O Museu de Fotografia da Madeira tem o estúdio mais antigo do país

Com todos os materiais intocados, o Museu de Fotografia da Madeira é uma viagem no tempo sem interferências.

Fachada do Museu de Fotografia da Madeira no Funchal
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Harvey Foster chegou à Madeira com a mulher e a filha no início do ano de 1904 para passarem férias de vários meses na ilha. A presença de turistas desde muito cedo foi frequente, mas estes eram especiais porque foram responsáveis por fazer circular nas ruas que estavam habituadas a pouco mais do que charretes o primeiro automóvel.

Numa pequena porção de terra sem estradas adequadas ou bombas de gasolina, fazer andar um veículo destes foi uma aventura que chamou a atenção de muitos madeirenses que se aproximavam para ver a raridade de perto e perceberem como funcionava.

Vicente Gomes da Silva também se aproximou e fotografou o veículo. São dele as imagens que chegaram até nós e que nos ajudam a contar tão caricata história da Madeira. São também dele milhares de outras imagens que ajudam a perceber como evoluiu esta ilha de gente acolhedora.

A história da passagem da família Foster pela Madeira foi apenas uma das que este fotógrafo deixou registada para a posteridade, muitas outras foram captadas diretamente no estúdio que montou no Funchal e que é o único oitocentista em Portugal que se mantém preservado como originalmente.

A viagem do tempo começa logo no pátio do edifício que é um museu desde 1982, tendo recebido obras de recuperação e restauro recentemente. Antes de receber visitantes, recebia quem quisesse ser fotografado por um dos elementos da família de Vicente Gomes da Silva, que mantiveram o estúdio ao serviço dos madeirenses ao longo de quatro gerações.

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Inaugurado em 1848 trás até aos dias de hoje dezenas de máquinas fotográficas, negativos, cenários, mobiliário especializado, molduras com fotografias originais, livros sobre técnicas fotográficas e um valioso arquivo fotográfico, com cerca de um milhão e meio de exemplares, que remontam até a década de cinquenta do século XIX.

O estrado montado em frente à câmara fotográfica podia iluminar-se correndo a cortina que tapava a janela voltada para o céu e em dias de sol quase não era necessário recorrer ao uso de luz elétrica para iluminar o estúdio. Os fotografados podiam ainda escolher de entre uma série de cenários que se moviam na retaguarda – e que eram pintados à mão – para que pudessem eternizar-se junto à paisagem de que mais gostassem.

Antes de se perfilarem em frente ao fotógrafo, os clientes do Atelier Vicente’s tinham ainda oportunidade de percorrer um catálogo com várias imagens de onde podiam tirar ideias para a pose que iam fazer. Este momento era particularmente importante porque o trabalho tinha que ficar feito com recurso a pouquíssimos disparos, senão mesmo um único disparo.

Antes mesmo do resultado final ser conhecido, era preciso um minucioso trabalho nas câmaras escuras, também elas ainda intactas e com todas as ferramentas usadas na época.

A época em que este estúdio foi inaugurado trazia ventos de mudança e ao porto da ilha não chegou apenas o carro da família Foster, também chegaram as novas técnicas fotográficas que faziam popular esta atividade.

O criador deste estúdio foi hábil a absorver todos esses ensinamentos e a desenvolver a sua própria técnica, tendo conseguido o título de fotografo real na Madeira. Tal tarefa deu ao seu espólio várias fotografias da corte portuguesa.

O bom trabalho desenvolvido pelo Atelier Vicente’s deu-lhe ainda uma importante distinção internacional. Depois de fotografar a Imperatriz Elizabeth D’Aústria, a famosa Sissi, Vicente Gomes da Silva conseguiu o título de “Photographe de Sa Majesté I’Impératrice d’Austriche”.

Museu de Fotografia - Atelier Vicente's
[wp-svg-icons icon=”location-2″ wrap=”i”] Funchal, Madeira, Portugal
[wp-svg-icons icon=”ticket” wrap=”i”] adultos: €3 | jovens e idosos: €1,5 | crianças: grátis
[wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] terça a sábado: 10h às 17h

[wp-svg-icons icon=”compass” wrap=”i”] O Museu encontra-se no centro do Funchal, não sendo necessário recorrer a transportes públicos

[wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] Reserve pelo menos uma hora e meia para visitar o Museu de Fotografia.
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