A melhor forma de começar a descoberta de Dublin é parar o mais rapidamente possível num bar e pedir uma cerveja Guinness. É uma marca mundialmente conhecida, mas é aqui que faz sentido bebê-la porque é aqui que conseguimos chegar ao fim do copo e ir à procura dos segredos que fazem desta bebida um símbolo nacional irlandês.
Antes de entrarmos na Guinness Storehouse, e ainda no bar onde bebemos a primeira cerveja da viagem, vamos olhar para o copo. Há uma arpa dourada que serve de logotipo à marca, ladeado pelos números 17 e 59. Juntos fazem o ano de nascimento da cerveja e dizem-nos que estamos na presença de uma verdadeira relíquia, que faz agora 260 anos. Mas voltemos à arpa dourada. É muito semelhante à que surge na bandeira da Irlanda, mas não é exatamente a mesma porque a posição em que aparece representada é oposta. Também neste detalhe há um sinal de história. A arpa da Guinness é mais antiga do que a da Irlanda. Foi o país que quis herdar o símbolo da bebida e não o contrário.

Beber um copo desta cerveja preta é quase o equivalente a fazer uma refeição completa. Meio litro com uma quantidade generosa de álcool pode até pedir uma sesta, mas o caminho mais lógico é o que vai dar a St. James Gate, onde está localizada a fábrica da cerveja Guinness e onde vai continuar a estar por muitos anos, tendo o contrato de arrendamento do espaço sido assinado para novecentos anos, um dado que pode ser confirmado logo na entrada pelos visitantes através do documento original.
É aqui que todos os dias se produzem dezenas de milhares de litros de cerveja que serão distribuídos por todo o mundo, mas não é a essa produção que os visitantes vão ter acesso. Em algumas zonas do edifício até é possível ver os camiões a serem carregados, mas estamos num verdadeiro museu, ultra-interativo e muito cativante.

Tudo começa com a apresentação dos ingredientes necessários a produção da cerveja, que na verdade serão exatamente os mesmo para a maioria das cervejas produzidas em todo o mundo. Água, lúpulo, malte e levedura, são os ingredientes desta receita, a forma de os combinar vai sendo revelada nos próximos pisos.
Na verdade não é exatamente assim, conseguir chegar à receita final desta bebida implica vários passos e apenas vamos sabendo que um moinho, um torrador, um alambique e barris gigantes de madeira fazem parte do processo, o que acontece exatamente em cada um deles é mais difícil de explicar.


Bem podemos perguntar a quem passa quais são os passos seguintes, mas ninguém nos vai querer dizer e acreditamos até que são poucos os que sabem o segredo, por isso as únicas receitas a que vamos ter acesso – e até as podemos levar para casa – são receitas de bolos e assados que podem ser temperados com esta cerveja.

A história de uma marca com projeção global só faz sentido se o produto for de qualidade, mas também se conseguir comunicar ao mundo as suas particularidades e a Guinness foi conseguindo fazer essa comunicação de forma exímia. Entre as campanhas publicitárias que vão sendo dadas a conhecer aos visitantes há uma que é particularmente curiosa, muito própria do seu tempo. Em 1916 foram lançadas ao mar centenas de garrafas de vidro com mensagens no interior que muitos anos depois foram chegando a diferentes destinos, dando a conhecer a marca. Nos dias de hoje talvez fosse uma campanha reprovável, mas há 100 anos é de se tirar o chapéu.
Estamos a falar de uma cerveja que pode ser comprada em garrafa, mas nos bares irlandeses a forma mais comum de a consumir é no copo, em jeito do que por cá chamaríamos de imperial (ou fino, mais a norte). Servir uma cerveja no copo não é uma tarefa para qualquer um, pelo menos qualquer um que não tenha feito formação, a formação que é dada no interior do museu, com direito a diploma e tudo.
Feita a visita, conseguido o grau académico e com os pés a doer porque para se conhecer esta história é preciso tempo, nada melhor do que terminar o périplo no topo do museu, num bar panorâmico com vista para toda a fábrica e toda a cidade de Dublin, com uma Guinness na mão, pois claro.
[wp-svg-icons icon=”ticket” wrap=”i”] crianças: €6,5 | adultos: €20
[wp-svg-icons icon=”calendar-2″ wrap=”i”] todos os dias: 9:30 às 19:00 [wp-svg-icons icon=”compass” wrap=”i”] O autocarro 123 é o mais prático para chegar à Guinness Storehouse a partir do centro da cidade [wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] Guarde pelo menos três horas para visitar a Guinness Storehouse e poder relaxar no bar panorâmico enquanto bebe uma cerveja.