Chichén Itzá, o diamante do mundo Maia

Num ambiente hostil que tem tanto de exuberante como de perigoso foi construída uma cidade com características únicas, por uma civilização que mais de 400 anos antes de Cristo já dominava técnicas complexas de arquitetura e matemática

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Falar no México a quem está à procura de um sítio para passar férias é falar fundamentalmente de praia, sol, calor e diversão, mas é também falar de história. A história que está muito ligada à progressão da humanidade e ao desenvolvimento de técnicas em áreas tão distintas como a arquitetura ou a astrologia.

Todos entendemos melhor a nossa identidade quando a confrontamos com outras e por isso é que é tão importante viajar e descobrir outras sociedades, mesmo que tenham vivido há milhares de anos. E é mesmo isso que vamos fazer à Península de Yucatán onde 435 anos antes de Cristo nascer, nasceu Chichén Itzá, uma cidade maia de características transcendentais.

Mas antes de falarmos sobre as características arrebatadores deste sítio precisamos de conhecer melhor os anfitriões, os Maias que seriam geniais se só tivessem construído cidades como Chichén Itzá, mas a verdade é que para conseguirem chegar até aqui tiveram que dominar a matemática, a astrologia, a arquitetura, a escrita, a economia e a cultura. Fizeram parte das civilizações que primeiramente inventou e utilizou o zero como representação do nada e desenvolveram uma língua da qual ainda há vestígios em pleno século XXI.

O seu modelo de gestão de cidades criou aquilo a que os ocidentais, mais tarde, chamaram de cidades-estado e que os protegeu de inúmeras ameaças e até retardou a conquista europeia da América do sul. Chichén Itzá é o exemplo de uma dessas cidades em que se percebe um domínio primordial da arquitetura tanto para fins de gestão de populações como de recursos escassos como a água.

Imaginar a construção de uma cidade com estas características, envolvida por uma densa floresta hostil que tem tanto de exuberante como de extremo é quase impossível quando a este exercício juntamos as dificuldades que os camponeses daquela zona ainda hoje têm para sobreviver. E nem falamos do calor intenso que nem a água fresca que transportamos ajuda a suavizar.

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Chichén Itzá é um lugar de misticismo. Parece paradoxal, mas há uma ligação estreita entre crença e racionalidade. A jóia da coroa, o Templo de Kukulkan, é uma das sete maravilhas do mundo e alinha na perfeição estes dois conceitos antagónicos.

Em primeiro lugar porque foi construído em louvor a uma serpente sagrada que os Maias acreditavam voltar depois de um grande incêndio. Em segundo lugar porque é estrategicamente desalinhada, não segue a orientação dos pontos cardeais e isso confere-lhe uma característica curiosa: em todos os equinócios o sol projeta numa das faces desta pirâmide aquilo que parece ser uma serpente e que atrai milhões de visitantes. Também os 91 degraus construídos em cada uma das quatro faces da pirâmide e somados ao último que encima este monumento perfazem um número singular: 365, o número de dias do calendário Maia.

A religião é um traço de identidade de todas as culturas, das mais antigas às mais atuais,  e também os Maias, com toda a sua racionalidade e domínio das ciências exatas têm na religião o seu ponto de afirmação, afinal toda a construção de Chichén Itzá assenta numa lógica de vivência coletiva, mas também de tributo a quem acreditam ser os seus criadores. Por isso seguimos a nossa descoberta em direção ao Cenote Sagrado, uma área restrita onde se acredita que eram mergulhados corpos de jovens e crianças virgens para se entregarem aos deuses.

Mas o Cenote Sagrado tem ainda uma ligação ao complexo desportivo de Chichén Itzá, onde se discutiam assuntos de âmbito judicial como disputas por terras ou controlos comerciais. Não se conhecem com exatidão as regras deste jogo, mas o aro de pedra no topo de uma das paredes sugere que a passagem da bola por ali daria pontos ao jogador. A ligação ao Cenote Sagrado surge fruto de uma certeza associada a uma dúvida: a certeza é que um dos jogadores, no final do jogo, morria e era lançado ao poço, a dúvida é se isto acontecia com o vencedor ou o derrotado porque a morte era vista como uma entrega aos deuses e por isso um privilégio.

A arte e o engenho dos Maias chegou aos dias de hoje e isso é percetível nos vendedores de rua que vamos encontrando. O engenho de cativar quem compra e a arte de fazer peças artesanais, à mão, ali mesmo em frente aos nossos olhos, garantindo que levamos uma recordação verdadeiramente mexicana e não made in China.

Chichén Itzá
[wp-svg-icons icon=”location-2″ wrap=”i”] Yucatán, México
[wp-svg-icons icon=”calendar-2″ wrap=”i”] todos os dias: 8:00 às 16:30

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