Às voltas no deserto da Namíbia. As dunas, a vegetação, os animais e o pôr do sol

A Rita Cerveira Martins está mais uma vez no W360.PT para dar os detalhes da viagem que fez ao deserto da Namíbia. Há carros esquecidos, sol e muita areia.

Árvores secas no deserto da Namíbia. Foto de Rita Cerveira Martins
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Há sempre alguma coisa nova em África… desta vez na Namíbia.

O mês de Maio começou da melhor maneira possível, uma nova viagem, uma incrível aventura e mais um desejo realizado, desta vez pelo Deserto da Namíbia!

Atualmente baseada em Moçambique, em Maputo, tento aproveitar todos os dias possíveis para viajar no continente africano, destinos que estando na Europa seriam menos prováveis de visitar.

Decidi juntar o feriado de 1 de Maio ao fim-de-semana e viajei de Maputo até à Namíbia. Não há muitos voos diretos internacionais a sair de Maputo, mas há sempre a hipótese de ir até Joanesburgo (África do Sul) e apanhar voos para o mundo inteiro. E foi assim que fiz. Com escalas incluídas, o trajeto teve cinco horas, além de que Joanesburgo tem um aeroporto bastante agradável que permite que a escala não seja desesperante.

Dia 1

No dia 1 de Maio parti então em direção a Windhoek, a capital da Namibia. Fiz uma pequena paragem em Joanesburgo e às duas da tarde estava em Windhoek, através de um voo da British Airways (que ia repleto). 

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Ali, os serviços de migração são bastante lentos. Estavam cerca de dois voos inteiros nas filas para fazer o visto e a entrada no país. As filas eram praticamente de turistas, sem organização e se não formos “abrindo a pestana” podemos ficar mais de 2 horas parados na fila. De notar que o passaporte Português não exige pagamento do visto.

Finalmente passámos a migração, sem qualquer problema e saímos do aeroporto (bastante pequeno). 

Começa agora a aventura. O itinerário estava feito, os hotéis escolhidos e em mente já tínhamos as atividades programadas. Ao todo, iam ser quatro dias para conhecer uma parte deste novo país. Para podermos relaxar, decidimos contratar um shuttle para os trajetos (Carlo’s Shuttle and Tours), no entanto é prática comum alugar carro (é recomendado um 4×4 e no aeroporto estão disponíveis as principais companhias de aluguer de viaturas).  

Eram 15h quando saímos do aeroporto de Windhoek em direção ao meio do deserto, mais propriamente ao Hotel onde íamos ficar hospedados, que fica a cerca de 5horas: Le Mirage Desert. Este hotel foi recomendado por um amigo e conseguimos esta reserva com muita persistência, o hotel fica completamente isolado e está sempre lotado. Já eram oito da noite quando chegámos, uma viagem entre vales, com alguns animais como o Oryx (animal símbolo da Namíbia), constantes mudanças da vegetação e um por-do-sol bem laranja e quente (como há muito não via).

Rita Cerveira Martins junto a um jipe 4x4 parado numa estrada no deserto da Namíbia
A aventura começou com uma viagem entre vales e constantes mudanças da vegetação.

No hotel só foi possível aproveitar para jantar debaixo de um céu estrelado (o deserto da Namíbia é considerado um dos sítios do Mundo onde se tem uma maior visibilidade das estrelas) e marcar as atividades do dia seguinte: assistir ao nascer do sol no meio do deserto e subir as dunas mais conhecidas do Mundo.

Dia 2

Às seis da manhã saía a excursão organizada pelo hotel para o meio do Deserto de Sossusvlei. Entrámos pelo Namib-Naukluft National Park e o sol daquela manhã ofereceu imagens e cores incríveis sob aquelas dunas.  

A primeira grande duna que vimos foi a Dune 45 e fomos subi-la, o que nos permitiu ter uma vista privilegiada sobre o dinâmico e vivo deserto.

Depois deste ponto, seguimos em direção a “Dead Vlei”. Dead Vlei pode ser descrito como um lago seco, onde estão localizadas algumas árvores secas, certamente já terão visto imagens deste panorama. Devido ao clima extremamente seco e graças ao sal “arrastado” pelo Atlântico, estas árvores nunca se deterioraram. A Big Daddy e Big Mama são as maiores Dunas de Sossusvlei, com cerca de 350m de altura e o Dead Vlei fica entre as duas.

Árvores secas no deserto da Namíbia. Foto de Rita Cerveira Martins
As árvores secas são uma das imagens mais conhecidas do deserto da Namíbia. Foto de Rita Cerveira Martins

Desta vez não subimos a duna, julgo que é preciso pelo menos 2,5 horas para fazer o trajeto! Mas deve ser uma vista surpreendente sobre todo o deserto.

Para terminar a visita ao amago do deserto, parámos no Sesriem Canyon, este que fica a 5km da entrada do Namib-Naukluft National Park. Este canyon é dos poucos sítios onde é possível armazenar água quando chove, o que é muito raro. Descemos até ao fundo do canyon, explorando a natureza e aquela formação rochosa que capta qualquer atenção. 

Para os amantes de fotografia, o Namib-Naukluft National Park é um destino onde se perde a noção do tempo e se conseguem captar cenários indescritíveis. 

Voltámos na direção do Hotel, aproveitámos para almoçar e relaxar na piscina. Para terminar o dia, fomos assistir ao por do sol no deserto que rodeia o hotel, através de uma viagem de moto 4×4. Regressámos ao Hotel, jantámos novamente debaixo daquele céu estrelado, búfalo e oryx e um ótimo vinho sul africano. 

Dia 3

No dia seguinte partimos rumo a Swakopmund, com algumas paragens nos principais pontos turísticos; parámos em Solitaire, vimos os famosos carros coloridos que ficaram “esquecidos” naquela povoação e provámos a famosa tarte de maçã. No Trópico de Capricórnio fizemos uma pequena paragem para a fotografia típica e depois em Walvis Bay para almoçar uma mariscada no Waterfront. 

Carro abandonado em Solitaire na Namíbia. Foto de Rita Cerveira Martins
Os carros coloridos ficaram “esquecidos” em Solitaire. Foto de Rita Cerveira Martins

De seguida, para ainda aproveitar o dia, fomos dar uma volta de moto-quatro nas dunas coladas ao oceano. Uma imagem incrível é o sol a pôr-se no mar e o cheiro do Atlântico, isto tudo numa duna sem fim.

Para terminar o dia, chegámos ao hotel em Swakopmund e fomos jantar ao Brewer & Butcher, um restaurante muito conhecido pela qualidade das carnes de caça mas também pela decoração e ambiente.

Pernoitámos no “Le Mer”, um alojamento muito “clean” e central na vila, escolhido aleatoriamente no Booking.com.

Dia 4

Sábado. O tempo era completamente diferente do escaldante deserto. Havia bastante nevoeiro, então aproveitámos para dar uma volta em Swakopmund, observando os detalhes e influências germânicas em todos os edifícios, ninguém diria que estávamos em África! A vila é bastante organizada e limpa. 

Fomos ver o maior quartzo natural do mundo, no Museu do Quartzo (a entrada é cerca de 20 Dólares Namibianos), enquanto fazíamos tempo para a hora de partir rumo a Sandwich Harbour, o local onde as dunas encontram o oceano Atlântico. 

Maior quartzo natural do mundo no museu do Quartzo na Namíbia. Foto de Rita Cerveira Martins
O maior quartzo natural do mundo está exposto no Museu do Quartzo. Foto de Rita Cerveira Martins

Era meio dia quando saímos em excursão com uma empresa recomendada, normalmente este percurso é feito por empresas turísticas de Walvis Bay e Sandwich Harbour é um dos principais pontos de interesse na Namíbia. Obrigatoriamente com 4×4, este percurso vai ao longo de toda a costa a percorrer as dunas, com paisagens completamente de cortar a respiração. Estivemos na duna sete, a duna mais alta do mundo com cerca de 400metros (se não for a mais alta, é uma das mais altas), e almoçámos no meio das dunas uns petiscos, tudo organizado pela Photo Ventures. No regresso a Walvis passámos por alguns animais selvagens e passámos num lago de sal, que graças aos microrganismos que ali existem é cor-de-rosa.

Lago de sal cor de rosa na Namíbia. Foto de Rita Cerveira Martins
Os microrganismos dão a este lago de sal uma tonalidade cor-de-rosa. Foto de Rita Cerveira Martins

Bem, estava então na hora de regressar e aproveitar os últimos cartuxos. Fomos ver o por do sol e jantar a um restaurante junto do Strand Hotel (bem como o anterior) e regressámos ao hotel, com despertadores para as seis da manhã.  

Dia 5

Já no domingo regressámos a Windhoek para apanhar o voo para Joanesburgo. O percurso até Windhoek foram cerca de cinco horas num shutlle, o que permitiu dormir mais umas horas sem preocupações. O aeroporto principal ainda fica a uma hora a distância de Windhoek e em horários de trânsito pode ser complicado cumprir horários, por isso fomos com algum tempo.

Aquando da chegada ao aeroporto só nos restou esperar a hora de voo e aproveitámos para almoçar no único restaurante lá disponível. O voo de regresso partiu a horas e correu tudo conforme previsto. 

Este trajeto foi planeado com enfoque no deserto e nas dunas da Namíbia, no entanto, a maior parte dos planos turísticos inclui também uma passagem pelo Etosha para um safari, onde se podem observar os “big five” no seu ambiente natural e selvagem, fica a dica para quem pretende apenas visitar este país. 

Namíbia

[wp-svg-icons icon=”earth” wrap=”i”] Windhoek (capital)
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[wp-svg-icons icon=”users” wrap=”i”] 2 113 077 hab. (2011)
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[wp-svg-icons icon=”power-cord” wrap=”i”] três pinos
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[wp-svg-icons icon=”aid” wrap=”i”] 10177
[wp-svg-icons icon=”sun-3″ wrap=”i”] Entre dezembro e março é o período em que o calor mais aperta na Namíbia. Nos meses mais moderados, as temperaturas são geralmente elevadas durante o dia, mas algo frias durante a noite.
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