Monsaraz. A princesa do Alentejo está bem conservada

Palco de duras batalhas e calamidades naturais, ninguém diz a idade que Monsaraz tem. O castelo é só o ponto de partida. O Alqueva a chegada

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Quando pomos o drone no ar e olhamos para Monsaraz a partir do céu parece que estamos a olhar para uma princesa com uma coroa na cabeça. Há um lado delicado na brutalidade de uma vila medieval que se fecha dentro de uma muralha e se viu em muitas batalhas lideradas por um castelo também ele carismático.

A elevação sempre foi uma mais valia para as fortalezas do Portugal conquistador e esta foi sendo muito cobiçada ao longo dos séculos. Em 1167 o famoso Geraldo Sem Pavor consegue conquistá-la pela primeira vez aos Mouros, mas D. Afonso Henriques perde o controlo a seguir à derrota sofrida em Badajoz. É D. Sancho II que consegue devolver Monsaraz à coroa portuguesa.

Tal feito foi apenas conseguido com a ajuda dos Templários, a ordem militar que logo a seguir ficou com o controlo da vila e lhe deixou as marcas que ainda hoje conhecemos.

A área é pequena e rapidamente conhecemos Monsaraz a pé, mas o melhor é seguirmos nesta viagem de barriga cheia e a primeira paragem do nosso percurso é o Restaurante Templários. Com uma vista desafogada sobre a paisagem alentejana e o lago artificial criado pela Barragem do Alqueva, aqui a comida é tipicamente alentejana.

As Bochechas de Porco tenras e servidas com Arroz de Passas são o cartão de visita perfeito. O Bacalhau Gratinado também se apresenta como uma boa aposta.

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A rua principal de Monsaraz, com casas feitas de cal e xisto vão levar-nos à primeira paragem deste roteiro, ao Largo D. Nuno Álvares Pereira onde a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Lagoa ganha destaque. Não é a primeira estrutura aqui construída, a anterior não resistiu à crise de peste negra que assolou a região no século XIV.

Também está por aqui o pelourinho, símbolo da importância política desta vila. Também não é original, o antecessor não resistiu ao grande terramoto de 1755 que destruiu Lisboa por completo e também chegou aqui.

Antes de chegarmos ao Castelo de Monsaraz precisamos de entrar na Loja de Turismo. Originalmente funcionavam aqui os antigos Paços da Audiência, o tribunal da vila e o destaque vai para o fresco medieval que representa o bom e o mau juiz. Há uma interpretação curiosa para esta obra: a primeira faz lembrar a corrupção, sendo que o mau juiz recebe pagamentos tanto de ricos como de pobres e o bom juiz apenas recebe a benção dos anjos.

Abençoados ou não, seguimos para o ponto alto da nossa visita a Monsaraz: o Castelo.

Construído por D. Dinis no século XIV foi muito importante nas batalhas que aqui se travaram, mas quando abandonou as funções militares foi transformado em praça de touros e acolhe anualmente uma tourada tradicional que acontece há vários séculos e junta muitas pessoas da região.

É também a partir daqui que se consegue uma vista deslumbrante para a paisagem alentejana e para o maior lago artificial da Europa que veio revolucionar a agricultura desta região e é a casa de uma praia fluvial deslumbrante, a Praia Fluvial de Monsaraz, a primeira do Alqueva.

Não é possível sair daqui sem fazer uma homenagem ao Cante Alentejano junto do monumento erguido às portas de Monsaraz. Nem deixar de visitar o Cromeleque do Xeres na sua nova morada. Foi transferido para aqui antes da construção da barragem e fica mesmo a caminho da Praia Fluvial de Monsaraz.

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