Livraria Lello. Há mais de 100 anos a pôr o Porto a olhar para o futuro

Quando foi inaugurada, a Livraria Lello juntou as mais ilustres figuras de Portugal e do Porto. Hoje continua a ser o centro das atenções

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Fazer distinção entre as várias cidades de Portugal pode ser um erro crasso porque a possibilidade de sermos injustos para algumas delas é muito evidente. Mas fazer essas distinções não é um exercício de descriminação, antes de valorização dos pontos fortes que cada uma delas põe em cima da mesa e ajudam a fazer do nosso país um lugar diverso e com muito para mostrar.

Serve este intróito defensivo para apontar o Porto como uma das cidades mais vanguardistas de Portugal. É assim hoje e foi assim ao longo de toda a sua história e a Livraria Lello é uma das melhores páginas destes seus olhos postos no futuro.

A família Lello é ainda hoje a proprietária deste negócio, mas não o é desde o início. José Lello sempre teve o sonho de se tornar livreiro, mas só o conseguiu depois de comprar o negócio à Lugan & Genelioux Sucessores que, por sua vez a tinha comprado ao francês Ernesto Chardron.

Chardron inaugurou a Livraria Internacional Chardron na rua dos Clérigos em 1869 com o dinheiro que tinha ganho numa lotaria. O fim da sua vida acabaria por chegar aos 45 anos, transferindo o negócio para as mãos seguras que o fizeram chegar a quem cuidou dele até hoje.

Este ponto de partida pode ter sido importante para o arranque do negócio livreiro mais conhecido da invicta, mas é em 1906 que ele ganha grande destaque com a inauguração da Livraria Lello no edifício onde ainda se encontra hoje. Antes mesmo de entrarmos, precisamos de olhar para a fachada e ver as figuras da autoria de José Bielman que representam a arte e a ciência, dois pilares deste espaço.

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Mas é no interior que os nossos olhos se fixam e a nossa boca insiste em permanecer semi-aberta. Parece que recuamos no tempo quando olhamos para a arquitetura barroca, com estantes que vão do chão até ao teto – repletas de livros – e são rematadas com uma escadaria imponente que nos leva até ao piso superior.

Percebemos logo que J. K. Rowling podia mesmo ter-se inspirado aqui para descrever a livraria de Harry Potter. Se o tivesse feito talvez o resultado final da obra ate pudesse ter sido mais brilhante, mas a verdade é que não o fez. A autora britânica já veio desmentir esse mito urbano que em nada belisca a Lello que continua a ser visitada por milhares de turistas a cada ano.

Quem aqui vem quer encontrar-se com um lugar único, mágico mesmo, mas não está à espera de entrar num mundo de fantasia. Não está hoje, nem esteve no passado porque a inauguração da livraria teve um grande impacto cultural no meio aristocrático, no início do século XX, e colocou a cidade do Porto no centro das atenções nacionais. Guerra Junqueiro, Abel Botelho, Bento Carqueja, António Arroio, Júlio Brandão e José Leite de Vasconcelos foram alguns dos ilustres que marcaram presença e foram iluminados pelo grande vitral do teto que deixa a luz romper o espaço.

A visita foi gratuita durante muitos anos, mas o esquema mudou para evitar que quem só a vem ver não ajude a contribuir para a manutenção do edifício. O preço a pagar é simbólico e ainda ajuda a indústria livreira porque é descontável num dos milhares de livros que estão à venda. Sim, a Lello é mesmo uma livraria, não é só um museu.

Livraria Lello
[wp-svg-icons icon=”location-2″ wrap=”i”] Porto. Rua das Carmelitas, 144
[wp-svg-icons icon=”ticket” wrap=”i”] €5,50 (o valor que paga para entrar na Livraria Lello pode ser deduzido na compra de um livro)
[wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] segunda a sexta: 10h00 às 19h30 | sábado e domingo: 10h00 às 19h00

[wp-svg-icons icon=”compass” wrap=”i”] São Bento é a estação de metro mais próxima da Livraria Lello.

[wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] Guarde pelo menos uma hora para pode visitar a Livraria Lello com calma e escolher um livro para comprar com o valor do preço de entrada
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