Até há bem pouco tempo, em Portugal, um porto era apenas sinónimo de ponto de chegada e de partida de mercadorias. Estas estruturas colossais, onde atracam gigantescos navios carregados com contentores que mais parecem peças de tétris dominavam com frequência os debates políticos por serem estratégicos para a economia nacional. A balança comercial tentava ser equilibrada aqui, com as empresas a tentarem conquistar um lugar ao sol na invejável lista das maiores exportadoras.
Nos últimos anos houve um novo dado a fazer parte das contas dos economistas. Também está relacionado com exportações e foi uma espécie de lufada de ar fresco nas frágeis contas da república: o turismo. Portugal ficou na moda e com referências em vários órgãos de comunicação social que ditam tendências, milhões de pessoas passaram a ter o nosso país no topo das suas listas de desejos. O mais frequente é chegarem cá de avião, mas muitos milhares chegam de barco.
A partir dos faróis da costa portuguesa começou a ser cada vez mais frequente ver gigantescos navios que mais parecem prédios flutuantes. Lá dentro vêm milhares de pessoas cheias de vontade de passar meia dúzia de horas nas nossas cidades até voltarem a entrar no barco com direção a outro qualquer destino. Se este conceito acaba por ser uma novidade nos nossos mares, foi preciso adaptar o país para que a hospitalidade que nos caracteriza não fosse posta em causa.
Foi neste contexto que nasceu o Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, uma obra concluída em 2015 pela mão do arquiteto Luís Pedro Silva. É a prova de que as grandes obras não são conseguidas apenas por estrelas da arquitetura mundial e de que a extravagância não é um fim em si mesmo. As formas precisam de fazer sentido e aqui fazem todo o sentido.
As curvas dão-lhe movimento, mas não é um movimento repetido como o das ondas do mar. É um movimento que tem princípio, meio e fim, como as viagens dos turistas que aqui chegam. É um movimento que para além de definir o caminho, aconchega no seu interior.
Um terminal de cruzeiros não é mais do que uma sala de espera gigante que está vazia na maior parte do tempo, mas precisa de ter capacidade para albergar as milhares de pessoas que cabem dentro de um navio de cruzeiros e que, nestes instantes que estão em terra, precisam de cumprir as várias formalidades de embarque. Aqui dentro há bancos para essas pessoas se sentarem e esperarem, mas esta obra foi feita para muito mais do que isso.
O arquiteto fez-lhe um terraço onde é possível ter uma vista privilegiada sobre o mar e sobre a cidade, bem como um anfiteatro para poder acolher espetáculos que envolvam os portuenses com uma obra que parece pensada apenas para os outros. Atualmente é possível fazer visitas ao espaço em horários previamente definidos.
Este terminal com formas que fazem lembrar o mar vive num profundo dilema. Está a mais de 700 metros da praia e quem o vê ao longe pode acreditar que é uma estrutura pequena. Quando os gigantescos barcos, alguns com mais de 320 metros de comprimento e 40 de altura, estão atracados ao seu lado, o sentimento é o mesmo. Mas a verdade é que esta obra tem as dimensões apropriadas às várias funções para que foi concebida. Recebe os turistas, está aberta a exposições e espetáculos e ainda é a casa do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto, uma unidade de investigação que integra administração, laboratórios e aquários e é o local de trabalho diário de cerca de 250 investigadores.
[wp-svg-icons icon=”ticket” wrap=”i”] adultos: €5 | estudantes e idosos: €3,5 | crianças: grátis
[wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] As visitas ao Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões têm horários marcados: 10h15,11h15, 12h15, 15h15,16h15 e 17h15. lotação máxima de 15 pessoas por visita. [wp-svg-icons icon=”compass” wrap=”i”] A estação de metro Matosinhos Sul, linha A, é a mais próxima do Terminal de Cruzeiros [wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] A visita ao Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões dura cerca de uma hora.