É bem cedo que o dia começa nas Furnas. Quando aqui chegamos, às seis da manhã, já sabemos que vamos voltar por volta da hora de almoço. A azáfama pouco depois do sol nascer justifica-se porque é agora que as tampas das fumarolas vão ser abertas e é para lá que vão ser mandadas as panelas cinzentas. São precisos dois homens para suportar o peso dos legumes, carnes e enchidos que fazem deste cozido uma das principais atrações dos Açores.
A ilha é de origem vulcânica, sabemos isso desde os bancos da escola, mas só quando visitamos a ilha de São Miguel e nos aproximamos da zona das Furnas é que percebemos que essa origem ainda hoje é bem evidente. Há vapor a sair de todos os buracos possíveis e imaginários, deixando claro que há uma efervescência constante debaixo das terras açoreanas.
Na Poça da Dona Beija ou no Parque Terra Nostra o contacto direto com aquela espécie de termas naturais, a céu aberto, são uma das formas de tomar contacto com os privilégios que estas latitudes têm, mas é aqui que percebemos o quão especial é um dos pratos mais típicos dos Açores e, não será errado dizer, de Portugal inteiro.
Os legumes, as carnes e os enchidos, que bem cedo foram postos debaixo da terra, tampados e cobertos de terra, só voltam a ver a luz por volta do meio dia. São mais de seis horas em contacto com o ambiente quente, muitas vezes a cima dos 40 graus, para que fiquem no ponto ideal para serem consumidos.
Por aqui o cheiro a enxofre não é suportado por qualquer um. É certo que depois de alguns minutos passa a fazer parte do ambiente, mas o primeiro contacto, sejamos francos, não é o mais convidativo. E é precisamente este aroma que muitos dizem contaminar o cozido, o que não é verdade.
Ver a forma de confeção deste prato típico é um dos pontos obrigatórios de uma visita a São Miguel, mas provar como são tenros e saborosos os ingredientes depois de várias horas debaixo da terra também não pode ser dispensado. É mais fácil ver como se faz do que provar, principalmente se a viagem aos Açores fôr em época alta, sendo que o melhor mesmo é procurar os restaurantes das furnas que servem a iguaria e fazer uma reserva atempadamente. Caso contrário, são só mesmo as panelas e o cheiro a enxofre que vai ter a possibilidade de ver e sentir.
[wp-svg-icons icon=”ticket” wrap=”i”] €1
[wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] junho a setembro: 6h às 20h | outubro a maio: 8h às 16h [wp-svg-icons icon=”compass” wrap=”i”] A forma mais prática de chegar às Furnas é utilizando o automóvel. Há estacionamento pago. [wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] Reserve pelo menos uma hora e meia para assistir à colocação das panelas dentro das fumarolas ou à retirada, no caso de ir por volta da hora de almoço.