Um passageiro não identificado terá usado um esquema conhecido na aviação como ‘hidden city’ (cidade escondida) que serve para baixar o preço de determinadas viagens. O homem teria como objetivo voar entre Oslo, na Noruega, e Berlim, na Alemanha, mas não comprou um voo direto entre as duas cidades. A estratégia usada para baixar o preço do percurso foi comprar um voo de Oslo para Seatle, no Estados Unidos, mas com escala em Frankfurt. Chegado a Frankfurt o homem não compareceu no voo de ligação para os Estados Unidos, optando por apanhar um voo para Berlim.
Pode parecer confuso, mas esta é uma prática mais comum do que se possa pensar, uma vez que as companhias aéreas encarecem os voos diretos por não haver necessidade de fazer escalas e de a chegada ao destino ser necessariamente mais rápida.
Muitas vezes é difícil provar que um passageiro não compareceu no voo de ligação de propósito, mas neste caso o passageiro em causa abandonou a rota original em Frankfurt e seguiu noutro voo da mesma companhia para Berlim, deixando claro que nunca teve intenção de cumprir a viagem até aos Estados Unidos.
Em tribunal a Lufthansa alega que esta prática vai contra os termos e condições que os passageiros aceitam quando compram uma viagem e pede uma indemnização de dois mil euros ao alegado infrator. Um tribunal de Berlim já julgou o caso e conclui que a companhia de bandeira alemã não tem razão, ainda assim já houve espaço para recurso que ainda está a ser apreciado.
Como funciona o sistema da ‘cidade escondida’?
Imagine que quer voar entre Lisboa e Paris e que um voo direto custa €100. Fazendo uma pesquisa descobre que existe um voo de Lisboa para Londres, com escala em Paris, que custa apenas €70. Neste caso o passageiro usa a segunda opção e chegado a Paris, sai do avião e não continua a rota até ao destino final. Desta forma consegue poupar €30.
A verdade é que voos com escalas são geralmente mais baratos do que voos diretos, pelo constrangimento de troca de avião e de tempo que trazem aos passageiros. Mas as companhias aéreas querem combater esta prática porque, afirmam, causa-lhes prejuízos avultados, uma vez que há passageiros que não podem voar porque os lugares já foram comprados por outros que não os vão usar.
A utilização desta prática não tem só vantagens, há riscos que se não forem calculados podem sair muito mais caros aos passageiros do que o valor que pouparam.
O primeiro constrangimento prende-se com a bagagem. Para usarem este sistema, os passageiros têm que voar apenas com bagagem de mão e esperarem que, na entrada do avião, não sejam obrigados a enviar a bagagem de cabine para o porão, como acontece com frequência em algumas companhias.
Se os passageiros que forem usar este método tiverem malas para despachar, terão um problema quando chegarem à cidade de escala porque as malas vão seguir diretamente para o voo de ligação. Para as recuperarem terão que entrar em contacto com a companhia aérea que pode dificultar o resgate.
O segundo o problema é usar esta técnica e não comparecer no primeiro voo do trajeto. Voltemos ao exemplo inicial da viagem de Lisboa para Londres com escala em Paris. Se o passageiro chegar ao aeroporto de Paris com o objetivo de voar até Londres, tendo perdido o primeiro voo com origem em Lisboa, não vai conseguir embarcar porque a companhia aérea vai cancelar toda a viagem.
A prática de ‘hidden city’ ficou mais fácil desde que foi criado o site skiplagged.com, onde os passageiros inserem o aeroporto de origem e o aeroporto de destino e o sistema informa qual a forma mais barata de realizar o percurso, usando este esquema.