Na Casa do Terror de Budapeste Fascismo e Comunismo têm o mesmo significado

Na Casa do Terror de Budapeste aprendemos a história da Europa por dois lados que parecem opostos, mas na verdade são muito semelhantes.

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Um dos momentos que mais marcou a nossa história recente foi a Segunda Guerra Mundial. Para além de ainda haver muitos que se lembram de como o conflito afetou as suas famílias, também podemos dizer que o mundo se passou a definir de outra maneira. Um conflito nunca é bom, mas este foi capaz de ser o gatilho para transformações fundamentais na nossa qualidade de vida e criou uma das épocas mais originais de que há memória.

Os dias que agora vivemos andam a tentar ser interpretados por politólogos, sociólogos e demais tudólogos. Parece não ser compreensível como é que, com uma memória tão fresca dos tempos cruéis que se viveram há quase oitenta anos, haja pessoas a sentirem-se atraídas por extremismos. Não, este texto não é uma análise política aos tempos atuais – para quem não sabe, o W360.PT é um site de viagens – por isso vamos falar sobre uma atração de Budapeste, a Casa do Terror e vamos já explicar o que é que ela tem de relação com os tempos agitados que vivemos.

A Casa do Terror de Budapeste é facilmente identificada no caminho a pé para outra das atrações da cidade, as Termas de Széchenyi. Na Avenida Andrássy saltam à vista as letras desenhadas numa grande placa metálica preta bem no topo, como se fosse uma pala que não protege nem do sol, nem da chuva. É um edifício como tantos outros da cidade, mas que foi ganhando características particulares. Agora tem no rodapé fotografias que não tinha antes, porque antes esta casa não era um centro de tortura.

Fachada da Casa do Terror com placa metálica preta em Budapeste. Foto de Diogo Pereira
As letras desenhadas na pala preta identificam a Casa do Terror à distância.
Fotografias de vítimas na fachada da Casa do Terror de Budapeste. Foto de Diogo Pereira
Na fachada as vítimas são lembradas através de fotografias.

A visita começa num pátio interior onde está estacionado um grande tanque de guerra com o cano apontado às paredes forradas com imagens de vítimas da violência extrema levada a cabo pelos nazis, em primeiro lugar, e pelos comunistas, em segundo lugar. Uns deram lugar aos outros quando a guerra acabou. A casa estava preparada e a tortura não tem esquerda nem direita. Foi só mudar a decoração.

A Casa do Terror foi usada pelos nazis quando ocuparam a cidade e nos pisos subterrâneos da casa, os visitantes são convidados a conhecer como se torturavam até à morte os opositores do regime. Foi usada depois da Guerra pelos comunistas e o objetivo era exatamente o mesmo: torturar até à morte os opositores do regime.

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Caminhar pelos pisos abaixo do zero é quanto baste para se perceber que aquele é um ambiente pesado, mas há detalhes que nos deixam ver que embora se tenha feito um grande esforço para limpar as atrocidades dos regimes totalitários, isso nem sempre foi possível. As celas minúsculas, sem condições e sem luz deixam perceber o dia-a-dia dos reclusos, mas também há espaços exíguos o suficiente para que uma pessoa fosse mantida em solitária, sem poder sentar-se ou deitar-se e ficando por ali dias infinitos.

Celas na Casa do Terror de Budapeste. Foto de Diogo Pereira
As celas não tinham condições de salubridade nem luz natural.

Nos pisos superiores os visitantes são convidados a percorrer uma exposição interativa com muitas fotografias, vídeos e até objetos reais, usados pelos regimes totalitários que dominaram a Hungria no século XX. O caminho vai se fazendo em duas pistas, tomando o primeiro contacto com o nazismo e passando posteriormente para o comunismo. É uma espécie de corrida em pistas paralelas que desembocam no mesmo lugar: o piso subterrâneo do terror.

A exposição da Casa do Terror conduz aos pisos subterrâneos onde nazis e comunistas torturavam quem se opunha ao regime.
É possível conhecer alguns detalhes dos dois regimes totalitários.

Budapeste é uma das cidades europeias fundamentais para se conseguir perceber a história europeia e a Casa do Terror dá um importante contributo a essa aprendizagem. Diríamos que pode ser um importante espaço de reflexão para as escolhas que os europeus têm que fazer nos próximos anos e fundamentalmente para que os húngaros possam perceber que o futuro da Europa precisa de democracia. Ninguém precisa de lhes dar lições, basta que aprendam pela sebenta que eles próprios escreveram.

Casa do Terror
[wp-svg-icons icon=”location-2″ wrap=”i”] Budapeste, Avenida Andrássy
[wp-svg-icons icon=”ticket” wrap=”i”] crianças até 6 anos: grátis | jovens até 25 anos e idosos a partir dos 62 anos: 1500HUF | adultos: 3000HUF 
[wp-svg-icons icon=”calendar-2″ wrap=”i”] terça a domingo: 10h às 17h30

[wp-svg-icons icon=”compass” wrap=”i”] A estação de metro Vorosmarty, na linha 1, é a mais próxima da Casa do Terror.

[wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] Duas serão é o tempo necessário para visitar a Casa do Terror.
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