Crescemos a aprender que a água é um bem essencial e que sem ela não podemos aguentar muitos dias. Também crescemos a saber que podemos confiar na água que sai das torneiras das nossas casas sem questionarmos o caminho que faz e sem termos medo que eventuais contaminações possam afetar a nossa saúde. Esta realidade não é assim em todo o lado. Mesmo nos lugares do mundo onde a água não falha na torneira nem sempre podemos pegar num copo e po-lo debaixo da água corrente para saciarmos a sede.
E a pergunta, de onde vem a água que corre por todo o lado? Quantas vezes já fez? Se calhar algumas, mas talvez ainda não tenha ido conhecer o caminho que ela faz até chegar a sua casa. Nós fomos e agora contamos-lhe a história toda.
Começamos no Museu da Água, instalado na Estação Elevatória a Vapor dos Barbadinhos, na freguesia lisboeta de São Vicente. Não é aqui que a história começa, mas é aqui que conseguimos perceber a importância da água para a cidade e a destreza dos engenheiros e arquitetos que engendraram todo um plano para concretizar uma missão quase impossível: fazer chegar água a uma cidade com sete colinas, onde a gravidade só ajuda se fôr ajudada.
Aqui está instalada toda uma maquinaria antiga, mas muito bem conservada e ainda em funcionamento. A bem dizer o funcionamento atual só acontece quando há visitantes que como nós querem saber como giravam aquelas rodas gigantes e como apitavam os tubos por onde passava o vapor que dava força a água para vencer a lei da gravidade. Há muito tempo que a água lisboeta já não precisa desta geringonça, a eletricidade veio facilitar e muito a vida dos operários que aqui tinham um trabalho árduo. Hoje é tudo bem mais simples e esta sala serve apenas para recordar tempos idos.
A visita pela viagem da água continua agora com ponto de paragem no Aqueduto das Águas Livres. Mais do que um monumento carismático e absolutamente indispensável na paisagem de Lisboa, ele é o ponto chave do crescimento da capital. Começou a ser construido em 1731 com o objetivo de fazer chegar água a mais de 150 mil habitantes que até então eram obrigados a passar por severos períodos de seca.
Esta foi uma das mais importantes e caras obras do regime. Durante vários anos foram coletados impostos especiais para a sua construção que ficaria concluída apenas 35 anos depois do início. A obra era de facto magistral, tendo o maior arco de alvenaria do mundo, com a robustez necessária para resistir ao violento terramoto de 1755 que deixou Lisboa em cinzas.
O Aqueduto das Águas Livres tem 58 quilómetros. Sim, porque o Aqueduto não é apenas composto pelos arcos que vemos a partir do Eixo Norte-Sul. A viagem da água começa lá bem atrás, em Belas, na zona de Sintra e um esquema de túneis e viadutos fazem-na chegar aos principais chafarizes da cidade, onde os cidadãos se abasteciam. Só os mais endinheirados tinham a possibilidade de ver as suas casas abastecidas diretamente pelo circuito de água.
Os chafarizes estão espalhados um pouco por toda a cidade e é no topo do Reservatório da Mãe de Água, no coração de Lisboa, que conseguimos ter uma vista desafogada sobre a cidade e perceber como a água foi responsável pelo seu crescimento. Este é um espaço de tranquilidade muito usado para exposições temporárias e é a partir daqui que entramos no subsolo de Lisboa.
Começamos verdadeiramente a fazer o caminho da água e dos operários que por aqui caminhavam quando era necessário ajudar a água a circular. Nos túneis vamos sempre sabendo onde estamos com a ajuda da sintética aqui instalada e acabamos na zona do Príncipe Real, onde a água também chegava e voltamos à superfície.
[wp-svg-icons icon=”ticket” wrap=”i”] €10 (inclui visita a todos os núcleos, incluindo o Aqueduto das Águas Livres)
[wp-svg-icons icon=”calendar-2″ wrap=”i”] todos os dias: 10:00 às 17:30 [wp-svg-icons icon=”compass” wrap=”i”] A estação mais próxima do Museu da Água é a estação de Santa Apolónia, no entanto a melhor forma de lá chegar é usando as linhas 735, 706 ou 742 da Carris. [wp-svg-icons icon=”clock” wrap=”i”] Guarde pelo menos duas horas para visitar o Museu.
O W360.PT visitou o Museu da Água a convite da EPAL