Palácio da Pena. A mais bela obra do rei artista

D. Fernando II pôs toda a sua cultura ao serviço da corte portuguesa. O Palácio da Pena é apenas uma das suas mais importantes obras.

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O caminho até ao Palácio da Pena, no topo da Serra de Sintra, é sinuoso mas a paisagem envolvente ajuda a transportar-nos para um tempo que já não existe. É bom começarmos a ser envolvidos por uma época em que a arte aliada à cultura e aos recursos económicos tinha o poder de construir verdadeiros tesouros como é o caso deste monumento verdadeiramente icónico que é visitado por milhões de pessoas a cada ano que passa.

Sabermos como foram ali parar as formas e cores que nos prendem a atenção mesmo a vários quilómetros de distância requer um recuo a mais de 200 anos, numa altura em que o cimo daquela terra era destino de romarias. Havia por ali uma capela dedicada a Nossa Senhora da Pena que recebeu a atenção de D. Manuel I. O 14º rei de Portugal quis erguer o Real Mosteiro de Nossa Senhora da Pena, entregue à Ordem de São Jerónimo.

Como quase todos os monumentos da região de Lisboa, também o mosteiro foi fortemente afetado pelo terramoto de 1755. Apesar de muito danificado, o edifício continuou a servir de casa aos monges que por ali ficaram durante quase mais 100 anos, até ao fim das ordens religiosas em Portugal. Esse foi um tempo que não voltou, mas deixou marcas. Ainda hoje é possível encontrar no Parque da Pena a gruta do Monge, um local que era usado pelos religiosos para momentos de reflexão.

Em ruínas, o mosteiro ficou ao abandono ao longo de várias décadas até que D. Fernando II se interessou por ele. Casado com D. Maria II, o sobrinho do rei belga e membro da Casa de Saxe-Coburgo e Gotha, compra com a sua fortuna pessoal o que resta do antigo mosteiro, bem como todo o parque envolvente e começa a desenvolver uma das suas mais marcantes obras.

D. Fernando recebeu um educação particularmente cuidada. Falava várias línguas e era tido como dos homens mais cultos de Portugal. O domínio de várias artes era um dos seus mais relevantes atributos, com especial destaque para a música e o desenho. Depois de se ter destacado como autor, colecionador e mecenas ganhou o título de Rei-Artista.

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Olhando para a Serra de Sintra como uma folha em branco, o rei consorte pensou em levantar da poeira uma residência de verão para a casa real, mas rapidamente mudou de ideias e percebeu que ali só poderia existir um palácio construído com traços de genialidade e que remetesse para o imaginário medieval. As ideias foram-se transformando nas formas que hoje conhecemos com grande ajuda de referências arquitetónicas do manuelino e do mourisco.

A visita ao Palácio da Pena não fica completa sem se percorrerem os caminhos sinuosos do Parque da Pena, também ele idealizado por D. Fernando II. E se a Pena pode ser o mais fascinante dos palácios portugueses, este parque merece o selo de mais importante arboredo existente em Portugal. As Camélias Asiáticas são apenas as mais conhecidas e mais de um leque de espécies provenientes de vários cantos do mundo.

É também no meio de tantas relíquias da natureza que o nosso percurso se vai cruzar com mais uma das obras de grande delicadeza de D. Fernando. O Chalet da Condessa foi mandado construir para Elise Hensler, cantora de ópera e Condessa d´Edla por quem o rei consorte se apaixonou depois da morte de D. Maria II. É uma construção de dois pisos com forte carga cénica, de inspiração alpina, que mantinha uma expressiva relação visual com o Palácio.

Palácio da Pena
[wp-svg-icons icon=”location-2″ wrap=”i”] Sintra, Lisboa, Portugal
[wp-svg-icons icon=”ticket” wrap=”i”] adultos: €10 | jovens e idosos: €8,5
[wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] todos os dias: 9h às 18h

[wp-svg-icons icon=”compass” wrap=”i”] A partir da estação ferroviária de Sintra (onde chegam comboios com origem nas estações do Rossio e do Oriente, em Lisboa) é possível apanhar o autocarro nº 434 que para na entrada principal do Palácio da Pena.

[wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] Reserve pelo menos três horas para visitar o Palácio da Pena e os jardins.
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