Há várias histórias que começam com um ponto de partida que é pouco mais do que um símbolo e se transformam numa verdadeira obra prima. É também assim que começa a história do Mosteiro dos Jerónimos, provavelmente o monumento mais impressionante de Portugal. Não apenas porque é grandioso, mas porque é o símbolo de uma época à qual o país está umbilicalmente ligado.
Em Belém, num dos espaços mais visitados de Lisboa, é difícil pensar que na fundação do império havia apenas uma praia com uma pequena igreja dedicada a Nossa Senhora de Belém que era a primeira imagem que os navegadores recebiam quando chegavam e a última quando partiam. Mas era assim mesmo. O corrupio do mar não era prolongado para a terra por ali, até que D. Manuel I decidiu que os feitos da coroa além mar deviam ser glorificados.
Quando em 1501 foi lançada a primeira pedra do Mosteiro dos Jerónimos, Vasco da Gama tinha acabado de descobrir o caminho marítimo para a Índia (1498) e Pedro Alvares Cabral tinha descoberto o Brasil (1500). Dois feitos absolutamente extraordinários para um pequeno reino que a partir daqui ganhava destaque internacional e dava à coroa uma ambição maior do que o mundo.
São vários os historiadores que acreditam que o Rei D. Manuel I, O Venturoso, queria fundar o V Império do qual ele seria o imperador e o Mosteiro dos Jerónimos era o símbolo maior. Desta ousadia ficou apenas o edifício que estava como o país: voltado para o Tejo.
Para o erguer foram precisos mais de 20 anos e a ajuda de alguns dos melhores arquitetos, mestres e artífices da época. E nem é preciso procurar muito para descobrir que o nível de detalhe desta construção parece mais obra de um ourives do que de um empreiteiro. Só para detalhar todos os elementos da entrada qualquer visitante vai ter que se perder por longos minutos com o verdadeiro retábulo com apóstolos, profetas, santas e doutores, todos a olhar a Virgem de Santa Maria de Belém. Lá dentro, os claustros parecem filigrana e a fruição pode fazer-se de forma mais agradável porque a relva convida a uma pausa debaixo da luz de Lisboa.
Obra prima do Manuelino com mais de 500 anos, o mosteiro é pródigo em detalhes góticos e com muitas referências à heráldica, aos símbolos da corte e, claro, à igreja. Como cais das expedições que deram novos mundos ao mundo, também não faltam os símbolos marítimos como os navios, as caravelas e as conchas que são imagem de marca das autoestradas percorridas pelos navegadores portugueses.
Se até aqui a monumentalidade é evidente, ela não é resfriada na igreja construída em forma de cruz latina. Há vários pilares a suportar a estrutura, mas a abóbada a mais de 25 metros de altura impressiona qualquer engenheiro contemporâneo por se manter sem qualquer tipo de apoio.
Para além de um legado, D. Manuel I também quis deixar definida a sua última morada. Não apenas para ele, mas para toda a dinastia de Avis. Está aqui sepultado e junto a ele estão também os símbolos dos feitos marítimos de Portugal: Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral.
Mas a cultura também tem aqui lugar com espaço para os túmulos de Luís de Camões, Fernando Pessoa ou Alexandre Herculano, vultos da imortalização da identidade portuguesa.
Não são precisos muito mais argumentos para se chegar à conclusão que a visita a Belém não pode ficar de lado numa visita à capital portuguesa, sendo que o Mosteiro dos Jerónimos é um dos lugares em vale a pena ver as horas a passar. Na fila dos pastéis de Belém também. Há tempo para tudo.
[wp-svg-icons icon=”ticket” wrap=”i”] adultos: €10 | jovens e idosos: €5
[wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] todos os dias: 10h às 17h [wp-svg-icons icon=”compass” wrap=”i”] Localizado na zona de Belém, o Mosteiro dos Jerónimos está muito bem conectado por transportes públicos. É possível chegar através da estação Belém da linha de Cascais; usando os autocarros 727, 728, 729, 714 e 751; o elétrico 15; e ainda a estação fluvial que tem origem na margem sul.
[wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] Reserve pelo menos duas horas para visitar o Mosteiro dos Jerónimos.