Tudo o que precisa de saber para fazer o Caminho de Santiago

O Fábio percorreu o Caminho de Santiago de Compostela e agora está no W360.PT para dar dicas a quem também o quer fazer.

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Certamente que já ouviram falar dos Caminhos de Santiago, que como o próprio nome indica, são os percursos percorridos por peregrinos que afluem a Santiago de Compostela em Espanha. Desde o século IX que peregrinos percorrem estes caminhos com o fim de venerar as relíquias do apóstolo Santiago Maior. Durante a idade Média, o Caminho de Santiago era um dos mais concorridos, sendo apenas superado pela Via Francigena e Jerusalém.

Embora na sua génese estejam motivações religiosas, actualmente grande número de pessoas não o faz por esse motivo. A popularidade do caminho tem vindo a crescer, bem constatado pelo número crescente de peregrinos registados na Oficina de Peregrinaciones da Catedral de Santiago de Compostela.

No mês de Julho de 2014 tive a oportunidade de fazer o caminho, a partir da cidade de Braga, uma jornada que demorou 6 dias. Se neste momento estás a pensar fazer o caminho, neste momento acredito que as dúvidas e incertezas sejam muitas, no entanto assim que passares a primeira seta não vais querer parar.

[wp-svg-icons icon=”calendar” wrap=”i”] A preparação da viagem

O tempo que tive para preparar a viagem foi mínimo, já que o convite surgiu de uma amiga: “Olha, queres fazer o Caminho de Santiago para a semana?”, basicamente, nuns escassos segundos dei a minha resposta. Tendo apenas uma vaga ideia do que era o Caminho de Santiago de Compostela, a primeira coisa que fiz foi pesquisar no motor de busca Google: “Caminho de Santiago de Compostela”. A informação é imensa, existem muitos blogs, muitos sites, no entanto terá de existir um enorme trabalho de filtragem. De toda a informação pesquisada, destaco o livro Caminho Central Português, da Asociación Galega Amigos do Camiño de Santiago.

Na recolha de informação, que pode ser variada, a pesquisa em livros, internet, conversa com pessoas que já tenham feito o caminho, acho importante salientar o seguinte:

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[wp-svg-icons icon=”road” wrap=”i”] O trajecto a percorrer

Uma das principais preocupações a ter em conta foi por onde iria andar. Será que o caminho é seguro? Terei de circular com carros ao meu lado? Como é que saberei qual o caminho a percorrer? As dúvidas e os medos são uma fase muito normal na preparação do caminho, mas que no final ganham um carácter altamente redutor. Decidida a cidade de Braga como o ponto de partida, pesquisei o trajecto a fazer até Santiago de Compostela, de forma a ter uma previsão dos dias necessários para a conclusão do percurso. Quanto ao caminho, não houve momento algum em que me sentisse inseguro. Apenas uma parte mínima do caminho é feita por zonas urbanas, o restante é feito por caminhos e trilhos silenciosos, em pleno contacto com a natureza. Relativamente ao caminho a percorrer, este está devidamente marcado, a cada esquina ou entroncamento com as míticas setas amarelas.

[wp-svg-icons icon=”home” wrap=”i”] Albergues

Ao longo do percurso existem Albergues para peregrinos, locais onde estes possam pernoitar, por um baixo custo. Os preços em média variam entre os cinco e seis euros, havendo outros em que se possa deixar um valor simbólico, à consideração do viajante. Foram cinco os albergues onde pernoitei:

[wp-svg-icons icon=”home” wrap=”i”] Albergue de Ponte de Lima
[wp-svg-icons icon=”home” wrap=”i”] Albergue Quinta da Estrada Romana
[wp-svg-icons icon=”home” wrap=”i”] Albergue de Pontevedra
[wp-svg-icons icon=”home” wrap=”i”] Albergue de Peregrinos La Posada de Doña Urraca- Caldas de Reis
[wp-svg-icons icon=”home” wrap=”i”] Albergue de Peregrinos de Teo

O caminho foi feito em Julho, como tal as temperaturas estavam bastante agradáveis, talvez até um pouco de calor a mais. Dica importante: sair o mais cedo possível dos albergues, talvez cinco e meia ou seis da manhã, tendo isso duas vantagens. A primeira é apanhar tempo fresco, facilitando um maior número de quilómetros percorridos logo pela manhã; a segunda, chegar ao próximo albergue a pernoitar não muito tarde, conseguindo  assim assegurar um lugar. Num dos albergues em que fiquei, foi por pouco que consegui lugar, mais cinco minutos e teria de andar mais 20 quilómetros até ao próximo.

A pernoita nos albergues implica a aquisição de uma Credencial do Peregrino, que tem um custo de um euro e meio. A Credencial serve como documento de identificação, juntamente com um documento legal de identificação. Ao longo do percurso a caderneta vai sendo carimbada, em cafés, pousadas, igrejas, albergues por forma a comprovar a realização do caminho.

[wp-svg-icons icon=”briefcase” wrap=”i”] O que levar na mochila

A dica passa por levar o estritamente essencial, pois nos primeiros dez a vinte quilómetros já não vão querer uma mochila às costas. Durante o percurso, por mais que se filtre o que levar, vão ver que o excesso é uma realidade. Assim, enumero o que levei:

[wp-svg-icons icon=”pushpin” wrap=”i”] Toalha microfibra
[wp-svg-icons icon=”pushpin” wrap=”i”] 3 pares de meias
[wp-svg-icons icon=”pushpin” wrap=”i”] 3 conjuntos de roupa interior
[wp-svg-icons icon=”pushpin” wrap=”i”] 1 par de chinelos de dedo
[wp-svg-icons icon=”pushpin” wrap=”i”] 1 par de sapatilhas
[wp-svg-icons icon=”pushpin” wrap=”i”] 2 t-shirts
[wp-svg-icons icon=”pushpin” wrap=”i”] calções
[wp-svg-icons icon=”pushpin” wrap=”i”] 1 par de calças
[wp-svg-icons icon=”pushpin” wrap=”i”] um casaco fino
[wp-svg-icons icon=”pushpin” wrap=”i”] kit higiene (pasta/escova de dentes; champô (mini); gel de banho(mini); toalhitas)
[wp-svg-icons icon=”pushpin” wrap=”i”] Protector solar
[wp-svg-icons icon=”pushpin” wrap=”i”] Saco cama

Levei ainda:

[wp-svg-icons icon=”pushpin” wrap=”i”] Máquina fotográfica
[wp-svg-icons icon=”pushpin” wrap=”i”] Caneta
[wp-svg-icons icon=”pushpin” wrap=”i”] Bloco de Notas
[wp-svg-icons icon=”pushpin” wrap=”i”] Algumas cópias com o percurso a efetuar
[wp-svg-icons icon=”pushpin” wrap=”i”] Telemóvel
[wp-svg-icons icon=”pushpin” wrap=”i”] Carregador
[wp-svg-icons icon=”pushpin” wrap=”i”] Barras de cereais
[wp-svg-icons icon=”pushpin” wrap=”i”] 1 garrafa água

[wp-svg-icons icon=”coin” wrap=”i”] Custos de Viagem

Relativamente aos custos da viagem, posso dizer que rondou os dez a quinze euros por dia: cinco ou seis euros para pernoitar nos albergues e o restante em alimentação. Todos os albergues onde fiquei estavam dotados de equipamentos para cozinhar a própria refeição. Durante todo o percurso foi muito fácil captar água em fontes de água potável ou comprar em cafés, minimercados ou supermercados, por isso basta transportar uma garrafa apenas. A viajem de regresso certamente será o custo mais elevado da viagem, tive a sorte de ter boleia.

Mais do que ter como fim último a chegada a Santiago de Compostela, a dica é usufruir ao máximo a viagem, sair cedo dos Albergues, e aproveitar todas as etapas da viajem. São muitas as estórias para contar no final da viagem, sendo a imensa a vontade de realizar novamente o caminho!

 

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