Quem conhece mal a Rússia, baseando-se apenas naquelas que são as suas posições políticas de questionável democraticidade pode pensar que este é um país isolado e agressivo para quem o visita. Não é exatamente assim. É verdade que há um egocentrismo bem evidente quando à entrada do Hermitage não conseguimos respostas a perguntas básicas porque as fazemos em inglês; também não deixa de ser claro que há uma economia austera de sorrisos; mas quando ultrapassamos os polícias que à entrada nos passam a pente fino com um detetor de metais, percebemos que estamos num dos lugares mais arrojados e desempoeirados do mundo. E não são só turistas que vêm ao Hermitage. Há muitos russos, famílias inteiras que certamente vêm para conhecerem a história do seu país, saindo daqui com uma ideia clara das tendências mundiais de todos os tempos e a todos os níveis.


Não é fácil enquadrar este museu numa época ou num estilo artístico específico, como não é fácil vê-lo até ao fim em poucas horas. Podemos começar pelos números que ao lado de qualquer descrição são demolidores. Dez edifícios ao longo do Rio Neva albergam mais de três milhões de peças de arte que são visitadas a cada ano por mais de dois milhões e meio de pessoas. Rembrandt, Velázquez, Degas, Cézanne ou Da Vinci são alguns dos artistas que fazem parte deste inventário interminável.
O Hermitage é um dos maiores museus do mundo, mas não nasceu para ser um museu, a primeira função que teve foi de Palácio de Inverno da corte russa, funções que manteve até à queda da monarquia. A primeira pedra foi lançada por ordem de uma imperatriz que queria transformar São Petersburgo na capital da Rússia, fazendo-a ser uma das mais imponentes cidades europeias. A única imposição imposta pela monarca ao arquiteto responsável foi que este fosse o maior e mais bonito palácio de todo o mundo. Era preciso afirmar o poder russo. A arte chega aos corredores do palácio pela mão de Catarina II, uma das mais carismáticas imperadoras, que começou a colecionar valiosas obras de arte flamengas e alemãs, daí em diante a coleção foi crescendo deixando evidente a preocupação russa pelo conhecimento artístico.


Os detalhes deste imponente edifício mostram o cuidado com que as paredes e os tetos trabalhados minuciosamente são tratados. Não há sinais de desleixo nem pontas soltas, afinal esta é uma verdadeira pérola mundial. Mas nem sempre foi assim. O Hermitage foi fustigado por um violento incêndio que 1837 o consumiu ao longo de mais de 30 horas. As chamas foram suficientemente violentas para porem um ponto final numa das mais valiosas coleções de arte do mundo, mas o estado russo prontamente percebeu que era preciso fazê-lo voltar à vida, estando impecavelmente restaurado.

É natural que a visita se demore pelo grande Palácio de Inverno, onde as principais avenidas de São Petersburgo vão desembocar, mas há mais espaços ao longo do rio que banha a cidade que merecem uma visita, não só porque eles próprios são monumentos imperdíveis, como é para lá que se estende a gigantesca coleção de arte.
Desde logo o Palácio do Estado Maior, que abraça a praça do Hermitage e que lhe dá acesso através do Arco do Triunfo. É por aqui que os turistas geralmente passam e é este o edifício que mais ignoram, ofuscados pela grandiosidade do edifício verde que alberga as principais obras de arte.

O Teatro do Hermitage esteve desativado durante vários anos, mas foi restaurado recentemente para voltar a servir as funções originais. Numa visita a São Petersburgo é local ideal para assistir a uma peça de teatro ou a um dos tão afamados espetáculos de ballet, muitas vezes saídos do Teatro Bolshoi de Moscovo.
A completar a lista de edifício estão o Palácio de Menshikov, o Pequeno, o Grande e o Novo Hermitage que se ligam ao Palácio de Inverno transformando-se num dos imperdíveis museus de todo o mundo.
estudantes: gratuito | adultos: 700 rub.
terça, quinta, sábado e domingo: 10:30 às 18:00 | quarta e sexta: 10:30 às 21:00 A estação de metro Admiralteyskaya é a mais próxima do Hermitage. Um dia completo não será suficiente para ver com algum detalhe o Hermitage.