Não é preciso procurar muito por ela. As torres que se erguem a mais de 100 metros de altura deixam que se veja de qualquer ponto da cidade e fica claro que estamos perante um dos monumentos mais relevantes de Salamanca. À medida que contarmos esta história vai ficar claro que se trata também de um dos monumentos mais importantes do país.
Esta cidade acolhe a universidade mais antiga da Península Ibérica e uma das mais antigas do mundo. Apesar de reservada às franjas mais altas da sociedade, esta instituição de ensino foi a grande responsável pelo aumento da população e pela necessidade de se construir uma nova Catedral. Maior, mais imponente, mas não solitária. Ao contrário do que acontecia noutras latitudes, o novo templo ergueu-se sem que o antigo fosse deitado abaixo e ainda hoje convivem no centro da cidade.
A velha, construída no Séc. XII, é mais modesta, mas representa com orgulho o Gótico e o Romântico, numa definição clara do seu tempo. A nova é mais conservadora porque ficou pronta em 1733 e o Gótico e o Barroco parecem quase ultrapassados, tendo mesmo sido uma das últimas construções espanholas erguidas com estes estilos.
Entremos. A primeira reação, quase inevitavelmente, vai ser olhar para cima e abrir a boca. O nível de detalhe é tão grande e tão delicado que a pedra esculpida parece filigrana. Todo o tempo do mundo não vai ser suficiente para se descobrirem todos os detalhes, mas há um que não nos pode mesmo escapar: o astronauta.
Se é certo que o estilo de construção deste monumento estava quase ultrapassado no Séc. XVIII, a verdade é que pode haver um elemento que o transforma no mais vanguardista do planeta. Numa época em que o mar era o caminho de descoberta de novos mundos, poderia um arquiteto conseguir desenhar e esculpir um astronauta tal e qual como o conhecemos hoje? As teorias sucedem-se.
Há quem defenda a pés juntos que o astronauta é original e estava ali no dia em que a Catedral de Salamanca abriu as portas aos fieis pela primeira vez. Há uma segunda teoria, ainda mais rebuscada, que defende que aquela escultura é obra de extraterrestres.
Por motivos lógicos, concordamos que as duas primeiras teorias não estão certas. Vamos avançar na lista até 1755, ano em que o grande terramoto de Lisboa deixou por aqui um rasto evidente de destruição. Apesar dos mais de 500 quilómetros que separam a capital portuguesa desta cidade espanhola, a verdade é que os danos foram sentidos com particular intensidade na cúpula e no campanário do edifício. Ainda hoje é possível ver algumas rachaduras nas paredes.
Este evento surge na lista de teorias para o surgimento do astronauta. Depois deste desastre natural o templo passou por profundas obras de restauro, tendo sido aí que o astronauta foi esculpido. Apesar de mais próximo da realidade, esta teoria continua a fazer pouco sentido, porque a corrida espacial só começou no Séc. XX, duzentos anos depois deste acontecimento.
É então mais provável que a anacrónica figura tenha nascido apenas em 1992, ano de nova reforma. Por esta altura já tinha havido homens no espaço e o insólito acaba por ser menos insólito. Apesar desta ser a teoria mais racional, a verdade é que não há registos claros sobre quem, como e porque é que colocou aquela escultura na Porta de Ramos. O arquiteto nunca assumiu a responsabilidade, tendo muitos estudiosos apontado o dedo ao pedreiro que também terá sido o responsável por outra figura pouco usual em templos religiosos desta dimensão: um morcego a comer um gelado.
Não podemos abandonar a Catedral de Salamanca sem olhar para o grandioso órgão de tubos. A verdaeira jóia desta coroa foi construída por Pedro de Echevarria, um dos principais construtores deste tipo de instrumentos em toda a história espanhola.
[wp-svg-icons icon=”ticket” wrap=”i”] crianças: €3 | adultos: €4,75 | grupos, reformados e estudantes: €4 | desempregados: €1,5
[wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] abr. a set.: todos os dias – 10h00 às 20h00| out. a mar. – 10h00 às 18:00 [wp-svg-icons icon=”compass” wrap=”i”] A Catedral de Salamanca fica no centro da cidade. Chegar a ela é possível caminhando durante poucos minutos a partir de qualquer ponto da cidade [wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] Reserve pelo menos uma hora para visitar a Catedral de Salamanca