Quantos de nós já não andámos com a cabeça às voltas na tentativa de encontrar a prenda ideial para um amigo que já tem tudo. Depois de entrarmos em 1001 lojas não conseguimos deixar de pensar que o presente ideal é aquele que vai surpreender, mas não conseguimos encontrar uma solução.
Terá sido mais ou menos este o raciocínio dos mais de 900 arquitetos que, em 2009, decidiram entrar num concurso da fabricante de elevadores ThyssenKrupp que estava à procura da “nova cara do Dubai”.
Na cidade que já tem um colossal arranha-céus, uma marina perfeita e até ilhas artificiais é difícil conseguir pensar em alguma coisa que possa sobressair. Fernando Donis virou o jogo e criou um novo monumento que faça sobressair o que já existe.
Na cidade ultra-fotogénica, o Dubai Frame serve de moldura de dois lados. A transparência no meio dos dois grandes pilares que erguem uma plataforma de observação a 150 metros de altura, permite que vejamos a Dubai nova quando olhamos de um lado e a Dubai antiga quando olhamos do outro.
A ideia genial do arquiteto mexicano ganhou o concurso, ganhou um prémio monetário e passou do papel para a realidade, mas mesmo assim a polémica instalou-se. Fernando Donis acusa o Dubai de não lhe ter dado os créditos do projeto, nem ter pago os direitos autorais. As autoridades locais negam e usam o prémio do concurso como resposta para a falta de pagamento.
Sendo certo que os Emirados têm uma longa lista de queixas relacionadas com propriedade intelectual, a verdade é que uma pesquisa por imagens no Google usando o nome deste arquiteto revela várias imagens do Dubai Frame. Não é, de maneira nenhuma, um atenuante para a desresponsabilização das autoridades locais, mas é um sinal de que a obra teve um impacto impressionante.
Antes de subirmos nos elevadores que nos vão fazer chegar ao topo percorremos uma área expositiva que nos conta a história da Dubai que começou como vila de pescadores e se transformou numa das metrópoles mais visitadas do mundo. Este museu faz lembrar os pavilhões dos vários países que se apresentam ao mundo na Expo 2020, a primeira Exposição Mundial realizada no Médio Oriente.
Depois de uma curta viagem num elevador panorâmico chegamos ao topo do Dubai Frame, uma plataforma envidraçada que nos dá uma vista desafogada sobre os edifícios mais altos dos emirdados, com evidente destaque para o Burj Khalifa, o arranha-céus mais alto do mundo.
Parece evidente que os atrativos da cidade se vêm girando a cabeça 360º, é verdade, mas a 150 metros de altura também se pode olhar para o chão. No centro da plataforma há vidros que parecem opacos quando vistos à distância, mas assim que são pisados ficam transparentes proporcionando uma experiência imprópria para quem tem vertigens.
No topo do Dubai Frame há ainda um bar para quem quiser passar por lá mais algum tempo. Quem não quiser, pode avançar para a saída, descendo pelo pilar contrário ao da entrada.