A estratégia de Erdogan

013

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Diogo Pereirapor Diogo Pereira
diogopereira@w360.pt
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nº 013


FRASES

“Estou preocupado que se torne cada vez mais difícil para mim cumprir os meus deveres como Imperador simbólico”

Imperador Akihito, imperador do Japão num discurso algo vago em que deixa em aberto a possibilidade de abdicar do cargo que, embora simbólico, pode mudar a face do país.

“A resposta das forças de segurança foi pesada, mas não surpreendente. As forças etíopes têm sistematicamente usado força excessiva nas suas tentativas mal sucedidas para silenciar vozes dissidentes”

Disse Michelle Kagari, vice-diretora regional da Amnistia Internacional para a África Oriental, Corno de África e região dos Grandes Lagos, depois de serem conhecidos os números que davam conta de 104 mortos em manifestações anti-governo.

“Hillary quer essencialmente abolir a 2ª emenda. E já agora, se ela puder escolher os juízes [do Supremo], não haverá nada que vocês possam fazer, amigos (…) Talvez as pessoas da 2.ª emenda [possam]. Talvez, não sei.”

Donald Trump, numa declaração que muitos consideraram incitamento à violência contra a candidata democrata, que acusou de querer abolir a permissão de uso de armas nos EUA, definida na segunda emenda.

“O Daesh está a honrar o Presidente Obama. Ele é o fundador do grupo radical islâmico e posso dizer que a co-fundadora é Hillary Clinton”

Donald Trump em mais uma declaração inflamada na campanha americana

“Eu acredito por várias razões que Trump vai vencer as eleições em novembro, mas não vale a pena referi-las. Agora, se Trump vencer será uma oportunidade real para as pessoas como os supremacistas brancos”

Rocky Suhayda, líder do partido nazi americano na mesma intervenção em que declara apoio a Trump

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“Só uma mudança imediata de todos os recursos disponíveis do Comité Nacional Republicano para [apoiar] lugares vulneráveis do Senado e da Câmara dos Representantes evitarão que [o partido] asfixie com a corda de Trump no pescoço”

Comunicado assinado por 70 personalidades influentes do Partido Republicano em que se pede à direção do partido para retirar o financiamento à candidatura de Trump

“Peço que uma comissão internacional independente investigue esta tentativa de golpe de Estado. Se uma décima parte das acusações contra mim for demonstrada, comprometo-me a regressar à Turquia e a receber a pena mais dura”

Fethullah Gulen, pregador islamita acusa por Erdogan de ter orquestrado o golpe de estado falhado.

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Começamos pelo Reino Unido que tem boots on the ground na Síria. Quem o diz é a BBC, sustentada por fotografias tiradas pelo seu correspondente na Jordânia. O governo não admitiu esta participação militar, afirmando que o país apenas está envolvido com a coligação internacional – liderada pelos EUA – que tem atacado posições do Estado Islâmico apenas com recurso a meios aéreos.

As relações diplomáticas entre a Turquia e a União Europeia estão cada vez mais frias. Prova disso são as constantes trocas de acusações que podem levar a um cancelamento do acordo de março ao abrigo do qual a União Europeia troca com a Turquia dinheiro por refugiados.

Esta semana escreveu-se mais uma página nesta história com a visita de Erdogan a S. Petersburgo para se encontrar com o seu eterno “amigo” – foi mesmo ele que lhe chamou amigo – Vladimir Putin. Esta amizade parecia estar azedada quando a Força Aérea turca abateu um caça russo na fronteira com a Síria, mas as divergências parecem estar superadas.

Piores parecem estar as relações de Erdogan com Obama, a quem já pediu que extraditasse Fethullah Gülen, o líder islamita que é acusado pelo Governo da Turquia de ter orquestrado o golpe de estado falhado.

E na Crimeia a poeira parecia ter assentado, mas há novas movimentações. A Rússia, com base nos seus serviços secretos veio informar que desmantelou uma rede de espiões ucranianos na Crimeia, o primeiro-ministro ucraniano já disse que estas afirmações são “absurdas” e que a Rússia está à procura de um pretexto para iniciar um novo conflito. Entretanto a Rússia instalou sofisticados sistemas de defesa anti-misseis na Crimeia.

As relações entre Cuba e Estados Unidos parecem estar a esfriar. Depois de vermos a imagem inédita do Air Force One a aterrar em Havana e os presidentes dos dois países a assistirem a uma partida de basebol, voltaram as acusações. O governo cubano revelou esta semana um comunicado em que acusa os EUA de encorajarem milhares de cubanos a fazerem travessias perigosas do Atlântico para chegarem aos EUA. Em causa está uma lei do período de guerra fria – o Cuban Adjustment Act -, ao abrigo da qual qualquer cubano que chegue à costa americana tem direito a entrar no país, ter acesso ao regime de segurança social e ainda poder candidatar-se a residência permanente nos EUA depois de um ano. O número de Cubanos que faz esta travessia terá aumentado nos últimos meses, porque o restabelcer de relações diplomáticas entre os dois países faz antever que estes privilégios venham a desaparecer.

Na campanha eleitoral que culminará com o escrutínio de 8 de novembro, Donald Trump mantém a estratégia de fazer manchetes diárias. Começou a semana a sugerir que aqueles que têm armas e não querem que Clinton ponha em causa esse direito fizessem alguma coisa para a travar. A meio da semana disse que Obama e Clinton eram os fundadores do Daesh. E se este tipo de declarações afasta muita gente (50 influentes republicanos tiraram o tapete a Trump e outros 70 querem acabar com o financiamento do Partido Republicano à sua candidatura), também é verdade que atraem muita gente: Trump acabou a semana a receber o apoio do partido nazi americano.

Ainda na América, mas um pouco mais para sul, o Brasil parece estar a superar todas as provas com a organização dos Jogos Olímpicos, para já sem grandes incidentes. Pior está Dilma Rousseff que viu o processo de impeachment avançar para julgamento, sendo que só depois de os Jogos Olímpicos terminarem se vai conhecer a deliberação que será votada pelos senadores. Esta votação vai finalmente decidir se Dilma é afastada ou continua no cargo.

Nas Filipinas o presidente continua a gerir o país com pulso e ferro. Nesta semana Rodrigo Duterte divulgou o nome de 159 juizes, políticos, polícias e militares que alegadamente estão envolvidos no tráfico de droga, dando-lhes 48 horas para se entregarem ou então serão perseguidos pelo exército. A chefe do Supremo Tribunal de Justiça, Lourdes Sereno veio qesutionar a separação de poderes e Duterte ripostou com a ameaça de restabelecer a lei marcial: “Preferem que decrete a lei marcial?”.

Na mesma semana Duterte chamou “gay filho da puta” ao embaixador dos EUA no país e levantou a possibilidade de transladar para o cemitério dos heróis o ex-ditador Marcos.

No Médio Oriente a batalha por Alepo continua em brasa. Depois de na semana passada as tropas do regime de Assad terem avançado no terrono, os rebeldes conseguiram recurar algumas posições. Neste momento o Hezbollah está a dar uma preciosa ajuda a combater os rebeldes que não parecem querer desistir.

Vontando agora à Europa, as preocupações com o perigo que as centrais nucleares representam parecem estar a aumentar. Esta semana ficámos a conhecer a ação levada a cabo pelo governo da região mais populosa da Alemanha: comprar mais de 20 milhões de comprimidos de iodo para atenuar uma possível catástrofe nuclear. A Renânia do Norte está com medo que as centrais belgas de Doel e Tihange venham a ter problemas graves uma vez que o seu período de funcionamento já devia ter terminado e têm sido constantes os incidentes a envolver estes dois complexos que podem ser responsáveis por milhares de mortes no centro da Europa.

Por Portugal também este é um tema na ordem do dia. Veja aqui a reportagem sobre a central nuclerar de Almaraz, bem próxima da fronteira com Portugal, numa reportagem da portuguesa Renascença.

Despeço-me já, mas a Newsletter não fica por aqui. Passe os olhos pelo rosto, as frases, os números e os imperdíveis da semana.

Volto de hoje a oito dias.

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ROSTO

erdogan

O presidente da Turquia está a seguir um novo caminho. Depois do golpe de estado (que para muitos foi da sua prórpia autoria) Erdogan parece afastar-se da Europa e dos Estados Unidos e tenta uma perigosa aproximação à Rússia. Putin agradece, afinal de contas a Turquia e um importante ator internacional com ligações fortes à União Europeia (está em processo de adesão e tem um acordo sobre o acolhimento de refugiados) e aos EUA (é membro da NATO).

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NÚMEROS

46.500

Desde outubro de 2015 que já chegaram mais de 46.000 cubanos a território americano através de perigosas travessias do estreito da Florida. Havana acusa Washington de promover estas travessias, uma vez que mantém ativa uma lei do tempo da guerra fria que confere um estatuo especial aos Cubanos que alcancem a fronteira americana. Têm acesso à Segurança Social americana e, após um ano no país, acesso a residência permanente nos EUA. O aumento destas travessias pode estar relacionado com o restabelecer de relações entre EUA e Cuba, uma vez que é provável que este regime de exceção venha a ser levantado.

80%

Este é o número estimado de mulheres nigerianas que, quando chegam à Europa, entram no mundo da prostituição. Os dados são da Organização internacional da ONU para as Migrações. As mulheres são levadas da Líbia para os campos de refugiados italianos e, de lá, desaparecem sem deixar rasto.

27.424

Continua a limpeza de Erdogan. Desta vez foram mais de 27 mil professores a verem as suas licenças de exercício de atividade serem anuladas.

104

Terá sido este o número de mortes num protesto anti-governamental na Etiópia, um dos regimes mais repressivos em todo o continente africano.

IMPERDÍVEIS

Nos imperdíveis desta semana damos-lhe a conhecer um jogo de volei muito especial no Jogos Olímpicos, uma história sobre a (in)verdades de Trump e a suspeita de que Assange estará a trabalhar para o governo russo.

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