Chegados a Sintra, a primeira tarefa é descobrir a localização do Palácio Nacional. Não vai ser difícil porque os dois cones altos e brancos que se erguem no telhado são visíveis um pouco por toda a parte. São uma espécie de farol desta paisagem classificada como Património da Humanidade desde 1995.
Já no Largo Rainha D. Amélia, em frente ao palácio, começamos por perceber que aquelas estruturas têm uma função, são chaminés que apoiam a cozinha, que só na visita ao interior percebemos ser uma zona de quase produção em massa, como uma fábrica altamente produtiva que alimentava os banquetes e o dia-a-dia da corte.

A Sintra dos palácios monumentais é ponto de partida para a descoberta da história de Portugal. Não foi aqui que nasceu a nação, mas há aqui elementos que ajudam a compreender a transição de um território que foi mouro e que agora é cristão, de um território que antes de ser português foi de outros. E o Palácio da Vila, como também é conhecido, é uma espécie de protagonista de uma história com dois atores. Partilha a cena com o Castelo dos Mouros, também ele bem visível a partir da vila.
Há registos onde é possível concluir que terá nascido antes de Portugal, sendo um dos edifícios que o país arrecadou com a conquista deste território mouro por D. Afonso Henriques. Rapidamente se tornou num dos lugares mais importantes da governação, e foi particularmente acarinhado por D. Dinis, o sexto rei de Portugal, que lhe deu a forma que hoje conhecemos. Também D. Manuel II olhou para o centro da vila de Sintra e viu a necessidade de ampliação.
Há uma austeridade nas paredes e tetos que parecem refletir sobriedade necessária à governação de um reino. Não faltam os elementos de luxo e fausto, mas fica patente uma diferença relativamente a outros palácios da zona de Sintra, como a Pena ou Queluz, muito usados para atividades de recreio e relaxamento da corte. Aqui decidiam-se os caminhos traçados por um dos reinos mais poderosos do mundo. Houve espaço para coroações e foi também aqui que o rei D. Manuel I recebeu a notícia de que os navegadores portugueses tinham descoberto o Brasil.
A sala dos brasões é mais um dos elementos de centralização e poder e que põe todos os visitantes a olhar para o teto. A ideia foi de D. Manuel I e o objetivo era organizar as armas da nobreza portuguesa. Cada família nobre tinha um brasão e ocupava uma posição no teto desta sala, consoante a sua maior ou menor proximidade da coroa. Ao centro está o rei que é circundado pelas 72 famílias mais influentes do reino. A procura pela sua família é o que prende os olhos dos visitantes ao teto.

É um lugar de sobriedade, mas também falámos de fausto, e na verdade foi precisamente por aí que começámos. Voltemos aos grandes cones brancos que nos ajudaram a cá chegar. São chaminés às quais vamos agora conhecer o coração, a cozinha de grandes dimensões que servia para dar cor e sabor às peças de caça que a corte para aqui trazia. Bem espaçosa e com grandes fogões onde cabiam animais inteiros, é de prever que a azáfama dominasse e que as grandes panelas e frigideiras de estanho circulassem a todo o vapor.

No caminho percorrido pelas salas e corredores do Palácio Nacional de Sintra também há espaço para histórias de amor. É na sala das pegas que se conta a história de que o Rei D. João I terá beijado uma das mais belas donzelas do reino, tendo esse momento sido presenciado pela rainha, D. Filipa de Lencastre. No momento em que pedia desculpas, o monarca terá usado a expressão “foi por bem” que acabaria imortalizada no teto, junto às pegas que o decoram.
[wp-svg-icons icon=”location-2″ wrap=”i”] Sintra, Lisboa, Portugal (Largo Rainha D. Amélia)
[wp-svg-icons icon=”ticket” wrap=”i”] crianças até seis anos: grátis | jovens e idosos: €8,5 | adultos: €10
[wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] todos os dias: 9h30 às 19h00
[wp-svg-icons icon=”link” wrap=”i”] aceda ao site [wp-svg-icons icon=”compass” wrap=”i”] A forma mais fácil de chegar ao Palácio Nacional de Sintra é através da estação de comboios da CP de Sintra que fica a uma curta caminhada de cerca de 15 minutos. Há ainda a opção de apanhar os autocarros 434 ou 435 que ligam a estação ao Palácio. [wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] Reserve pelo menos duas horas para conseguir visitar o Palácio.