Fazer uma visita às Caldas da Rainha é fazer uma visita a Portugal. Aqui está tudo concentrado de forma a que consigamos perceber o que foi Portugal e o que é na atualidade. Rafael Bordalo Pinheiro é apenas o mais conhecido de todos os artistas que ajudaram a definir o país e, mais do que isso, que ajudaram a retratá-lo de forma crua para que hoje o consigamos conhecer verdadeiramente.
É uma visita a um Portugal rural que fazemos quando visitamos a obra de José Malhoa, um dos mais criativos artistas portugueses, profundamente apaixonado pelo Portugal rural que, naquela época, era o verdadeiro Portugal.
“Os bêbados” ou “Festejando o São Martinho” é uma das obras de Malhoa que mostra sem artifícios um dos maiores flagelos do país, o alcoolismo. E fá-lo sem complacências, mostrando vários homens à volta de uma mesa completamente alcoolizados e quase indignos. É certo que aquele era um momento de festa, mas o consumo sem regra de vinho era uma realidade comum no país para lá das fronteiras das grandes cidades.
Aquele não era o país retratado pelo Estado Novo, pelo que é injusto atribuir a José Malhoa a colagem a Salazar. O artista era até rebelde e sem medo das consequências, o que lhe trouxe alguns dissabores. Ficou, por exemplo, sem conseguir bolsas do estado para estudar no estrangeiro, uma machadada que o chegou a fazer desistir da arte. Mas regressou.
Inaugurado em 1940, o edifício do Museu José Malhoa é em si mesmo uma obra para a qual importa olhar. Foi o primeiro projeto a sair do papel com o objetivo de ser um museu. Idealizado com todas as condições para acolher uma coleção de arte, é ele próprio um exemplar da história de Portugal.
Com obras dos séculos XIX e XX que vão da pintura à escultura, este é tido como o Museu do Naturalismo Português, onde para alé d’”Os Bêbados”, se destacam as faianças de Rafael Bordalo Pinheiro e o conjunto arrebatador de 60 esculturas terracota da “Paixão de Cristo”.
Este é um lugar que ajuda também a perceber a capacidade que as forças vivias de uma região têm na capacidade de a desenvolverem. Ainda com José Malhoa vivo, vários ilustres das Caldas da Rainha quiseram pôr a localidade no mapa, transformando-a em cidade. Com isso conseguiram erguer um museu obrigatório para quem quer conhecer o país, mas também deram à cidade uma ligação às artes e à cultura que a transformaram num pólo criativo que ainda hoje se mantém.
Para uma visita ao Museu José Malhoa, é obrigatória uma passagem pelo pulmão das Caldas da Rainha, o Parque D. Carlos I, construído como parque do Hospital Termal das Caldas da Rainha.
Ao contrário das termas, mantém-se com um caracter vivo é um ponto de união para onde conflui a cidade. As crianças podem aqui desfrutar de parques com escorregas e baloiços, enquanto os mais velhos podem ver quem passa sentados nos bancos de costas para o grande lago onde os cisnes e os patos se apoderam do espaço que, no inverno, não está a ser monopolizado pelos barcos de recreio.
É como era no Portugal oitocentista, o ponto de encontro das classes mais altas que, a partir de determinada altura, começaram a ver potencialidades mais que medicinais nas termas. Não deixaram que fossem só os doentes a servirem-se delas e à saúde juntaram o lazer e o divertimento.
[wp-svg-icons icon=”ticket” wrap=”i”] €3
[wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] terça a sábado: 10h às 12h30 e das 14h às 17h | domingos e feriados: 10h às 14h e das 15h às 17h | segunda: fechado [wp-svg-icons icon=”compass” wrap=”i”] O Museu está no centro das Caldas da Rainha, no Parque D. Carlos I, pelo que não precisará de transportes púbicos para lá chegar. [wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] Reserve pelo menos uma hora e meia para visitar o Museu José Malhoa.