Wanderlust: expressão derivada do alemão wandern, (caminhar) e do inglês lust, (desejo); em português, significa ‘desejo de viajar’; é um termo que descreve um forte desejo de caminhar; de ir a qualquer lugar; de empreender uma caminhada que possa levar ao desconhecido e a algo novo; de viajar.
Esta é a expressão mais clichê que qualquer um poderia dizer! Mas eu identifico-me com o que é clichê e nunca uma expressão fez tanto sentido para mim! Mesmo com esta definição retirada integralmente da Wikipédia.
O bichinho das viagens já me fez pensar muitas vezes em começar um blogue meu, ou algo do género, onde pudesse relatar as minhas aventuras àqueles que gostam de ler e/ou querem procurar inspiração sobre qual o próximo destino a escolher. Mas já me conheço. Sei que não teria tempo de manter um blogue assim (afinal, os estudos estão sempre em primeiro lugar!) e sei que sou uma “fala-barato” que não se importa de repetir mil vezes, tal e qual um disco riscado, sobre como foi a última viagem, sempre que um amigo me pergunta. É verdade, gosto mais de falar do que escrever. Portanto, estreio-me (com muito gosto!) no W360.PT, para relatar a minha última viagem e uma das minhas favoritas: Caraíbas, na Passagem de Ano.
Parti com a minha família no dia de Natal (dia 25, Natal no aeroporto, iupiiii). Seguiam-se 10 dias (já com umas escalas terríveis em Boston e Nova Iorque, EUA) à descoberta de seis das maravilhosas ilhas das Caraíbas, com a entrada em 2017 pelo meio! Devo confessar que já sabia para o que ia, pois já havíamos feito o mesmo em 2016: passagem de ano nas Caraíbas. No entanto, desta vez, íamos passar por ilhas novas e, após estas duas idas “ali ao outro lado do Mundo”, as Caraíbas ganharam um lugarzinho ainda mais especial no meu coração. É seguro dizer que deixei lá um bocadinho dele.
Comecemos, então, pelo início. Aterrámos em Porto Rico, após 30 terríveis horas de voos, com escala em Boston pelo meio, para embarcarmos no navio de cruzeiros que nos iria levar nesta semana de Sol e água quentinha.

[wp-svg-icons icon=”location-2″ wrap=”i”] Primeira paragem: Saint Croix, Ilhas Virgens Americanas
E achava eu que esta iria ser uma ilha deserta, só com praia e resorts para turistas. Enganei-me! A ilha até universidade tinha! Mais tarde, vim a descobrir que esta é a maior de todas as ilhas do arquipélago das Ilhas Virgens Americanas e, realmente, algumas delas são ilhas desertas.
As Ilhas Virgens Americanas, após terem recebido muita influência espanhola, holandesa e inglesa, aquando das primeiras ocupações coloniais, pertencem hoje aos EUA. A língua é o inglês e o seu povo não é excepção a todo o povo das Caraíbas: com um sorriso e coração enormes, com amor pela sua terra e cultura, e sem grandes preocupações, vivem o dia-a-dia com uma calma e alegria impressionantes. E é isso que me fascina nas Caraíbas: para além do Sol, do calor, das chuvas que aparecem em 5 minutos, para desaparecerem logo a seguir, ou das casinhas coloridas, o povo caribenho é a cereja no topo do bolo, para mim.
Em Saint Croix, o nosso grande objectivo era ir à praia. Depois do frio em Portugal, a nossa ambição era atirarmo-nos às águas quentinhas e descansarmos nas areias brancas de Saint Croix. Caminhámos, então, até à Rainbow Beach, que diziam ser das melhores. Pelo caminho, passámos por belas vivendas de madeira, pertencentes à casas de férias dos turistas e, com esta caminhada, lá nos conseguimos habituar ao calor abafado que há já tanto tempo não sentíamos. A Rainbow Baech provou ser aquilo que procurávamos, com areia branca, água quentinha e, claro, também já estávamos à espera de ver todos os turistas que por lá andavam. Mesmo assim, não poderíamos ter escolhido um melhor lugar para estar, pois a praia estendia-se para uma enseada maior e pudemos caminhar até lá, tirando mil e uma fotografias pelo caminho, claro!
À tarde, depois dos mergulhos matinais (e dos primeiros escaldões em muito tempo, pudera!), o nosso programa voltou-se para a pequena “cidade” onde o navio tinha atracado: Frederiksted. Digo “cidade” entre aspas, pois o movimento todo só se dava numa rua! É a típica cidade, ex-colonial, com um pequeno forte, um mercadinho, casinhas de madeira ao estilo colonial muito coloridas e palmeiras por todo o lado. Ah, e com um Ministério (que supus ser o edifício da Assembleia da ilha) no meio disto tudo! Desorganizada, mas uma “cidade” muito amorosa, em conclusão.



[wp-svg-icons icon=”location-2″ wrap=”i”] Segunda paragem: Antigua
Chegámos a Saint John, Antigua, no dia seguinte, com o objectivo de, uma vez mais, irmos à praia. Não, isto não se está a tornar repetitivo! Mas lembram-se de ter dito que esta era a segunda vez que íamos às Caraíbas? Bem, há cerca de um ano, apesar de o nosso itinerário não ter sido o mesmo, já tínhamos estado em Antigua… No entanto, é sempre óptimo voltar aos sítios onde já fomos felizes, não é?
Da nossa primeira vez em Antigua, já havíamos explorado as belezas naturais da ilha: as florestas, as baías,a cidade (uma vez mais, das mais coloridas onde já estive), portanto, desta vez, era tempo de explorar a praia. E soube-nos tão bem!
Ao contrário da praia do dia anterior, descobrimos uma que não tinha aquelas hordas de turistas! Chegámos lá de táxi e era tal e qual a praia paradisíaca que esperávamos encontrar: a areia era finíssima, de um branco tal, que chegava a ser quase como a neve; a água quentinha como caldinho e tão azul como o céu. Escusado será dizer que nos sentimos no paraíso. E é assim que descrevo o nosso dia em Antigua: um dia no paraíso. E o dia em que apanhei o maior escaldão da minha vida! Ai, que chatice…
Falando, agora, um pouco sobre a ilha, pegando naquilo que me lembro da viagem passada, Antigua pertence ao conjunto “Antigua e Barbuda”, duas ilhas gémeas, muito próximas uma da outra, que foram inicialmente descobertas por Cristóvão Colombo. No entanto, nunca foram colonizadas pelos espanhóis, por falta de água fresca (e, ainda hoje, eles têm de lidar com essa dificuldade). Só os ingleses é que lá estabeleceram as primeiras colónias, sendo que, hoje em dia, a língua oficial ainda é o inglês. Antigua não é excepção à regra face a todas as outras ilhas das Caraíbas: nos meses de Outubro a Março, dedicam-se ao turismo; nos meses do verão europeu, como é a época local dos furacões e tempestades, dedicam-se ao comércio, muitas delas, ao comércio de bananas.



[wp-svg-icons icon=”location-2″ wrap=”i”] Terceira paragem: Dominica
Este foi um dos meus sítios favoritos de toda a viagem. Não sei se terá sido do nosso roteiro, ou se terá sido por, pela primeira vez, termos todos estado em contacto ainda mais com as pessoas da ilha. Só sei que este dia foi dos melhores!
Há uma coisa sobre a qual ainda não falei, e que me parece ser comum a todas as ilhas das Caraíbas: os táxis. Algo que nos parece tão banal, nestas ilhas, é um autêntico negócio na época de turistas. Em cada ilha, sempre que saíamos do navio, esperavam-nos diversos grupos de taxistas (com uniforme e credencial certificada), cuja função é conduzir os grupos de turistas em táxis (quem diz táxis, não se refere a carros, ali, mas sim a carrinhas de 10 lugares que abanam por todo o lado!) pelo percurso que os clientes escolherem. E foi o que fizemos na Dominica. Claro que todo este processo engloba um delicado momento para se regatear o preço, pois o taxista acompanha o turista o dia inteiro, por onde este decidir, mas deixo essa tarefa do regateio para o meu pai, obviamente.
Escolhemos para a nossa “excursão” diária pela ilha, um simpático taxista, cujo filho de 17 anos fez de nosso guia, contando-nos a História de Dominica. Sei que este texto não é muito histórico, e nem tenciono torná-lo assim, mas deixo aqui um ponto que me pareceu interessante sobre a ilha (e é o único de que me consigo lembrar agora): as suas primeiras tribos tinham práticas canibais! Interessante…
Durante todo o dia, acompanhados pelo simpático taxista e pelo seu filho, que estava a treinar para ser taxista um dia, também, demos a volta à ilha. Parámos perto da selva, onde caminhámos um pouco, no verdadeiro ambiente húmido e pesado típico de uma rainforest. Encontrámos duas maravilhas naturais: uma enorme cascata (Trafalgar Falls) e a linda Emerald Pool, que fazia jus ao nome, tratando-se de uma lagoa com águas de cor verde esmeralda. Confesso que aí me senti tentada a dar um mergulho na lagoa, como os outros turistas faziam, mas toda a aventura de tirar a roupa, encontrar um sítio seguro e seco para a pousar, e o facto de saber que a humidade da selva não me deixaria secar depressa, fez com que deixasse esse mergulho para uma outra ocasião. Enfim…
Finalmente, fomos descansar na “Nero Beach”. E qual é a particularidade da mesma? Tem areia negra! O que é estranho, tendo em conta que não é a típica praia paradisíaca de areia branca fina, mas sim preta. Tendo esta sido a minha primeira praia de areia negra (sim, falha minha, nunca fui aos Açores), foi um momento bastante animado. Obrigada, Dominica, por teres sido tão cheia de experiências novas!



[wp-svg-icons icon=”location-2″ wrap=”i”] Quarta paragem: Barbados
Sim, não devo ser a única que, ao ouvir falar em Barbados, se lembra logo da Rihanna. E não, até ao dia, não sabia nada sobre esta ilha para além da querida RiRi.
Barbados revelou-se como a ilha mais divertida. Estão a ver os actores que fazem de piratas em “Os Piratas das Caraíbas”, magros, com as suas rastas e dentes de ouro? Pois bem, era assim a população de Barbados. E esta sensação de estar num sítio diferente, rodeada de gente que parecia ter saído de um filme, tornou este dia em Barbados ainda mais animado. E foi o dia mais radical!
A minha irmã dizia, desde o início da viagem, meio a sério, meio a brincar, que já estávamos nas Caraíbas há tanto tempo, que era inadmissível ainda não termos visto uma única tartaruga! E, realmente, era inadmissível, pois era como ir a Roma e não ver o Papa! Ora, não é que nos surgiu a oportunidade de vermos as ditas tartarugas em Barbados?!
A praia, em Barbados, é a típica praia paradisíaca e maravilhosa das Caraíbas: águas de um azul cristalino, areias de um branco brilhante. Calhou que, na praia aonde nos tínhamos dirigido, houvesse excursões que levavam os turistas em barcos pela baía da praia, dando-lhes a oportunidade de mergulhar com as tartarugas, e fazer snorkeling junto de um navio inglês da 2ª Guerra Mundial que havia naufragado nessa mesma baía! E foi isso mesmo que fizemos no nosso dia em Barbados.
Começámos pelo snorkeling junto ao navio naufragado. Nadar e mergulhar por cima de algo tão grande, coberto e algas e conchas, com imensos peixes em volta, impõe respeito. Afinal, não é todos os dias que mergulhamos ao pé da carcaça ferrugenta de um monstro dos mares, invadindo o território dos peixes e de outros seres marinhos. Senti que era a maneira perfeita de terminar o ano (estávamos no dia 30 de dezembro de 2016). A dado momento, dei por mim a pensar no Titanic, e em quão parecida deve ser a sua imagem, assim, no fundo do mar, como aquele seu mini irmão…
Após esta experiência, era o momento de nadar com as tartarugas. Racionalmente, eu só pensava: “As tartarugas são animais tímidos e não gostam desta confusão de turistas, no meio da água, a tentar fotografá-las! Como será que vamos conseguir ver uma que seja?!”. Mas não vimos só uma: vimos duas! Apareceram quando toda a gente esperava, na água, que elas se mostrassem. Até que alguém começa a gritar que elas estavam a nadar, simplesmente, abaixo de nós! E lá estavam elas, duas tartarugas grandes, bastante divas, porque, calmamente, passavam por baixo de todos os turistas, sendo fotografadas e levando alguns toques nas carapaças, para depois desaparecerem, tão rapidamente como tinham chegado. Umas autênticas popstar! Não lhes perguntei se tinham 150 anos, ou se conheciam o Nemo, ou se sabiam o caminho para Sidney. Mas toquei na carapaça de uma, e senti que o meu ano estava completo.



[wp-svg-icons icon=”location-2″ wrap=”i”] Quinta paragem: Grenada
Tenho de admitir, com muita vergonha minha, que o nome desta ilha não me saiu certo logo ao início. A pronúncia escapava-me para “Granada” (com sotaque espanhol) ou “Grenade” (com sotaque inglês), mas trata-se da bela ilha de Grenada (e não, também não é com o sotaque francês!), e ficou-me muito marcada na memória, graças a uma pessoa que lá conhecemos.
Essa pessoa foi a Martha, a nossa taxista para o dia, e a história dela não é fácil. Nesse dia, celebraria a data de casamento com o marido, se este não tivesse falecido de doença, há cerca de um ano. No início do dia, tinha-nos sido dito que éramos uns sortudos, por termos ficado com a única taxista feminina da ilha, mas agora descobríamos o porquê de esta ser a única com esta profissão (muito diferente dos trabalhos do resto das mulheres das ilhas das Caraíbas): esta era a profissão do marido, e o seu último desejo antes de falecer, fora que Martha continuasse com este negócio. Agora, lá estava ela, sem filhos e marido, com a sua grande carrinha e, por companhia, os turistas e todos os taxistas homens (que, no fundo a tratavam como uma princesa!), respeitando o último desejo do marido. A história dela sensibilizou-me, mas o que mais me sensibilizou foi que ela nos contou tudo isto com um sorriso nos lábios, sem lágrimas ou com pena de si própria. Simplesmente, contou-nos a história de vida dela, porque tinha Fé e sabia que esta agora seria a sua vida da qual nunca se deveria envergonhar. Obrigada, Martha, pelo teu testemunho, no último dia do ano. Deu que pensar…
Ora, passando ao nosso roteiro, esta é a ilha das especiarias. Mal atracámos, sentimos, a entrar pela janela, o cheiro característico de todas as especiarias exóticas, e a Martha fez o favor de nos levar a uma lojinha onde estas se vendiam, e onde pudémos tirar a típica fotografia com as mulheres que as vendem, vestidas com as coloridas roupas tradicionais. Para além das especiarias, Grenada, apesar de muito pequenina, também é palco de cascatas e selvas; autênticas belezas naturais. Numa das cascatas onde estivemos, os nativos subiam ao topo da mesma, para depois se atirarem, numa queda que, de certeza, partiria um braço ou uma perna a qualquer um de nós, turistas inexperientes.
Martha levou-nos, também, ao forte Frederik, no topo da ilha. Do cimo era possível ver-se uma paisagem de cortar a respiração que abarcava quase todo o sul da ilha. (Uma nota rápida sobre este forte, construído pelos colonizadores franceses: é um dos únicos do Mundo que nunca disparou uma única bala de canhão de modo ofensivo!). Para nos despedirmos da ilha, ainda demos o nosso último mergulho do ano numa das praias, e passámos pelo museu do chocolate na capital, Saint George. O chocolate é uma produção muito tradicional, e o museu é a perdição para todos aqueles que são fãs de chocolate negro mas, para quem não gosta, como eu, é um bom momento para saber como é feita a produção do chocolate na ilha. Afinal, o saber não ocupa lugar.



[wp-svg-icons icon=”location-2″ wrap=”i”] Sexta e última paragem: Porto Rico
E estávamos de regresso ao ponto de partida, no dia 2 de janeiro. Com imensa tristeza, deixámos o navio, mas dirigimo-nos para um hotel, em San Juan: afinal, ainda tínhamos cerca de dois dias nas Caraíbas, desta vez, para aproveitar bem Porto Rico.
Se me falarem em Porto Rico, só me vem à cabeça a célebre história do musical West Side Story, sobre um grupo de porto-riquenhos emigrados na América que andavam em zaragatas com os gangues de americanos locais. E o mais engraçado disto tudo é que Porto Rico, apesar de ter o espanhol como idioma e da sua cultura ser tão própria, é hoje uma ilha pertencente aos EUA! Quem diria…
Começámos por alugar um carro e variar um pouco no roteiro a escolher: ao invés de irmos para a praia, que ficava a 5 passos do hotel, fomos para a selva, mais concretamente para a o Parque Florestal El Yunque. Esta é uma zona lindíssima e misteriosa, onde a estrada entra pela floresta adentro e os turistas podem fazer imensas caminhadas, quer seja para ver cascatas místicas, ou espreitar e apreciar a vista por miradouros altíssimos. Escusado será dizer que o ar húmido e a chuva miudinha criavam um ambiente fantástico nesta rainforest, portanto nos miradouros era possível ver-se a evaporação das águas a sair do manto verde das árvores, sob a forma de enormes nuvens de fumo, pois o ar nunca deixava de estar quente. Nunca vi nada assim!
Após as caminhadas na selva descemos à zona costeira para a segunda aventura do dia: ir ver a bioluminescência numa das únicas lagoas do Mundo com este fenómeno natural. A bioluminescência consiste num fenómeno natural originado pelo plâncton, que cria o efeito de que as águas estão a brilhar de cor fluorescente, quase como se alguém tivesse despejado um pega-mostros no mar. Parece magia! Ora, em todo o Mundo, apenas existem 10 lagoas bioluminescentes, sendo que, só em Porto Rico, existem 3! Ou seja, tínhamos de aproveitar!
Na zona de Fajardo existe uma dessas lagoas onde cerca de 12 companhias de caiaques levam os turistas à lagoa à noite para ver a bioluminescência. É importante referir que nós não tínhamos reservado nenhuma excursão de caiaques, portanto, quando lá chegámos, foi preciso lutar para encontrar uma companhia que ainda tivesse vagas (plano falhado) ou que tivesse desistências (o que, felizmente para nós; veio a acontecer devido a uma das chuvas mais fortes que já apanhei naquele lado do Oceano!). Após termos, finalmente, conseguido um caiaque, foi-nos avisado que por obra de um fenómeno natural da Mãe Natureza, a bioluminescência da lagoa tinha sido prejudicada, estando, de vez em vez, nos 40%, ou nos 80%. Só Deus sabia como estaria naquela noite, ou seja, podíamos chegar lá e não ver nada! Com a chuva torrencial toda esta situação se tornava cada vez mais frustrante, mas lá decidimos entrar nos caiaques, depois de uma breve explicação dos monitores. E, nesse santo momento, deixou de chover! Obrigada São Pedro!
Começava, então, a aventura para chegarmos à lagoa onde a magia ia acontecer. Para começar, tínhamos de seguir os nossos guias por centro de um canal, no meio da selva de mangues totalmente às escuras e só vendo os caiaques da frente, com as raízes e lianas das árvores a caírem dentro da água à nossa volta. Confesso que me senti no set de um filme de terror e, para “animar” ainda mais a coisa, as outras companhias de caiaques também haviam começado a levar os seus clientes para o canal. Assim, é só imaginar: cerca de 12 companhias de caiaques, cada uma com cerca de 15 caiaques, cada um com dois remadores inexperientes, todos a tentar atravessar um canal apertadinho, à noite e às escuras. Ah, e estou a esquecer-me que ainda havia duas companhias com barcos a motor que estavam autorizados a passar por ali! Foi o caos! Ora, como eu sou uma pessoa que se dá “lindamente” no meio da confusão e não tem medo nenhum de cair em águas desconhecidas à noite, no meio da selva, pode-se dizer que fiquei sempre em total controlo do meu caiaque (ironia pura). Acabei por chegar à lagoa tal e qual uma diva: a ser puxada pelo forte guia Jorge, que não só puxou o meu caiaque, como o caiaque de duas outras chinesas que estavam tão em stress como eu! Desculpa lá o esforço extra, Jorge!
Finalmente, na lagoa da bioluminescência, apesar de não estarmos a contar ver lá grande coisa, conseguimos vê-la! Não era um brilho fluorescente, como eu esperava, e já nos tinham dito no início, que seria difícil ver bem, devido ao referido fenómeno da Mãe Natureza; mas dava para ver uns brilhos na água, se agitássemos as mãos ou as pagaias nela. Era como se a minha mão se enchesse de purpurinas sempre que eu a agitava dentro de água, para depois poder ver essas purpurinas mágicas a espalharem-se por todo o lado! Se 2016 tinha terminado em beleza ao nadar com as tartarugas em Barbabos, 2017 começava com a magia da bioluminescência. Obrigada, Deus, por estes momentos!
A nossa vinda pelo canal foi muito mais calma, pois éramos os únicos a atravessá-lo, mas como estava na última canoa ouvia constantemente toda a calma da Natureza a ser perturbada por vultos escuros (que não conseguia identificar sem luz) que se atiravam à água muito perto do meu caiaque! Juro que, se uma dessas coisas me caísse no caiaque, ou pior, na cabeça, eu enfartava ali mesmo! Mais tarde, já em terra, perante os risos dos guias, vim a saber que, na lagoa habitava um tipo de peixe muito parecido às barracudas, e que os “splashes” que ouvia ao pé de mim, já no canal, pertenciam às iguanas gigantes… Enfim!
No dia seguinte, era o fim de todas as aventuras. O avião para uma cansativa escala de 6 horas em Nova Iorque estava à espera. Mesmo assim, ainda houve um tempinho para conduzirmos pela cidade/capital de San Juan. Esta tinha todo o estilo das calles espanholas, com cores vivas e igrejas e fortes ao estilo europeu. E era linda. Prometi voltar em breve.



Não posso dizer que tive um só momento favorito em toda a viagem. Todos estes pedacinhos de aventura, risos com a minha família, simpatia dos habitantes locais e beleza das Caraíbas, trouxeram-me memórias calorosas que me dão gosto em partilhar. Infelizmente para nós, europeus, chegar ao outro lado do Mundo exige sacrifícios. Mas, como um homem sábio (que todos conhecemos bem) disse uma vez: “Tudo vale a pena se a alma não é pequena!”. E não posso estar mais de acordo.
Despeço-me, assim, com uma frase que li uma vez, e cuja tradução do inglês faço aqui, livremente: “Caminhem com admiração, e todo o Mundo se torna vossa casa.”- Tyler Knott Gregson.
[wp-svg-icons icon=”bubbles-4″ wrap=”i”] Espanhol, Inglês, Francês e Holandês
[wp-svg-icons icon=”users” wrap=”i”] 39 169 962 hab. (2009)
[wp-svg-icons icon=”coin” wrap=”i”] Dólar do Caribe (XCD)
[wp-svg-icons icon=”power-cord” wrap=”i”] Americanas, 3 pinos
[wp-svg-icons icon=”aid” wrap=”i”] 511
[wp-svg-icons icon=”sun-3″ wrap=”i”] O clima nas diferentes ilhas das Caraíbas é tropical, variando as temperaturas entre os 25ºC e os 35ºC. Entre junho e novembro há a ocorrência de tempestades tropicais com fortes chuvadas. Neste período registam-se furacões com alguma frequência
Texto maravilhoso, a começar pelo título!! Os detalhes e descrição são de alegrar o coração dos curiosos por viagens! Parabéns, Cláudia! Uma pena você não ter tempo para escrever sobre todas suas outras viagens fantásticas! ?