Bom dia, já pode ler a Newsletter desta semana,
Política, política e política. São estes os temas que dominaram a semana. Ah, e guerra, claro.
Não era previsível que acontecesse outra coisa: Dilma caiu oficialmente da cadeira de poder que a partir de agora passa a ser ocupada por um Michel Temer que parece significar o oposto da mulher que ele apoiou.
Mas vamos aos detalhes. Antes de ser destituída, Dilma Rousseff teve a oportunidade de falar à nação e ao mundo para dizer de sua justiça. Sabia que era o seu último discurso, mas não disse nada de novo e voltou a falar no golpe. Depois do discurso os senadores tiveram direito a interpelar a presidente suspensa, numa sessão que durou horas infinitas, à semelhança daquela em que Dilma viu ser-lhe aplicada a suspensão de funções, mas esta muito mais calma. Não houve confetis e a gritaria foi mais controlada.
Temer assumiu logo depois o cargo de presidente (até aqui era apenas interino) no qual deve ficar até ao final do ano de 2018.
A semana no Brasil não acabou sem Dilma receber apoio dos seus aliados sul americanos. Como? Países como Venezuela e Equador mandaram regressar as suas missões diplomáticas no país.
Continuando no âmbito político – e antes de irmos até Espanha – falamos agora dos EUA onde Hillary Clinton é constantemente abafada pela queda para escândalos de Trump.
A meio desta semana quando muitos abriram os jornais, devem ter pensado que estavam no suplemento do humor quando viram Donald Trump ao lado de Peña Nieto, o presidente do México. Foram só elogios e paninhos quentes. O candidato republicano parecia estar com o coração mole quando considerou o presidente mexicano um “amigo”, mas parece ter sido sol de pouca dura.
Depois de Peña Nieto ter desmentido Trump, que havia dito que o tema do muro que quer construir na fronteira com o México não tinha sido discutido, o milionário parece ter-se irritado e voltou a afirmar que os mexicanos vão pagar o muro a 100%.
Vamos então agora até Espanha que parece ter-se habituado aos governos de gestão e às eleições recorrentes. Em dezembro os espanhóis devem voltar a ser chamados às urnas uma vez que Rajoy falhou as duas oportunidades que tinha para ser empossado chefe de governo. A ver vamos se surge alguma alternativa – O Podemos já tentou a aproximação aos PSOE -, caso contrário pode não haver luz ao fundo do túnel.
Falando agora dos refugiados, olhemos para o caos de Calais, na fronteira de França com o Reino Unido (junto ao Canal da Mancha). Parece haver solução para a “selva de Calais”, de acordo com o ministro do interior francês. Ora Bernard Cazeneuve veio dizer que o governo vai começar a desmantelar o campo de forma gradual. Quanto aos refugiados, devem ser integrados em outras zonas do território francês e ainda não está fora de questão a possível integração de alguns deles em território britânico. Cazeneuve quer ter o problema resolvido antes do final de 2017 e nós cá estaremos para ver se consegue.
O britânico The Guardian avançou esta semana com um notícia na qual dá conta de um financiamento da ONU ao regime de Assad. A organização confirma a atribuição de cerca de 13 milhões de euros, e justifica que o objetivo é chegar às pessoas que precisam de ajuda e não há outra forma de prestar apoio humanitário sem seguir os ditames de Assad.
Ainda na Síria, falamos agora do Estado Islâmico que está podre por dentro, pelo menos é o que avançam documentos internos do grupo terrorista divulgados pela americana Daily Beast e conseguidos perto de Damasco por um grupo rebelde. Escândalos internos de apropriação indevida de fundos, fraude, lutas burocráticas e uma alegada infiltração de espiões anti-daesh estarão a corroer o grupo puritano que agora parece mais próximo das tentações.
Mas as notícias do Daesh não se ficam por aqui. O famoso porta-voz do grupo terroristas – que apelava a que os famosos lobos-solitários se insurgissem, com atentados terroristas, contra as populações de países ocidentais que combatem o Estado Islâmico – terá morrido, segundo avança fonte da organização terrorista.
Despeço-me já, mas não deixe de passar os olhos pelo rosto, as frases e os números da semana. Ah, e os imperdíveis.
Até para a semana!
FRASES
“Prometo manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil”
Michel Temer, com a mão sobre a Constituição Brasileira no dia em que tomou o lugar de presidente
“Eu prezo tremendamente os mexicanos-americanos, não apenas em termos de amizades, mas também os inúmeros que eu emprego nos Estados Unidos e eles são pessoas fantásticas”
Donald Trump, numa visita ao México, na qual deixou de lado os insultos àquele povo que têm marcado a campanha americana
“No primeiro dia iremos começar a trabalhar num muro impenetrável, físico, alto, poderoso e lindo na fronteira do sul. E o México vai pagar a 100%.”
Donald Trump, depois da visita ao México que muitos pensaram que poderia significar um apaziguar das relações do candidato republicano com o país que faz fronteira a sul com os EUA. Na realidade Trump parecia mais mole (ver primeira frase) mas tudo não passou de um sintoma passageiro.
“No início da conversa com Donald Trump, deixei claro que o México não vai pagar pelo muro”
Enrique Peña Nieto, presidente do México reagindo às declarações de Trump sobre quem pagará o muro que o candidato republicano quer construir caso seja eleito presidente dos EUA
“Terá o Wikileaks se transformado numa máquina de lavagem de material comprometedor reunido pelos espiões russo? E numa perspetiva mais ampla, qual é precisamente a relação entre o sr. Assange e o Kremlin do sr. Putin?”
The New York Times, num artigo em que sugere que Assange tem ligações diretas ao Kremlin
“No início o mundo estava ansioso para ajudar os refugiados. Mas isto não durou nem um mês. Na verdade a situação piorou.”
Abdullah Kurdi, pai de Aylan Kurdi, o bebé sírio que há um ano morreu numa travessia do Mediterrâneo e que deu à costa numa praia turca.
“Se organizarmos o Brexit de maneira errada, estaremos em apuros, portanto neste momento o que precisamos é de garantirque não permitimos que o Reino Unido mantenha as coisas boas, sem assumir qualquer responsabilidade.”
Sigmar Gabriel, vice-chanceler da Alemanha, numa conferência de imprensa em que também afirma que o resto do mundo deixou de confiar na Europa.
“A minha nação quer a pena de morte”
Recep Tayyip Erdogan, presidente turco
“Os judeus estão em Jerusalém, Judeia e Samaria (Cisjordânia) há milhares de anos e a sua presença não é um obstáculo à paz. Obstáculos são as tentativas intermináveis de negar a relação do povo judeu a partes da sua terra histórica e a recusa obstinada em reconhecer que não são estrangeiros ali.”
Benjamin Netanyahu, primeiro ministro de Israel em comunicado, respondendo a Mladenov, diplomata búlgaro, que o acusava de prosseguir a sua política de construção e expansão dos colonatos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental
“Nenhuma nação, nem sequer os EUA, está imune às alterações climáticas.”
Barack Obama, presidente dos EUA
ROSTO
Dilma Rousseff é um caso de estudo. Parece ser das poucas que não tem ligações à corrupção brasileira, que a tentou destruir em alguns momentos do seu mandato, mas que cai com estrondo internacional do cargo de presidente do Brasil. A verdade é que este processo demonstra as fragilidades da democracia brasileira.
NÚMEROS
61
número de senadores que votou favoravelmente o afastamento da presidente do Brasil, Dilma Rousseff
3.700
é o valor (em euros) que os lobistas ou empresários terão que pagar se quiserem jantar com a primeira-ministra Theresa May durante o congresso do Partido Conservador
13
… mil milhões de euros. Este é o valor que a americana Apple foi condenada a pagar ao estado irlandês por alegadas irregularidades fiscais.
10.000
As perigosas travessias do Mediterrâneo continuam e nesta semana bateu-se um novo record. Em apenas 36 horas foram resgatadas mais de 16.000 pessoas que tentavam chegar à Europa em embarcações degradantes.
IMPERDÍVEIS
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