Hoje é um lugar mainstream que todos querem visitar, não há guia de Lisboa que se preze que não o inclua, mas nem sempre foi assim. A melhor parte do Miradouro Panorâmico de Monsanto é a vista desafogada sobre a capital, emoldurada no verde das árvores e no azul do Tejo. A pior parte é a história pesada e sombria de mais um projeto que nasceu no sítio errado e à hora errada.
Inaugurado em 1967 chegou no ano passado ao meio século. As construções têm destas coisas, mesmo que ninguém as queira, elas insistem em manter-se de pé até que lhes seja atribuída uma função. E esta é daquelas construções que embora indiscreta se manteve no seu lugar até que passados todos este anos fosse uma das estrelas mais cintilantes da Lisboa da moda.
O Panorâmico de Monsanto foi pensado para ser um restaurante e foi com essas funções que o General António França Borges, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, o inaugurou. Até finais da década de 80 só funcionou em pleno durante dois anos, tendo nos restantes sido usado para cerimónias pontuais.
As histórias que ouvimos por aí dizem que este lugar foi construído com os melhores materiais. Havia mosaicos vidrados, granitos selecionados, corrimões de cobre, alcatifas macias e vidros de grandes dimensões para que aqui pudessem ser acolhidas as mais vetustas individualidades da cidade e do país. Para além de tudo isto há ainda hoje obras de arte nas paredes que resistiram à passagem dos tempos e dos vândalos que dominaram o espaço que Lisboa desprezou.
Terá sido no início do século XXI que muitos reclamaram para si um edifício abandonado há anos. Arrombaram as portas, partiram os vidros, roubaram o que de bom havia para roubar e pintaram as paredes. Hoje parece difícil imaginá-lo sem estas características suburbanas e talvez por isso a Camara de Lisboa tenha pegado nele, deu-lhe uma limpeza, colocou proteções nas zonas perigosas e agora tem-no aberto ao público para que possa ser fruído.
Aquilo que se mantém ainda hoje é provavelmente o que de melhor o Panorâmico sempre teve, a vista desafogada sobre a capital. Nunca provámos as refeições aqui preparadas nem fomos convidados de nenhum festa exclusivíssima, mas para além de todas as ideias que possamos ter, para além de todas as vidas que possamos ter pensadas para este espaço, esta é provavelmente a que agrada e integra mais pessoas: acesso livre àquele que será o melhor miradouro da capital de Portugal.
[wp-svg-icons icon=”ticket” wrap=”i”] grátis
[wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] todos os dias: 9h00 às 18h00 [wp-svg-icons icon=”compass” wrap=”i”] As linhas de autocarros mais próximas do Panorâmico são a 711 e 724, no entanto será sempre necessário fazer uma caminhada de 20 minutos entre a paragem e o local. A forma mais rápida e cómoda de aqui chegar é de Uber, Taxify, Cabify ou táxi. [wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] Uma hora e meia será suficiente para visitar todo o Panorâmico de Monsanto e poder desfrutar da vista sobre Lisboa.