Bali, Indonésia. Dicas de uma viagem inesquecível

Não há palavras para descrever a simpatia e simplicidade daquele povo. Felizes com as pequenas coisas da vida. Obrigada Bali por teres tornado este meu aniversário tão rico.

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Em 2016 decidi que o meu aniversário seria passado todos os anos num local diferente do globo. Adoro viajar e fotografar e o facto de ser o meu aniversário é só mais um bom pretexto para partir à descoberta. Não sei bem explicar porquê, mas Bali e a sua cultura sempre me chamaram à atenção e maio trouxe-me esse presente.

Bali é uma ilha da Indonésia, situada na extremidade ocidental do arquipélago das Pequenas Ilhas da Sonda, entre as ilhas de Java e de Lombok. A capital provincial e maior cidade da ilha é Denpassar, situada sensivelmente a meio da costa sul. Em Bali vive a maior parte da minoria hindu da Indonésia, cerca de 80% da população.

Ainda não tive a coragem para viajar sozinha e por isso levei comigo para Bali duas amigas e também minhas colegas de casa, a Joana e a Diana, e uma amiga da Diana que mora na Suíça, a Catarina. Começamos a planear a viagem em janeiro deste ano, definir datas, pedir férias, definir rotas, alojamentos, seguros de viagem e por fim decidir o que visitar. Bali tem imenso para mostrar e como só tínhamos cerca de 8-9 dias de férias tínhamos de organizar tudo ao milímetro. Decidimos começar pela confusão da agitada cidade de Ubud, perto da capital Denpasar e só depois rumar a Sanur para uns dias de merecido descanso à beira-mar. Embarcamos no dia 11 de maio de Londres rumo ao paraíso, Bali. Ao fim de dezasseis horas de voo, duas horas de espera em Kuala Lumpur pelo voo de ligação e sete horas perdidas em diferença horária, a 12 de maio aterramos no Aeroporto Internacional de Ngurah Raiem em Denpasar, Bali e era o meu aniversário. Reservamos viagens com transporte incluído para o alojamento e tínhamos logo no aeroporto à nossa espera Fritz, o guia na nossa estadia por Bali.

Fomos aconselhadas a evitar os alojamentos no centro de Ubud, a cidade não pára, o trânsito é caótico e iam acabar por ser dias muito stressantes. Decidimos ficar a cerca de meia hora a pé do centro, numa pequena vila hoteleira. Cada quarto era uma pequena cabana feita em madeira rodeada por floresta, um quarto bastante acolhedor e onde era possível ouvir todos os sons exteriores, de animais ou vento, como se na rua nos encontrássemos.

No primeiro dia acabamos por ficar pelo alojamento, tínhamos imensas horas de sono para pôr em dia e algum cansaço acumulado por tantas horas de voo.

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O segundo dia em Bali era de subida ao Mount Batur. Bali possui ainda vulcões ativos, os principais são o Mount Agung, o lugar mais alto da ilha, com 3142m de altura, e o Mount Batur, com 1717m. Eles ficam praticamente um de frente para o outro e as paisagens são lindíssimas. O Mount Batur fica na região de Kintamani, nordeste da ilha. O principal objetivo do passeio é ver o nascer do sol do vulcão, e por conta disso e da distância de uma hora de Ubud até o início da subida, o passeio começa de madrugada, às duas da manhã, quando o carro da empresa nos veio buscar ao alojamento. Aqui vale a pena fazer uma constatação digna de aplausos: os balineses são britânicos no que toca a cumprir horários.

A subida ao monte é feita na companhia de um guia, no nosso caso uma guia, Kutuk. A subida ao Mount Batur não é tão fácil como esperávamos, a primeira meia hora até que é bem tranquila, o terreno era firme, pouco íngreme e havia uma espécie de trilha no meio da vegetação. Porém o resto do trajeto é de subidas íngremes em um terreno repleto de rochas vulcânicas irregulares e de pequenas pedras escorregadias. Os últimos 700m são os mais difíceis, o corpo já está cansado, a subida fica ainda mais íngreme e as pedras dão lugar às cinzas. É como andar na areia da praia, depois de dez passos parece que não saímos do mesmo lugar.

Chegando ao topo, há que procurar um lugar para descansar e esperar que o sol decida dar o ar da sua graça. Para relaxar e aquecer um bocadinho é servido um café da manhã, que no nosso caso estava incluído na reserva. Fomos então brindadas com umas sandes de banana e um ovo, cozido no vapor do vulcão, acompanhado por chá ou café. Quando começa a clarear a linda paisagem começa a revelar-se e logo o céu começa a ser tingido de cores alaranjadas, sinalizando o nascer do sol. Estava na altura de preparar as máquinas e tentar conseguir umas boas fotografias. Tivemos algum azar, apanhámos algum nevoeiro e tínhamos de estar com muita atenção para apanhar boas imagens nos intervalos em que o nevoeiro dissipava.

Do nada começam a surgir alguns macacos que habitam a cratera do vulcão por sentirem a presença de pessoas e principalmente o cheiro de comida. O que eram apenas dois ou três logo se transformaram num bando, a guia tinha-nos avisado para esconder a comida ou então ficaríamos sem ela.

Com as energias renovadas e barriga cheia, chega a hora de fazer todo o caminho de volta e a famosa frase que diz que “para baixo todos os santos ajudam” não funciona nada bem neste caso. A descida acho que é ainda pior que a subida, a parte de cinzas em que não saíamos do lugar é completamente o contrário para descer, em um passo deslizamos 1 ou 2m. As pedrinhas que escorregavam na subida são ainda piores na descida. Haja joelhos! No caminho de volta ainda parámos para ver alguns pontos onde o vapor a sair do vulcão é visível. Segundo a guia Kutuk, a última erupção foi em 2000 com lavas mistas e a última vez que o vulcão entrou em erupção com lava apenas preta foi em 1963.

E por falar em guia, Kutuk a maravilhosa balinesa que nos levou ao topo do vulcão era um exemplo perfeito do povo balinês. Simpática, conversadora e muito, muito gentil. Na longa caminhada até ao topo e com muito pouco ainda para ver em redor, Kutuk contou- nos um pouco da sua vida. Mulher na casa dos 40 anos, hindu e com uma filha de 11 anos de idade. Perdeu o marido e a filha mais velha há uns anos e como ela mesmo conta, com o marido, perdeu também todos o animais que tinham. Agora é apenas ela, que todos os dias faz o trajeto com turistas para o vulcão, e a filha de 11 anos que aos fins de semana também leva turista lá acima. No final da nossa viagem Kutuk abençoou-nos, algo muito comum os habitantes de Bali fazerem.

Estamos novamente no ponto de partida com a sensação de dever cumprido e com a certeza de que fizemos um dos passeios mais incríveis de Bali e com a melhor guia que poderíamos pedir. Mas a aventura ainda não tinha terminado, quando reservamos o passeio, ainda em Inglaterra, decidimos incluir uma visita às “hot springs”. Nada melhor do que um banho em águas quentes vulcânicas depois de uma caminhada de quatro horas. Voltamos a entrar na carrinha e o motorista levou-nos até ao “Toya Devasya Natural Hot Spring”, um hotel com fontes termais que tinha quatro piscina de água quente e uma piscina de tamanho olímpico mesmo ao lado do Lago Batur e Mount Agung. Águas aquecidas nas profundezas da terra, com minerais quentes, incolores e inodoros com grandes poderes curativos. Aproveitamos para dar uns mergulhos relaxantes e apreciar as paisagens majestosas a partir das piscinas. Foi sem dúvida uma ótima maneira de recuperar as energias gastas durante a madrugada.

Prontas e renovadas para voltar ao alojamento, tivemos agora oportunidade para apreciar, em plena luz do dia, os caminhos que nos levaram até Mount Batur em Kintamani nessa mesma madrugada. Trânsito não tão caótico como no centro do Ubud, mas imensas motas e pequenas carrinhas por todo o lado assim como imensas plantações de arroz. Chegadas novamente ao alojamento em Ubud por volta da hora de almoço, almoçamos pelo alijamento e decidimos aproveitar o resto do dia para comecer a cidade e percorrer o tão famoso Mercado Tradicional de Arte de Ubud.

O Mercado de Ubud, localmente conhecido como “Pasar Seni Ubud”, situa-se em frente ao “Puri Saren Royal Ubud Palace” e está aberto diariamente. A maioria das mercadorias encontradas no mercado são feitas nas aldeias vizinhas de Pengosekan, Tegallalang, Payangan e Peliatan. O mercado é o local indicado para adquirir lembranças típicas do povo balinês e trazer assim um bocadinho da ilha connosco para casa. O mercado é enorme e se formos bons a regatear quase que trazemos as lembranças de graça.

Terceiro dia em Bali, às nove horas em ponto tínhamos o guia, Fritz, na receção à nossa espera. Começamos o dia por assistir a um espetáculo de dança típica balinesa. Uma dramatização sobre a história da ilha, repleto de cor e sons maravilhosos. Seguimos para o Museu Rudana e as suas extraordinárias pinturas. Uma delas chamou imenso a atenção das quatro, um grande quadro no meio do salão que representava a queda das torres gémeas nos EUA e toda uma visão diferente de tudo o que aconteceu antes, durante e após esse acontecimento.

Museu explorado e seguimos viagem desta para o “ Sacred Monkey Forest Sanctuary”, a floresta dos macacos que é conhecida em balinês como Wanara Wana. Ao chegarmos à floresta que se localiza na aldeia de Padangtegal, logo percebemos que se tratava de um lugar místico e inspirador. A região é de mata nativa quase completamente fechada, cheia de riachos e templos hindus, com caminhos pavimentados para a passagem de pedestres, e é o local onde vivem inúmeros macacos de cauda comprida ou macaca fascicuiaris, em total equilíbrio com a natureza e com os visitantes. Claro que, mesmo dóceis, os macacos da floresta podem tornar-se agressivos se sentirem o seu espaço invadido, mas respeitando as normas do parque, a visita decorre com toda a tranquilidade e é uma das lembranças mais incríveis que se tem de Bali. A Floresta dos Macacos de Ubud é uma área destinada ao culto hindu balinês e todos os aspetos do local possuem um significado sagrado, como as árvores, os templos e até mesmo os macacos. No hinduísmo balinês, que incorpora elementos do animismo, budismo e cultos ancestrais, os macacos são considerados tão sagrados quanto os templos.

Como a fome já apertava decidimos fazer uma pausa para almoço com uma vista magnifica, os terraços de arroz de Tegallalang em Ubud. Tegallalang é famosa pelas belas paisagens de arrozais envolvendo o subak, sistema de irrigação cooperativo tradicional balinês – premiado pela UNESCO como Património Cultural da Humanidade. Tegallalang faz parte de um dos três esplendidos terraços da região de Ubud, tendo os outros lugar nas aldeias de Pejeng e Campuhan.

Como não há nada melhor que um bom café depois de almoço, decidimos ir conhecer um dos locais de produção do café mais famoso de Bali e considerado um dos mais caros do mundo, o “Kopi Luwak”. A produção deste café é muito peculiar, os grãos do café são recolhidos das fezes do Luwak, um animal da família dos gatos que vive na Indonésia que se alimenta de bagas de café. Depois é cuidadosamente lavado, seco e torrado. Dizem que as enzimas do aparelho digestivo desse animal provocam uma transformação no grão, deixando o café com um gosto especial e diferenciado.

Café tomado e seguimos para outro local sagrado, o “Pura Tirta Empul”. O templo é composto por uma estrutura de águas para banho, famosa pela sua nascente de águas sagradas, onde os hindus balineses realizam rituais de purificação. “Tirta Empul” que significa fonte sagrada em balinês.  A nascente é fonte do rio Pakerisan. O templo é dividido em três seções: jaba pura (área frontal), jaba tengah (área central) e jeroan (área interna). A jaba tengah possui duas piscinas com trinta chuveiros que são chamados como: Pengelukatan, Pebersihan e Sudamala dan Pancuran Cetik (veneno). Cada fonte presente no templo possui um significado diferente para os Hindus balineses. Há fontes que os mesmos evitam utilizar por respeito ou tradição. Para entrar no templo é necessário cobrir as pernas com um “sarong” por motivos de respeito a um local sagrado e porque os balineses acreditam que o corpo está dividido em duas partes, da cintura para cima é parte pura e da cintura para baixo é parte a suja do corpo e que deve ser tapada para depois ser purificada na fonte.

Terminamos o nosso terceiro dia em Bali em Gunung Kawi, um templo hindu e também uma espécie de complexo funerário. O templo foi construído no século XI e situa-se na cidade de Tampaksiring e incluí dez candis (santuários) escavados em escarpas rochosas, formando nichos com cerca de sete metros de altura. Acreditam os balineses que estes monumentos funerários são dedicados no lado oriental ao rei Udayana Warmadewa, à sua consorte Mahendradatta e aos seus filhos Airlanga, Anak Wungsu e Marakata e no lado ocidenta, segundo a mesma teoria, às esposas menos importantes e concubinas de Udayana.

E terminamos assim da melhor maneira mais um dia naquela maravilhosa ilha, assim como a nossa estadia por Ubud. Era o último dia pela agitação cidade, no dia seguinte pela hora de almoço rumávamos de armas e bagagens para Sanur e a sua bela praia. Praia, sol e mar, finalmente! Sanur é uma cidade à beira-mar no sudeste da ilha de Bali. A praia presenteia-nos com um longo areal brilhante e de águas rasas, alguns barcos atracados na areia e um convite muito grande a mergulhos, descanso e passeios à beira-mar.

Bali é conhecido pelas suas maravilhosas praias, muito adoradas por surfistas e turista em geral. Num dos quatro dias que passamos em Sanur decidimos conhecer duas das praias mais próximas de nós e também das mais conhecidas, a praia de Kuta e a praia de Seminyak.

Kuta é uma zona turística que fica na costa sul da Ilha de Bali e é muito conhecida pelas imensas escolhas de surf espalhadas pela praia que transformam a curiosidade dos turistas em querer experimentar a modalidade numa realidade. Professores não faltam e propostas para uma ou mais horas no mar também não.

Seminyak é uma área turística e residencial mista na costa oeste de Bali. A abundância de spas e hotéis de luxo combinada com a aglomeração de restaurantes, tornou Seminyak numa das áreas turísticas mais conhecidas da ilha. Há semelhança de todas as outras praias, na praia de Seminyak não faltam vendedores de tudo e mais alguma coisa, assim como balinesas a querer fazer massagens a todos os turistas que apanham.

Para terminar a nossa visita, decidimos dar um salto a conhecer mais um templo em Bali, significa “terra no mar” em balinês. O templo situa-se num grande rochedo que a erosão provocada pelo mar esculpiu ao longo de milénios. Segundo a tradição, o templo foi construído no século XVI por Dang Hyang Nirartha, o fundador do sacerdócio xivaíta em Bali. A principal divindade do templo é Dewa Baruna, também chamado Bhatara Segara, um deus do mar. O templo faz parte da mitologia balinesa e é um dos sete templos dedicados ao mar da costa da ilha. De cada um desses templos é possível avistar o seguinte, formando uma cadeia ao longo da costa sudoeste de Bali.

E estava quase a chegar ao fim esta aventura tão doce e enriquecedora. Mas não sem antes vos contar algumas curiosidades da ilha. Segundo o nosso guia, Fritz, na capital Denpasar há uma lei que impede que qualquer construção seja maior que os coqueiros que crescem pela ilha. Fritz também nos explicou que todos os dias os balineses fazem duas oferendas, conhecidas como “canang sari”, aos deuses. Uma de manhã, antes do pequeno almoço em que oferecem aos deuses um pedaço da sua primeira comida do dia e outra oferenda no final do dia. Podemos ver estas oferendas por toda a parte, inclusive na praia.

Fritz contou-nos também que não é educado tocar no cabelo de outras pessoas e é mesmo considerado uma ofensa pelos balineses. E explicou-nos ainda que Bali tem um calendário próprio que mostra aos balineses o dia bom para cada situação, o dia bom para casar, o dia bom para construir casa, para abrir uma empresa, entre muitas outras coisas e todos os balineses consulta o calendário antes de tomar qualquer decisão. Nesse calendário encontra-se um dia muito importante para os balineses, o dia do silêncio ou “Nyepi”. Uma vez por ano Bali pára em silêncio e inicia deste modo o novo ano hindu balinês.

Não há voos a chegar ou sair da ilha, não há televisões ou rádios a tocar, não há sequer luzes acesas em nenhuma das casas, ninguém vai trabalhar e o dia é passado em retiro espiritual. Todos os que se encontram na ilha respeitam esse dia, mesmo os turistas que acabam por achar o dia muito interessante.

E terminou a aventura! Bali excedeu completamente todas as minhas expectativas. Não há palavras para descrever a simpatia e simplicidade daquele povo. Felizes com as pequenas coisas da vida. Obrigada Bali por teres tornado este meu aniversário tão rico e obrigada às minhas companheiras de viagem por terem alinhado nesta aventura comigo.

Bali, sem dúvida um destino a voltar, mas para já novas aventuras, outras paragens, novos pontos do globo.

Bali
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[wp-svg-icons icon=”sun-3″ wrap=”i”] Bali é uma ilha quente e húmida. Nos meses de dezembro a março registam-se as temperaturas mais baixas e pluviosidade muito elevada. Os meses mais quentes são os de abril a novembro, podendo as temperaturas chegar aos 35ºC.
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