Colômbia, 21 de agosto de 2018
Quando conversávamos com outros viajantes sobre conhecer a Colômbia, escutávamos todo tipo de histórias e recomendações. Falaram-nos que era um país muito perigoso, e que deveríamos tomar muito cuidado todo o tempo. Que havia tiroteios nas ruas, principalmente em Cartagena. Também contaram-nos que as estradas eram péssimas e os motoristas de caminhão não tinham respeito pelos outros, e faziam curvas fechadas e em contramão de forma frequente. Ouvimos também relatos de sensação de insegurança, por conta da presença maciça do exército patrulhando as estradas.
Por outro lado, também escutamos que a Colômbia tem um grande perigo: o do viajante se apaixonar pelo país e pelas pessoas, e não querer mais sair de lá. E que não tínhamos que nos preocupar com outras coisas, que era um país maravilhoso, nem mais e nem menos perigoso que os demais que havíamos visitado na América do Sul – basta que tomássemos os cuidados de sempre, como em qualquer lugar.
Assim, após tantas informações contraditórias e cheios de expectativas, chegamos ao último país que visitaríamos na América do Sul, e nosso 6º nessa viagem.
Entramos na Colômbia no final de semana de Páscoa, e logo pudemos vivenciar a religiosidade de seu povo. Ao visitarmos a cidade de Popayan, todo seu centro histórico estava fechado para as comemorações, e havia uma grande quantidade de pessoas da região que circulavam por ali.
Eje Cafetero
Seguindo sentido norte, entramos na famosa zona do “Eje Cafetero” e resolvemos fazer uma visita às fazendas de café.
Quando chegamos à Fazenda Venecia no famoso “Eje Cafetero”, o primeiro que nos perguntaram foi o que brasileiros fazem aqui. Por incrível que pareça, conhecemos muito bem o Brasil, mas nunca havíamos estado em uma fazenda de café antes.
Fizemos um tour pela fazenda e pelas plantações. Foi um passeio muito interessante. Nos contaram que o café é o 2º produto mais negociado no mundo (atrás apenas do petróleo), e que o Brasil responde por 30% da produção mundial, seguido por Vietnam com 20%, Colômbia 7% e Indonésia 6,5%. Na Colômbia são produzidos três tipos de café e o tipo de melhor qualidade é praticamente 100% exportado. Assim, estes cafés mais finos são encontrados apenas em lojas especializadas e são extremamente caros, e praticamente há no supermercado cafés de tal qualidade.
A produção colombiana difere da brasileira nos processos e tipo de café que plantam. Tivemos um super workshop que valeu a pena pelas informações e também pela paisagem! E claro, por passarmos dois dias degustando um dos melhores café do mundo!
Ah! As crianças adoraram brincar de correr pela plantação, e fizeram uma boa bagunça nos montes de grãos.
Medellín
Voltando para a estrada seguimos para Medellín. As estradas na Colômbia são de fato muito sinuosas e requerem atenção, mas diferente do que escutáramos antes de entrar no país, não tivemos nenhuma situação de risco ou perigo por conta dos motoristas de caminhão. Na nossa experiência, eles dirigiram sempre de forma normal e cuidadosa, não vimos nenhum entrando em contramão ou fechando outros carros na estrada. E nós cruzamos todo o país de sul a norte!
Também não nos sentimos nem um pouco incomodados ou receosos com a presença dos soldados que patrulham todo o tempo as estradas na Colômbia. Sempre se mostraram educados e simpáticos nas vezes que nos pararam, e sempre nos acenam com um sinal de positivo e um sorriso quando passávamos.
Logo que chegamos à cidade de Medellín, ficamos encantados! Passamos quatro dias passeando, mas tranquilamente ficaríamos mais dias por ali.
Medellín não era um destino que planejávamos inicialmente na nossa viagem, mas foi um dos pontos altos dela! Ao visitarmos a cidade, conhecemos um profissional que ama o que faz e que se esforça para fazer a diferença em seu país! E que sair do seu lar e aprender coisas novas pode trazer uma diferença em como tratar problemas locais. Estamos falando do guia que nos acompanhou em um Free Walking Tour por Medellín. Ele viajou por muitos lugares e se preparou para fazer o que ele ama, apresentar sua cidade a quem a visita e deixar os viajantes com vontade de conhecer mais sobre o povo colombiano.
Medellín é uma cidade peculiar, casa de um povo com senso de identidade muito forte, os “paisas”. A cidade, que já foi considerada uma das mais violentas do mundo e que já viveu dias muito tristes por conta do narcotráfico e do conflito colombiano, hoje cura suas feridas, se moderniza e tem um pulsar diferente.
Durante a caminhada, além dos pontos turísticos como estátuas do Botero espalhadas pela cidade, ficamos sabendo mais sobre questões políticas e econômicas da Colômbia e claro, de como Medellín fez e ainda faz sua transformação e se abre para o mundo.
O que mais me chamou atenção foi uma praça no centro financeiro, a qual era tomada por mendigos e usuários de drogas e hoje vive dias mais alegres e de muita luz, sendo inclusive rebatizada com o nome de Praça da Luz.
Que outras cidades possam se inspirar em Medellín para fazer suas transformações e trazer luz e dias melhores aos seus habitantes.
Cartagena
Assim, finalmente chegamos a Cartagena, uma cidade que, além de belas praias, tem uma parte histórica muito interessante.
Cartagena segundo contam foi um dos portos mais importantes da América espanhola e por conta disso era um lugar muito visado por piratas e corsários, sendo atacada diversas vezes. Por este motivo, os habitantes da cidade construíram diversos baluartes e fortalezas, de forma a impedir e rechaçar esses ataques.
Esses baluartes resistiram ao tempo, e hoje rodeiam o que se conhece como “Ciudad Amurallada”, que é a parte central e mais turística de Cartagena, localizada dentro dos muros e baluartes da cidade.
Ao passear por estas ruas e subir nos baluartes, nos sentimos como voltando ao passado. As charmosas ruas e construções antigas nos convidam a mergulhar na história, e nos fazem querer descobrir um pouco sobre cada personagem e lugar que contribuíram com a formação desta bela e única cidade.
Como se tanta história não fosse suficiente, também nos admiramos com o magnífico “Castillo San Felipe de Barajas”, uma antiga fortaleza que se levanta na colina de San Lazaro e domina o horizonte de Cartagena. Erguida em 1536, teve modificações até 1763, e era responsável por vigiar e deter invasores da cidade. Vale muito a pena uma visita ao Castillo, e não somente à parte externa, mas também aos seus corredores internos e túneis.
Para conhecer um pouco de Cartagena e sua história, recomendamos alguns passeios:
1 Walking tour pela Cidade Amuralhada (“Ciudad Amurallada”)
A cidade amuralhada guarda um bom pedaço da historia de Cartagena, e foi por onde começamos nosso passeio. Nossa dica é não deixar de fazer um Walking tour para conhecer os lugares e entender melhor a história da cidade que foi por algum tempo uma das mais importantes para, espanhóis, pois de lá saíram muitas riquezas ao velho continente.
2 Cidade Amuralhada
Além de apreciar a parte histórica, se perder pelas ruelas, ver o comércio, tomar um sorvete e ficar tranquilo em um dos barzinhos de frente para as inúmeras praças da região é um passeio delicioso em Cartagena.
3 Castillo de San Felipe de Barajas
O forte é um passeio pago, mas vale a pena a visita para entender mais sobre a importância de Cartagena e claro, admirar a paisagem.
Contratamos uma guia e ela além de nos contar mais sobre a história do lugar e da cidade, nos levou para passagens subterrâneas que eram usadas para proteção contra os inúmeros piratas e corsários que tentavam saquear a cidade.
4 Getsemani
Um bairro muito alegre e por onde andamos vimos festa e música nas ruas. Lá estão muitos hostels e alguns murais que merecem ser vistos. Vale a pena se aventurar fora da cidade amuralhada para conhecer esses lugares mais típicos!
5 Por do sol em algum baluarte em frente ao mar
Imperdível. É muito legar subir em um dos muitos baluartes na faixa costeira da cidade amuralhada e apreciar os belos pores do sol da cidade. Os baluartes são largos e amplos, como um calçadão onde nossos pequenos puderam correr livremente enquanto esperávamos o cair do sol.
A Colômbia foi o último país que visitamos na América do Sul. Assim, chegou a hora dos pequenos desbravarem um novo continente, a América Central.
Para ir da Colômbia ao Panamá, tivemos mais um desafio pois não há estradas que conectem esses dois países. Assim, foi necessário embarcar a Vândia (nossa XTerra) em um navio cargueiro.
Esse trâmite, além de caro e burocrático, nos gerou uma angústia, pois pela primeira vez deixaríamos toda a nossa casa e seguiríamos de avião com apenas 2 malas de mão para o Panamá.
Passamos um leve susto com a demora na chegada do nosso carro, que atrasou 2 dias para embarcar, e mais 2 para chegar ao porto. Quando ela chegou, uma semana depois de havermos deixado ela fechada no container em Cartagena, abraçamos muito ela e claro, corremos para a estrada!