados do parlamento europeu na primeira sessão depois do brexit.

“Pelo amor de Deus, homem, vá-se embora!”

David Cameron para Jeremy Corbyn, o líder trabalhista que viu uma moção de desconfiança apoiada por 172 deputados do seu partido.

“Se o Reino Unido sai, a Escócia sai.”

Mariano Rajoy depois de Jean-Claude Juncker dizer que a Escócia tinha ganho o direito a ser ouvida. O primeiro-ministro espanhol afasta a ideia daquele país se manter na UE depois de o Reino Unido sair porque isso pode dar ideias aos independentistas da Catalunha.

“Vou repetir que o catecismo da Igreja diz que eles [homossexuais] não devem ser discriminados, que devem ser respeitados e acompanhados pastoralmente.”

Papa Francisco, em declarações aos jornalistas a bordo do avião que o transportava para Roma depois de uma viagem à Arménia. Francisco defendeu que a Igreja deve pedir desculpa aos gays.

NÚMERO

27

Foi o número de cadetes que morreram num atentado provocado por dois bombistas suicidas. Os autores do ataque eram talibãs e as vítimas eram cadetes da polícia afegã recém formados. Seguim em três autocarros, em Cabul.

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