A idade de Roma permite-lhe ser uma cidade com várias camadas e com histórias suficientes que se prolongam no tempo, outras que têm princípio, meio e fim e ainda outras que ninguém sabe muito bem como começaram ou até se são verdadeiras ou não. Roma é uma cidade de mitos e uma vida inteira talvez não chegue para conhecer todos os detalhes da vida de cada recanto.
A Boca da Verdade é mais uma peça de um puzzle incompleto. É um atração localizada na entrada da Igreja de Santa Maria in Cosmedin que todos visitam mas ninguém sabe bem onde tudo começou. No dia em que a visitámos a fila ia longa e a espera prolongou-se por mais de quarenta minutos até conseguirmos pôr a mão onde toda a gente põe. A espera justifica-se com a necessidade de tirar uma foto em várias poses, sendo que uma delas deve ser com ar de preocupação, uma vez que esta atração tem poderes insondáveis.
O acesso ao local é gratuito e a observar os passos dos visitantes está um guarda, sentado mesmo em frente à fonte, e que de vez em quando é responsável por gritos que levam muitos dos turistas a assustar-se e tudo isto está relacionado com o poder que a Boca da Verdade tem.
A função original desta pedra redonda com uma cara humana barbuda é alvo de discórdia. Apesar de a maioria dos historiados acreditarem que se tratava de uma tampa de esgoto, a verdade é que muitos defendem que em tempos foi uma fonte e a boca onde hoje os turistas põem a mão para a fotografia seria o local de onde jorrava água.
A teoria da tampa de esgoto ganha mais fãs porque as que existiam na Roma antiga tinham precisamente este formato e eram dedicadas a vários deuses mitológicos. Neste caso, o Deus representado seria o Deus dos Oceanos. Também nisto não há consenso porque é possível encontrar referências ao Deus do Rio Tibre, as águas que banham Roma.
A verdade é que a Boca da Verdade está neste lugar há vários séculos, desde 1632 pelo que não é apenas para os mais contemporâneos que surge como atração. Há muito tempo que os romanos a transferiram da sua utilidade quotidiana para ser um ponto decorativo e de romarias.
Como já dissemos a Boca da Verdade é visitada para que quem dela se aproxima possa pôr a mão dentro da boca, fazendo uma afirmação. Reza a lenda que se a afirmação em causa estiver errada, a boca fecha-se e morde o mentiroso. É uma espécie de polígrafo pré-histórico em que poucos acreditam mas ninguém resiste a experimentar.
A lenda que terá dado origem a esta ideia conta a história de um marido que desconfiava que a mulher o traía. Para tirar as dúvidas, leva-a até à Boca da Verdade. Negando a traição, e ao aproximar-se da escultura, a mulher finge um desmaio e acaba amparada por um homem que estaria a passar ali por acaso, mas na verdade era o seu amante. Quando chega o momento do teste da fidelidade, jura com a mão na Boca que só tinha estado nas mãos do marido e daquele homem que tinha acabado de a amparar. A mulher acaba livre de suspeitas porque a escultura não reagiu.
[wp-svg-icons icon=”ticket” wrap=”i”] gratuito
[wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] todos os dias: 9h30 às 18h [wp-svg-icons icon=”compass” wrap=”i”] A estação Circo Massimo é a mais próxima da Boca da Verdade. Fica na linha B. [wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] É possível ver a Boca da Verdade a partir do exterior da vedação que protege o local. Se quiser aproximar-se e tirar uma fotografia conte com tempos de espera na fila que podem chegar a uma hora.