Uma das formas de conhecer a história é a através da visita a monumentos. Estes lugares costumam estar marcados de forma muito vincada pelo tempo em que nasceram e ajudam-nos a perceber as prioridades que quem os mandou erguer tinha na época. É assim com castelos e palácios e tanto de uns como de outros, Portugal está repleto.
As visitas começam sempre por algum contexto que nos ajuda a perceber os detalhes, mas há sempre barreiras que não nos deixam ser transportados para o corpo e mente das pessoas que os usaram na sua função original. Muitas vezes as barreiras são literais, como as baias que nos impedem de chegar à cama onde reis e rainhas dormiam durante os seus reinados, ou os acrílicos que nos impedem de nos sentarmos numa cadeira que em algum momento pode ter servido para um rei se sentar e assinar uma autorização para o início de uma guerra.
Como seria viver aqui? Esta é a pergunta que muitas vezes fazemos e nos esforçamos por lhe dar uma resposta, mas nem sempre é fácil tal é o fosso que separa os tempos.
No Palace Hotel do Bussaco não é difícil responder a essa pergunta. Estamos perante um edifício que é um hotel, nasceu para ser um hotel, mas nem por isso deixa de ser um monumento em que podemos entrar, sentar, deitar e até comer.
Construído em 1885, nasce numa época de más memórias para Portugal. O trágico século XIX trouxe invasores, dívidas para com alguns dos aliados históricos e a bancarrota do país. Talvez porque o clima não era o melhor, este edifício surge numa espécie de recuperação do passado, em estilo neo-manuelino, sendo um exemplar perfeito da arquitetura revivalista que olhava para o passado triunfante de uma nação grande que era preciso recuperar.
Quando Emídio Navarro, à época Ministro das Obras Públicas, quis erguer este monumento onde era possível dormir, também quis afirmar o neo-manuelino como um estilo nacional. Uma vez mais com os olhos nos grandes feitos enquanto nação, não era só com novos mundos que Portugal se afirmava, também a arte era dessa imposição mundial um exemplo.
Apesar da nostalgia, não deixa de ser curioso que o Palace Hotel do Bussaco tenha nascido no interior de Portugal. O turismo estava essencialmente concentrado na zona de Lisboa, com Sintra em grande vantagem, mas foi no coração do país que nasceu o primeiro hotel de luxo. No final do séc. XIX o turismo continuava a ser para um grupo de privilegiados, mas já não era apenas para os mais ricos dos mais ricos e Portugal queria afirmar-se como destino.
Na altura, como agora, o Palace Hotel do Bussaco era um hotel de alto gabarito e muito cuidado nos detalhes. Mobilado e decorado com várias obras de arte, frescos nos tetos e em algumas paredes e azulejos pintados à mão onde é retratada a Epopeia dos Descobrimentos Portugueses e a Batalha do Bussaco. Tudo elementos que aqui podem ser observados mas também tocados, sem a distância imposta pelas baias de outros monumentos.
As cinco estrelas desta unidade hoteleira são reflexo de um serviço de qualidade superior e é acima de tudo por isso que se destaca. Aqui não há piscina nem spa, como nos mais modernos hotéis, mas também não dá para se ficar dentro de portas com uma das mais exuberantes florestas a circundá-lo.
A mais de 500 metros de altitude, a Mata do Bussaco tem uma dimensão relativamente pequena quando comparada com outras semelhantes em toda a Europa, mas surpreendentemente consegue ter uma variedade de espécies bem superior. Um dos grandes destaques vai para o grande cedro do Bussaco que deixa qualquer um de queixo caído.
Plantada e murada pela Ordem dos Carmelitas Descalços no 1º quartel do séc. XVII, é um lugar de descoberta com dezenas de fontes, capelas de ermitas e miradouros que podem ser descobertos em vários trilhos de caminhada devidamente assinalados.
Com tanto para descobrir cá fora, a sério que um spa ou uma piscina conseguiam atrair alguém?
[wp-svg-icons icon=”location-2″ wrap=”i”] Mata do Bussaco, Luso, Portugal
[wp-svg-icons icon=”coin” wrap=”i”] a partir de €75/pessoa (noite)
[wp-svg-icons icon=”stats” wrap=”i”] 7,8 (Bom no Booking.com)
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