Como os Incas gostam do Sol, da Lua, da Água, da Terra, da Natureza

Mais uma vez teríamos que conciliar os lugares que queríamos ver de forma que o passeio fosse também atraente e divertido para as crianças, sem que elas ficassem muito cansadas ou entediadas.

PUB

Vale Sagrado dos Incas, Peru, 20 de maio de 2018

Muito curiosos por conhecer mais da cultura Inca na região de Cusco, começamos a planejar como seria nossa visita.

Mais uma vez teríamos que conciliar os lugares que queríamos ver de forma que o passeio fosse também atraente e divertido para as crianças, sem que elas ficassem muito cansadas ou entediadas.

Para tanto, nos aproveitamos bastante da mitologia Inca. Além de interessante, ela serviu como base para compartilharmos com as crianças tudo que aprendíamos nos passeios, mostrando a elas como os Incas gostavam do Sol (Inti – Deus Sol), da terra e natureza (Pacha Mama), da Lua (Mama Quilla ou Quilla) da água.

Assim, todo o passeio ficou mais lúdico e divertido, e ficou fácil mostrar os templos, construções e as terraças, que ganharam o carinhoso apelido de fazendinhas dos Incas.

PUB

Cusco

Começamos nossa visita por Cusco, e nossa passagem por lá foi intensa.

Cusco é sempre lembrada como a cidade base para visitar Macchu Picchu, entretanto ser lembrada apenas assim não lhe faz justiça.

O sincretismo cultural que lá encontramos foi uma grata surpresa. A antiga capital Inca impressiona com suas resistentes e belas ruinas, que de tão teimosas em resistir a todo tipo de maus tratos e violações, hoje estão imortalizadas e premiadas como patrimônio cultural da humanidade.

Sob suas bases, foram erguidos imponentes templos e construções coloniais – que além da arquitetura colonial espanhola, trazem também traços de influência moura – formando um diverso e rico conjunto arquitetônico e cultural; e fazendo de Cusco uma importante engrenagem no entendimento do caldeirão cultural que é o Peru.

Há muito que fazer por lá, tanto na cidade quanto nos arredores. E como somos curiosos em temas culturais, históricos e espirituais, nos divertimos bastante com essa visita, e mal pudemos absorver a grande quantidade de informações que encontramos.

E não apenas pela parte histórica vale a visita. Conversar com o simpático povo local e arriscar aprender umas palavrinhas em Quechua (idioma falado na época dos Incas e ainda hoje usado) é divertidíssimo.

Vale também degustar da maravilhosa culinária peruana, com seus pratos sofisticados. Ou mesmo os pratos tradicionais, como o Cuy al horno (uma espécie de porquinho da Índia que é servido inteiro). Para os curiosos e corajosos, vale uma passagem no mercado San Pedro e almoçar um bem servido menu do dia, por US$ 1,50. Uma delícia, por sinal.

Como dica, achamos essencial fazer os tours guiados pelo centro histórico da cidade, e também pelas ruínas à sua volta – sejam tours privado ou em grupo. Eles nos ajudam a mergulhar na história do lugar com detalhes que sozinhos teríamos dificuldades em captar.

Na foto mostramos o Qoricancha, antigo Templo do Sol Inca, e posterior Igreja de Santo Domingo.

Sacsayhuamán

É muito difícil falar sobre os sítios arqueológicos em Cusco e nos seus arredores, pois cada um tem sua especificidade e beleza. E claro, cada visitante tem sua preferencia por cada um deles. Nós gostamos bastante de Sacsayhuamán.

E o que mais gostamos desse lugar não foi apenas suas imensas pedras trabalhada e perfeitamente encaixadas umas às outras, mas sim imaginar aquele local como ele deveria ser antes de ser destruído.

Sacsayhuamán fica a aprox.. 2 km de Cusco, e não se sabe ao certo para que se destinava. Hoje se diz que era uma fortaleza Inca, e esta ideia reside em relatos que existem da época da conquista espanhola, na qual haviam diversos artefatos militares estocados lá; e principalmente no fato de que foi lá que Manco Inca, um dos últimos governantes Incas, decidiu cessar as negociações com os espanhóis, e dali tentar resistir e expulsar os invasores. Entretanto há lugares importantes em Sacsayhuamán que aparentemente tinham finalidade cerimonial.

A guerra da resistência durou alguns meses antes que os Incas fossem definitivamente derrotados em Cusco e arredores, para levar a luta para a selva peruana.

Hoje em dia o lugar é bem grande, mas contam os relatos que era bem maior. A construção tinha muros de vários metros de altura, e torres de observação das quais se podia ver todo o vale onde se encontra Cusco. Hoje somente restam as impressionantes bases do que foi a antiga fortaleza.

Sacsayhuamán foi destruída pelos espanhóis no período da conquista, e posteriormente seus restos foram usados pelos moradores para construir casas e outras obras, antes que esta exploração fosse definitivamente cessada na década de 1930. Praticamente toda pedra que não fosse difícil o bastante para ser transportada foi de lá levada.

É um passeio bem tranquilo inclusive para as crianças, que se divertem bastante correndo pelos gramados e subindo as ruínas. Vale a pena também visitar o mirante e o Cristo Blanco, para uma vista panorâmica da cidade de Cusco logo abaixo.

Valle Sagrado de Los Incas

Dada a dimensão do vale sagrado e o fato de estarmos com as crianças, optamos por fazer visitas com um guia particular, que nos levou aos principais pontos do Valle Sagrado. O objetivo foi poder fazer as visitas no nosso ritmo e no nosso tempo, e ainda teríamos a oportunidade de fazer diversas perguntas.

Começamos a visita ao Valle Sagrado por Tipón, e foi um excelente começo. Chegamos com o sítio arqueológico praticamente vazio, e isso nos deu a oportunidade e explorá-lo com calma.

O lugar é belíssimo. É composto de diversas terraças (eles chamam de “andenes”) na parte inferior, que eram utilizadas para fins agrícolas. Esses andenes são irrigados por canais, que se distribuem e por meio de gravidade levam a água a toda parte.

O mais fascinante é a parte superior do sítio, onde há um local no qual parece ter sido um templo para adoração e homenagem à água. Ali, em meio às conservadas fontes que trazem água da montanha, aprendemos um pouco mais sobre a mitologia deste povo, principalmente a forma na qual os Incas enxergavam a origem da vida e das coisas, e como a água faz parte dessa origem.

Saindo de Tipón, seguimos para visitar o sítio arqueológico de Pisaq. Este sítio é imenso, e por conta disso, e da dificuldade em percorrê-lo em sua totalidade levando as crianças, optamos por conhecer apenas uma parte dele. Mas ficou aquele gostinho de quero mais, e certamente caso haja uma outra oportunidade, vamos reservar um dia todo somente para este lugar.

As partes de Pisaq que visitamos foram as terraças de agricultura, ou fazendinhas como o Mateus costuma chamar, e também o Palácio Imperial.

As terraças são grandes e largas, e além de terem sido utilizadas para produção e experimentos com alimentos, também servem de suporte e apoio para reter toda a terra daquela parte da montanha, e assim possibilitar que outras construções fossem erguidas nas partes mais altas. A engenharia por trás dessas construções é antissísmica, e elas resistem e suportam grandes quantidades de terra até os dias atuais.

Mais para o alto, visitamos o Palácio Imperial ou Citadela, que é uma estrutura erguida com propósito principalmente religioso. Há diversas salas e pátios, nos quais incluem uma sala onde possivelmente situava-se o trono para os Incas, e também outros setores que tinham fins religiosos e cerimoniais. À medida que subíamos pela estrutura, mais legal ficava contar para as crianças, de forma lúdica, como aquele povo gostava do Sol, da natureza e da água.

Do alto do Palácio Imperial se tem uma bela vista de todo o entorno, incluindo o vale do rio Urubamba, as terraças abaixo, alguns aquedutos feitos pelos Incas e também o cemitério que fica na parede da montanha em frente.

Depois de tanto andar, saímos com muita fome das ruínas de Pisaq, e fomos comer no povo que leva o mesmo nome. Nada como um delicioso menu do dia, com uma sopinha, prato feito com raízes da região, feijão, suco, e por apenas US$ 1,5!

Saciada nossa fome por alimentos, continuamos então a saciar nossa fome por conhecer os lugares, e seguimos para visitar o sítio de Pikillaqta.

Muito embora não faça parte diretamente das contruções Incas, um dos sítios arqueológicos que mais gostramos foi o sítio de Pikillaqta. Esse povo começou a habitar o Vale do Rio Urubamba antes da chegada dos Incas, e mesmo após esse evento eles foram capazes de manter certa autonomia, além de cultura e idioma próprios.

A cidade de Pikillaqta nos impressionou pelo tamanho e também pela capacidade daquelas construções de resistirem em pé por tanto tempo.

As grandes muralhas que cercam a cidade ainda são imponentes, bem como seus corredores e casas. As crianças adoraram visitar o lugar, e correram bastante por entre as ruínas, subindo e descendo nos muros, e brincando de serem eles as pessoas que moravam por ali e passeavam de um lugar a outro na cidade.

Dali seguimos para as Salinas de Mara. Aqui vamos dar uma opinião muito pessoal, e que não necessariamente irá refletir o que outros visitantes pensam.

Não gostamos nem um pouco do lugar, e achamos uma perda de tempo e dinheiro. As Salinas de Mara fazem parte de um local onde se extrai sal há séculos, e ainda hoje essa prática continua. São diversas poças de lama, algumas poucas brancas com sal, que estão escavadas em um bonito vale, e daí se extrai o sal. Na nossa visão, não achamos nada interessante, e vimos apenas várias poças de lama em sequencia. Mas claro, isso é uma visão pessoal e não necessariamente será compartilhada por todos.

Daí seguimos para o sítio arqueológico do de Moray. Um lugar bem bonito e intrigante, pois não se sabe com exatidão para qual fim se destinava. Do algo, vemos uma série de terraças que formam círculos perfeitos e outros imperfeitos, tal como um anfiteatro.

Diz-se que provavelmente era um local cujo objetivo era promover experimentos agrícolas, e possivelmente também algumas cerimônias. Sofia já estava cansada a essa hora, e a levamos no kanguroo. O Mateus gostou do lugar, e aproveitou para correr um pouco pelas terraças. Nós achamos o sitio bem calmo e tranquilo, e ele nos passou paz e tranquilidade.

Partimos então já no final do dia para nossa última visita, o sítio arqueológico de Chinchero. Quando chegamos e entramos nas ruínas, o sol já estava se pondo, e não pudemos aproveitar o lugar da forma que gostaríamos.

Sofia já estava cansada e com frio, e queria ir embora logo. Já Mateus, encontrou algumas crianças peruanas jogando futebol em meio às ruínas, e claro que aquilo era o programa mais interessante que havia ali. Logo tinha feito novos amigos e estava jogando também.

Ainda com um pouco de luz, recorremos rapidamente o sítio e vimos o quão impressionante ele é. Vimos as pedras do sol e da lua, e como estavam alinhadas. Passeamos também pelos antigos muros, e visitamos a Igreja que foi erguida por cima do templo Inca, como era de costume na época da colonização.

Hora de voltar para Cusco, felizes e satisfeitos com esse belo passeio. Faltava apenas a parte mais difícil: tirar Mateus do jogo de futebol para leva-lo de volta!

Ollataytambo

Ollataytambo situa-se no Vale Sagrado dos Incas, e deixamos para conhecer esse sitio no dia anterior à nossa ida à Machu Picchu, uma vez que o trem para lá parte de Ollataytambo.

Assim, ainda em Cusco, acordamos cedo e pegamos uma van que nós deixou no meio do povoado e de lá caminhamos até o sítio.

Ficamos impressionados! O dia estava lindo, o que deixou a vista das ruínas ainda mais bela. A parte não tão charmosa do sol é o calor, que dificulta o passeio. As ruínas, como muitos outros sítios Incas, situa-se em uma montanha, e para conhecê-lo há de se subir pelas terraças. O calor então dificulta o passeio. Levamos duas horas para visitar o local, mas pode-se levar mais tempo para percorrer os locais mais distantes do sítio. Programar bem o passeio é essencial.

A area cerimonial do sítio é belíssima, com as suas construções e o templo do Sol. Durante o percurso víamos nas montanhas ao lado outras construções Incas, que eram utilizadas como silos para estocagem de alimentos. Estes silos ficam encrustrados nas paredes das montanhas. Ao lado deles, com um pouco de imaginação, dá para ver uma forma nas pedras que segundo o povo representa o rosto da divindade criadora, Viracocha. Parece um ancião com barba e uma coroa. Bem legal!

Exatamente ali foi travada uma das últimas batalhas entre espanhóis e Incas, e mesmo em desvantagem numérica, os Incas derrotaram os espanhóis, que nesse momento não entraram na cidade. Após essa vitória, os guerreiros  Incas deixaram essa cidade para levar a luta de resistência contra os invasores para a selva, no entanto a cidade continuou sendo habitada e ficou relativamente bem preservada até os dias de hoje.

[wp-svg-icons icon=”arrow-left-2″ wrap=”i”]ARTIGO ANTERIOR  PRÓXIMO ARTIGO [wp-svg-icons icon=”arrow-right-2″ wrap=”i”]

Artigos Sugeridos