Uma aventura nas montanhas da Roménia

A Tânia está no W360.PT para contar como correu a sua aventura pelas montanhas romenas. Não encontrou ursos, mas podia ter encontrado!

PUB

A Roménia tornou-se uma paixão, um país que em comum com Portugal tem uma língua derivada do latim.

Passado o Natal em Bucareste, decidi por umas mini férias nas montanhas. A nossa viagem começou a partir de uma plataforma gelada na estação Norte de Bucareste. Nós chegámos cedo para comprar os bilhetes (39 lei – €8,64 por pessoa) com o destino Buşteni (o ş tem o mesmo som como o início de chuva). É uma pequena cidade a cerca de duas horas e meia da capital, indo quase em linha reta até ao norte, em direção às montanhas Cárpatos. Assim que chegámos à plataforma em Bucareste, começou a nevar. Um bom prelúdio para quem quer ir para as montanhas (pensava eu), mal sabia das aventuras que estavam para vir.

Fiquei surpreendida com o comboio, tinha bastante espaço entre bancos, quentinho e com tomadas, por pouco mais de €8. Senti que estava melhor servida do que estaria com o nosso Alfa Pendular. A primeira parte da viagem não foi muito impressionante, contemplamos as planícies de Ţara Românească (ou Valáquia, uma das grandes regiões da Roménia, anteriormente independente da Transilvânia, e Moldávia. (Facto interessante: Moldávia (o país) foi parte integrante da Roménia até à II Guerra Mundial, contudo na Roménia de hoje ainda há uma região que se chama Moldávia que não faz parte da Moldávia (país)). Engraçado foi ver como a paisagem mudou tão drasticamente quando nos aproximámos das cidades que estão em maior altitude. Vemos a cordilheira de picos que aparecem à distância, mostrando os seus remendos brancos. À medida que nos aproximávamos, a neve começou a cair mais rápido, ajudada por um forte vento gelado. Tínhamos como objectivo subir a montanha e pernoitar numa cabana. Chegámos por volta das 14h e o pôr-do-sol estava programado por volta das 17h, tínhamos apenas 2h para subir. Mesmo um pouco preocupados com o tempo apertado fomos na aventura.

Em Buşteni normalmente há um trator que leva as pessoas da estação até ao ponto que em se começa a subir. Ora o trator estava longe de ser encontrado, pois a parte de trás é aberta o que é óptimo para o verão, mas um perigo no inverno. Restou agasalharmo-nos o máximo possível e andar a pé ate à montanha. Enquanto caminhávamos, de repente, começou uma tempestade de neve. Olhava para o céu e via as nuvens cada vez mais escuras e uma névoa rolando sobre as montanhas que mal nos deixava ver o caminho. A caminhada foi esgotante. O chão estava cheio de gelo que nos fazia escorregar.

Levámos cerca de uma hora até ao sítio em que supostamente íamos começar a subir, com a neve a cair continuamente, o vento a ficar mais forte e o horizonte mais escuro. É uma caminhada relativamente simples sob circunstâncias normais, apenas uma estrada com curvas ligeiras, mas sob estas circunstâncias foi deveras complicado. Decidimos descansar e beber um chocolate quente no Gura Diham, um restaurante e hotel muito jeitosos no local onde o percurso para subir a montanha começa. Imediatamente concluímos que seria uma péssima ideia tentar chegar à cabana na montanha sob estas condições climatéricas e de noite sabendo que ainda há muitos ursos nessas montanhas não foi um pensamento agradável.

PUB

Mesmo um pouco desiludida por não poder fazer a minha escalada, o plano B foi voltar e apanhar um comboio até Sinai, uma viagem de dez minutos. Depois de tirar algumas fotos e apreciar a beleza da neve começámos a caminhar de volta, indo mais e mais rápido à medida que a escuridão caía sobre nós. Estava muito frio (-20ºC) e, de repente, ficou de noite, com uma floresta à direita e outra à esquerda. As tochas do telemóvel não foram grande ajuda, mas pelo menos deram algum conforto. Para mim foi uma experiência assustadora, no meio de uma tempestade de neve, sem conseguir ver nada e ainda longe da civilização, uma aventura a não repetir.

Assim que chegámos a Sinaia fomos directos para o nosso hotel, uma belíssima estalagem a cinco minutos doCastelo Peleş. Este espaço tinha sido utilizado pelos Reis para receber familiares e convidados. Um sitio encantador e sossegado.

Na manhã seguinte acordámos bastante cedo e fizémos o nosso caminho para o Castelo Peleş. Este costumava ser a residência de verão dos reis da Roménia e parece saído de um conto de fadas, com uma construção onde cada detalhe foi cuidadosamente escolhido para caber no estilo grandioso.

Há vários tipos de bilhete para a entrada no castelo, mas eu recomendo a visita completa por 50 lei  (€11), em vez da mais curta de 30 lei (€6,66). Há guias em inglês que vão explicando cada detalhe e estórias de quem por la passou. É um dos sítios que vale a pena ver, pelo espaço em si e por tudo à sua volta. Os interiores são espetaculares, uma parte enorme do interior é em madeira trabalhada.

Peleş foi dos primeiros castelos europeus a ter “facilidades modernas” – aquecimento central, eletricidade e um sistema central de aspiração. Cada quarto tem o seu próprio estilo, com diferentes influencias e culturas, desde detalhes italianos a mármore romeno, esculturas austríacas e alemãs. As louças emobilia japonesa e chinesa; do oriente com influência nos travesseiros, tapetes, etc. É difícil descrever toda a beleza do castelo e os seus jardins.

A cerca de cinco minutos a pé do castelo Peleş está o menor e menos opulento castelo de Pelişor. Este foi construído para o príncipe Ferdinand e sua consorte Maria, que queria algo mais simples. Há dois andares de pequenos quartos onde parte da família real viveu. Nota-se um contraste entre os dois edifícios, sendo o segundo mais sóbrio.

Terminámos a nossa visita a Sinaia com uma breve passagem por um Mosteiro antigo ortodoxo.

A Roménia é uma gema a ser descoberta, tem uma riqueza cultural e natural fantástica, nas montanhas ainda se vêm muitos turistas nacionais e poucos turistas estrangeiros. As pessoas são afáveis e carinhosas, mesmo que à primeira vista não pareçam. Fui sempre muito bem recebida.

Roménia
[wp-svg-icons icon=”earth” wrap=”i”] Bucareste (capital)
[wp-svg-icons icon=”bubbles-4″ wrap=”i”] Romeno
[wp-svg-icons icon=”users” wrap=”i”] 20 121 641 (2011)
[wp-svg-icons icon=”coin” wrap=”i”] Leu Romeno (RON)
[wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] GMT+2
[wp-svg-icons icon=”power-cord” wrap=”i”] Europeias, 2 pinos
[wp-svg-icons icon=”phone” wrap=”i”] +40
[wp-svg-icons icon=”aid” wrap=”i”] 112
[wp-svg-icons icon=”snowy-5″ wrap=”i”] O inverno romeno é longo e rigoroso sendo as temperaturas muito baixas e os períodos de neve muito extensos. No verão as temperaturas são mais amenas, podendo ser muito elevadas em algumas regiões.
Artigos Sugeridos