O mais comum é ouvirmos falar de animais que chegam ao Zoo ou que nascem no zoo. Menos frequente é falar-se dos que saem… ou melhor, dos que fogem. E não ouvimos falar muitas vezes porque os animais raramente passam os muros altos do parque e porque, verdade seja dita, nenhum animal vai gostar da selva urbana que vai encontrar cá fora.
Mas não é por ser raro que este fenómeno é inédito. Há uns tempos, um macaco conseguiu trocar as voltas aos tratadores e aos seguranças do Jardim Zoológico e veio tentar saber o que era a vida longe da família. Encontrou um ambiente diferente e, como já se calculava, não gostou. Os lisboetas que se cruzaram com ele nas ruas não recearam pela agressividade do primata, antes tiveram pena da sua infelicidade por não estar confortável com as patas em cima do asfalto.
Esta história foi contada por vários órgãos de comunicação social em 2019 já depois de o animal ter sido capturado e estar a ser analisado com o objetivo de se perceber se podia regressar à comunidade. Uns tempos depois regressou e, presumimos nós, percebeu que era na zona mais barulhenta do zoo (a dos primatas) que estava bem.
A incursão deste animal que deixou alguns Lisboetas admirados não foi exclusiva. Houve até um tempo, em 1992, em que vários animais desceram à cidade e com a ajuda de quem cuida deles. Enjaulados em camiões, tigres, macacos, leões e até papagaios foram até à porta da Câmara de Lisboa, reivindicar terrenos adjacentes ao Jardim Zoológico que o presidente da autarquia queria vender. Mais do que uma manifestação, o evento foi um verdadeiro fenómeno para quem gosta de animais e principalmente para quem não tem oportunidade de ver animais selvagens todos os dias.
O Jardim Zoológico de Lisboa serve para isso mesmo, para mostrar animais às pessoas que só os conseguiriam ver se fizessem viagens longínquas como a África ou à América. Estes são dois continentes que Portugal conhece bem e que em pleno império colonial foram grandes contribuidores para a coleção do Zoo. Era de lá que vinham grande parte dos animais e foi de lá que deixaram de vir quando as antigas colónias passaram a ser países independentes.
Nessa fase, depois do Estado Novo, este espaço foi perdendo alguns dos seus atrativos e as visitas caíram radicalmente, o que fez alguns anteciparem o seu encerramento. Apesar de ser o primeiro parque de fauna e flora de toda a Peninsula Ibérica, o Zoo esteve pelas ruas da amargura essencialmente porque tinha perdido os seus contribuidores e tinha perdido uma das suas funções mais ideológicas: mostrar que aqueles animais também eram Portugal e que também por ter esses animais, Portugal era um país inigualável.
Num país em plena democracia e com o mundo a mudar, o Jardim Zoológico teve que se adaptar, mais uma vez. Só com os sucessivos acompanhamentos da sociedade conseguiu chegar aos quase 140 anos de existência. O propósito agora é muito mais focado nas espécies que em todo o mundo precisam de ajuda para sobreviver.
O Jardim Zoológico de Lisboa faz parte de vários grupos internacionais que, em conjunto, se empenham em defender espécies que estão ameaçadas de extinção e esse trabalho é particularmente bem destacado durante a visita ao parque. Em todas as áreas conseguimos perceber qual é a espécie de animal para a qual estamos a olhar, de que forma e onde vive originalmente, como se defende, o que come, como se reproduz e, mais importante, qual o risco de extinção que enfrenta.
Em muitos momentos, os visitantes mais curiosos podem ainda perceber de que forma está a ser combatida a ameaça que os animais enfrentam, bem como o papel fundamental que o Jardim Zoológico de Lisboa tem nesse processo. E não se espantem se perceberem que este espaço é um dos que mais tem contribuído para a defesa de espécies ameaçadas, muitas vezes conseguindo fazê-lo com tal êxito que até abre as portas de saída a alguns animais. Não saem do parque da mesma forma que aquele primata saiu em 2019, mas sim pela porta grande, sendo entregues aos seus habitats naturais para que possam refazer as suas vidas.
Um dos melhores exemplos de sucesso é o Lince Ibérico. Não precisamos de mudar de continente, nem sequer de país, para o descobrir. É nosso e estava ameaçado. Portugal chegou mesmo a dá-lo como extinto no nosso território, havendo apenas alguns exemplares em Espanha. O processo de defesa deste felino barbudo correu de tal forma bem que hoje em dia já não está ameaçado. mas ainda pode ser visto num lugar de grande destaque no Zoo de Lisboa.
Os linces, os macacos, os elefantes, os leões, os papagaios ou os suricatas são algumas das estrelas de uma companhia que conta com mais de dois mil animais de 300 espécies diferentes. Olhar para cada um deles serve para perceber como o mundo é diverso, mas perceber as suas histórias ajuda-nos a estar alerta para a possibilidade de perdermos essa diversidade.
Há quase um século e meio que o Zoo de Lisboa é um dos lugares preferidos das famílias para uma tarde de passeio. A visita do W360.PT durou quase um dia inteiro, não é um exagero gastar todo este tempo lá dentro, e é prático porque há vários restaurantes no interior onde é possível fazer refeições ou parque de merenda para um piquenique em família.
Não há um ponto ideal para começar a visita, mas o teleférico é sempre uma excelente ideia. Uma excelente ideia para começar e para acabar a visita.
[wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] inverno: todos os dias – 10h às 18h | verão: todos os dias – 10h às 20h [wp-svg-icons icon=”compass” wrap=”i”] A melhor forma de chegar ao Jardim Zoológico de Lisboa é recorrendo aos transportes públicos. Há vários autocarros a parar junto à entrada, e a estação Sete Rios (com comboios de longo curso, suburbanos e metro) é mesmo em frente à entrada. [wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] Reserve um dia inteiro para visitar o Jardim Zoológico. Pode almoçar no interior.