Atravessamos a Rua do Campo Grande, em Lisboa, até ao número 382 e vários fios ligados entre paredes, com andorinhas a cobrir toda a fachada de uma casa do Séc. XIX saltam à vista. Um gato preto na floreira da janela, um lagarto em tamanho XL a fugir para a lateral da casa e uma abelha de tamanho XL a pousar no muro alto são pequenas pistas da nossa próxima paragem, mas é o busto de Bordalo Pinheiro, que nos confirma que chegámos ao sítio certo: o Museu de Bordalo Pinheiro.

Entramos por um corredor lateral do edifício principal onde um painel de azulejos verdes com um padrão de gatos pretos percorre a parede, um sinal de sorte, para os supersticiosos. No final do corredor encontrámos um pátio interior que é o centro das três galerias do museu e onde podemos comprar o bilhete.

Bordalo Pinheiro nasceu em Lisboa e casou com Emília Bordalo Pinheiro da qual teve 2 filhos. Dirigiu o jornal satírico A Paródia e foi criador da figura “Zé Povinho” que passou do papel para a cerâmica e que pode ser encontrado em tantas casas portuguesas. Fundou ainda o jornal de humor político “António Maria” que apenas teve duas séries entre junho de 1879 e janeiro de 1885 e o “Pontos nos is”, o semanário humorístico dirigido e ilustrado por ele. No museu é possível ver uma seleção de originais que foram depois publicados.
O seu gosto pela faiança levou-o a criar em 1884 a Fábrica das Faianças das Caldas da Rainha, com o seu irmão Feliciano Bordalo Pinheiro que ajudou nos aspetos técnico-artísticos. As peças eram inspiradas em motivos vegetais, frutas, legumes e cenas do dia-a-dia de tantos portugueses. Das peças que nos chegam hoje foram imortalizadas as andorinhas, as rãs, o Zé Povinho, os seus clássicos, que ficaram e perduraram na história. Na fábrica são produzidos ainda hoje azulejos, painéis, potes, centros de mesa, jarros, bustos, fontes, lavatórios, bilhas, pratos, jarrões e animais gigantes com o detalhe e a minúcia que a obra merece.


Após a sua morte o filho Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro herda a fábrica e a mestria do seu pai na arte da escultura. Em 2018, quando a fábrica corria risco de falência, o grupo Visabeira agarrou a oportunidade e comprou e revitalizou a imagem e a marca.
No museu encontramos vários exemplares únicos e muitas peças que Bordalo fez em vida para entregar a amigos, ou momentos especiais como é o exemplo do serviço de chá da família, o serviço de louça que fez para a filha, o busto da amante que esteve guardado no cacifo que tinha na fábrica durante anos, raras peças de mobiliário e os rascunhos originais das suas publicações nas principais revistas em que colaborou. Os azulejos com diferentes padrões e influências que passam do Naturalismo ao Renascimento, passando pela Art Nouveau e pelo legado hispano-árabe.
Para os estudiosos da obra bordalina é possível consultar a Biblioteca de especialidade do autor com obras da sua coleção pessoal que tanto o inspiraram ao longo da vida. A Biblioteca fica no piso térreo do edifício principal.

[wp-svg-icons icon=”ticket” wrap=”i”] adultos: €3 | jovens: €1,5 | idosos: €2,6 | entrada gratuita para residentes em Portugal todos os domingos e feriados até às 14h
[wp-svg-icons icon=”calendar-2″ wrap=”i”] terça a domingo: 10:00 às 18:00 [wp-svg-icons icon=”compass” wrap=”i”] Usar a estação de metro do Campo Grande é a forma mais fácil de chegar ao Museu Bordalo Pinheiro. [wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] Guarde pelo menos uma hora para visitar o Museu Bordalo Pinheiro, bem como as exposições temporárias que são frequentes.