Idanha-a-Velha. Suevos, Visigodos, Muçulmanos e Cristãos passaram por aqui

Idanha-a-Velha é uma das das Aldeias Históricas de Portugal. Foi desprezada durante muito tempo, mas agora está mais ativa do que nunca

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A aposta no turismo em Portugal tem sido responsável por devolver à população e a quem nos visita muitos elementos da nossa história que eram completamente desprezados até há bem pouco tempo. Idanha-a-Velha é um exemplo que ilustra bem esta ideia. Chegou a ser muito importante algures na história de Portugal, mas foi perdendo relevância até se transformar quase numa ruína.

A porta de entrada, em pedra é testemunha do esquecimento a que esta aldeia foi deixada. Quando o arquiteto Alexandre Alves Costa aqui chegou há cerca de 30 anos não era mais do que um monte de pedras derrubadas no chão. Já nem estavam todas por ali, muitas tinham sido levadas para o interior da aldeia e ajudaram a construir muitas das casas que hoje acolhem os poucos habitante – idosos – que ainda querem viver aqui.

Um dos trabalhos deste arquiteto foi fazer renascer das cinzas Idanha-a-Velha para que o património que ainda aqui está pudesse ser visitado e, mais importante, servir de livro aberto à interpretação da história. Um dos primeiros desafios esteve relacionado com o reerguer das pedras que forma a porta de entrada e que hoje é o símbolo máximo desta que é uma das aldeias históricas de Portugal.

Idanha-a-Velha não foi apenas muito importante durante muito tempo, também foi muito importante para muitas comunidades. A Igreja de Santa Maria pode ser encarada como uma síntese de todas as culturas às quais serviu de casa. Debaixo deste teto rezaram Suevos, Visigodos, Muçulmanos e Cristãos portugueses. Ajuda-nos a pensar que somos todos fruto de várias ligações históricas e que as nossas origens podem ser as mais diversas.

A Igreja foi a casa, mas à medida que caminhamos por esta aldeia agora bem cuidada, devemos perder-nos nos detalhes e tentar fazer contas à idade dos edifícios com os quais nos vamos cruzando. O exercício é difícil, mas se formos bem sucedidos podemos encontrar construções com quase dois mil anos de diferença.

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E quem diz edifícios, diz vestígios arqueológicos. Esta aldeia está cheia de referências ao passado e mesmo junto à Igreja de Santa Maria podemos ver muitas destas pedras que se alinham no chão para que as possamos percorrer e observá-las uma a uma, mas não é só aqui que elas estão guardadas.

O arquiteto que teve a responsabilidade de devolver Idanha a Portugal, também foi desafiado a criar um arquivo para estes elementos. Ao contrário do que estamos habituados, este arquivo não guarda documentos ou livros, guarda grandes pedras esculpidas e cada uma delas consegue contar a sua história.

O Arquivo Epigráfico é provavelmente o elemento mais estranho de toda a aldeia. Uma espécie de caixote comprido, de ferro e vidro que destoa do resto da paisagem. Mas a ideia de criar algo diferenciador é assumida e ser precisamente para atrair até si os visitantes. No corredor interior é possível observar verdadeiras obras de arte milenares, mas também do lado de fora é possível ter essa visão, com aberturas em vidro que dão a este espaço duas faces.

A visita não fica concluída sem uma entrada em alguns dos edifícios históricos e o mais cinematográfico de todos é mesmo o lagar de azeite. Ao centro há um pio com galgas que mais não são do que rodas gigantes de pedra que giravam com a ajuda de bois. Serviam para esmagar azeitonas e fazer azeite.

Este era um espaço pertencente a privados que aos dias de hoje está funcional. Não se faz aqui azeite porque não se quer, mas a beleza do espaço essa ninguém pode roubar.

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