Nicarágua
Antes de entrarmos na Nicarágua, estávamos com uma preocupação. Havíamos pesquisado sobre os trâmites aduaneiros para entrada no país, e outros viajantes haviam relatado muita dificuldade nesse momento.
Filas grandes, vistos de turistas caros, agentes grosseiros, revistas nos carros lentas e detalhadas, além de esperas de mais de 8 horas para cruzar a fronteira eram algumas das histórias que havíamos escutado. Em um dos relatos, um casal de viajantes não pôde entrar no país por ter um drone, e após muita conversa conseguiram convencer os agentes a entrar no país, com a condição que iriam cruzá-lo no mesmo dia, sem parar, e acompanhados por um outro agente junto a eles no carro.
E assim, com receio dessas histórias, acordamos cedinho e fomos à fronteira da Costa Rica com a Nicarágua para entrar neste país.
E para nossa surpresa (e alegria), nada daquilo aconteceu. A fronteira estava praticamente vazia, e muito embora os trâmites tenham sido mais complicados que os de costume, todos os agentes foram muito gentis conosco, e nos indicaram tudo que deveríamos fazer. A inspeção foi rápida, e em menos de duas horas estávamos prontos para conhecer a Nicarágua!
Achamos a Nicarágua um país incrível, tanto culturalmente quanto em atrativos naturais, mas que ultimamente tem passado por fortes conflitos políticos, e por conta disso tivemos que monitorar com atenção nossa passagem por lá. No momento em que passamos, já tinham acontecido alguns protestos e conflitos, mas a situação naquele momento estava relativamente calma.
Ainda assim, escolhemos pontualmente os lugares que gostaríamos mais de conhecer. E muito embora houvesse outros lugares que gostaríamos de ir, como a zona da cidade de León, optamos por ficarmos pouco tempo no país, uma vez que a crise política ainda não havia terminado, e não queríamos ser pegos em meio a alguma confusão.
Nosso primeiro destino foi Ometepe, uma bela ilha banhada pelas doces águas do lago Nicarágua, ou lago Cocibolca. Para chegar à ilha, foi preciso pegar um ferry, e por sorte nós pegamos o do último horário do dia, quando já estava fechando as portas. Que correria!
Assim tivemos a sorte de assistir um lindo pôr do sol no ferry ao som de Mariachis.
Chegando à ilha, aproveitamos para descansar dos dias intensos da Costa Rica.
Existem vários atrativos por lá, tais como dois magníficos vulcões, trilhas, praias e lagoas. Mas o que mais gostamos da ilha foi seu jeitinho calmo e sereno, como se o tempo passasse devagar e que o importante fosse descansar e se encantar com suas belezas.
Ficamos acampados no estacionamento de um hotel, muito próximos à ponta Punta Jesús Maria. No fim de tarde, saíamos em direção à esta Punta para ver o pôr do sol no lago Nicarágua. Vimos uns três, cada um mais belo que o seguinte, e vimos também um nascer do sol por ali.
Aproveitamos o acampamento também para fazer uma pequena faxina no carro e lavar nossa roupa.
Outro ponto bonito da Ilha de Ometeme é o Ojo de Agua, que é um tipo de piscina natural. Na verdade a água vem de fontes naturais, que foram canalizadas em uma piscina construída para represá-la e formar um local para banho, antes de seguir seu curso. Com águas frias e transparentes, é impossível resistir a um mergulho aqui!
O local também tem muita natureza e trilhas, e vale a pena uma visita.
Além das lagoas, existem belas praias. Gostamos da Playa Santo Domingo, e ficamos por ali uma tarde. Por ser completamente deserta e com pouca estrutura por perto, é importante levar água e um lanchinho! Pelo menos não precisa se preocupar em tirar o sal do corpo depois de um mergulho, pois estamos no lago Nicarágua, com águas doces!
E, para terminar o dia, mais um pôr do sol, desta vez tendo como pano de fundo o vulcão Concepción.
Assim, após alguns dias de passeios e descanso, deixamos a bela Ometepe e seguimos nosso percurso pela Nicarágua em direção à cidade de Granada.
A bela e tranquila Granada
Seguindo nossa viagem pela Nicarágua, chegamos à cidade de Granada.
É uma cidade antiga, foi fundada em 1524, e tem um centro histórico bonito e colorido. Há uma mistura de estilos arquitetônicos colonial espanhol e neoclássico, principalmente porque a maior parte das casas do centro histórico tiveram que ser reconstruídas a partir da década de 1850 – uma vez que Granada foi praticamente destruída nessa época por conta de uma guerra civil na Nicarágua – e então o estilo neoclássico predomina.
Bastante turística, Granada tem muita oferta de hospedagens, bares e restaurantes; além de ser cheia de histórias para contar. Erguida sob uma aldeia pré-colombiana, foi a 2ª cidade fundada em terras nicaraguenses. Em tempos coloniais, foi atacada diversas vezes por piratas, sendo praticamente destruída por Henry Morgan em 1624. Em Granada também se iniciou o movimento de independência da Nicarágua, consumado apenas 10 anos depois em 1821.
Com vocação comercial desde os tempos pré-colombianos, empresas de barcos a vapor e de estradas de ferro durante o século XIX, e também fazia parte de uma importante rota de comércio entre os oceanos Atlântico e Pacífico antes da criação do canal do Panamá. Aqui nasceram alguns dos presidentes da Nicarágua.
Muito embora tenha muita história, Granada nos pareceu um lugar bem tranquilo e calmo – ótimo para quem quer tirar uns dias de preguiça. Explorar lentamente seus restaurantes, bares e centro histórico é uma delícia, principalmente deixando reservada aquela hora no fim de tarde para um sorvete na praça (ou uma geladinha no bar, afinal, ninguém é de ferro).
Masaya
Saímos de Granada e fomos visitar o Vulcão Masaya, no Parque Nacional Volcán Masaya. Algum dia já imaginaram ver a lava de um vulcão bem de perto? Imaginem o misto de espanto e alegria das crianças (e nossas também, nunca tinha imaginado ver algo assim).
Masaya é um dos vários vulcões que há na Nicarágua e o passeio pode ser feito durante o dia ou à noite. De dia, é permitido andar pelo parque e fazer picnic, mas à noite se faz uma fila de carros e a cada 15 minutos um grupo entra para apreciar de cima a lava do vulcão.
O contraste do vermelho da lava com o escuro da noite, somados aos barulhos de morcego e do vulcão fizeram do passeio um marco na viagem.
Há também um bem montado centro de exposições na entrada do parque, onde podemos entender toda a história geológica do planeta, a cadeia de vulcões do país, onde eles estão localizados, como ocorrem as erupções e suas histórias. Muito interessante e um ótimo aperitivo ao que estar por vir!
Honduras
Muitas vezes durante uma viagem temos que montar um roteiro do que queremos ou podemos fazer, e por conta disso muitas coisas interessantes acabam ficando de fora desse roteiro.
Isso aconteceu com nossa passagem por Honduras. Por conta da nossa janela de tempo e da distância entre lugares que nos pareceram interessantes, limitamos nossa visita a este belo país às ruínas da antiga cidade Maia de Copán. Uma pena, pois vimos pouco do país e pelo que vimos, ficamos muito curiosos para visitar outros lugares.
As ruínas de Copan são belíssimas e muito bem conservadas.
Os imponentes templos maias, as praças, a acrópole, o campo de bola e as estelas (estátuas em relevo que normalmente retratam fatos ou governantes) são interessantíssimos.
Nós adoramos história, e contratamos um guia que nos acompanhou por toda a visita. Recomendamos o passeio, e também as crianças adoraram!
Tikal
De Honduras seguimos para a Guatemala, cuja fronteira já estava a poucos quilômetros dali. Mas antes de cruzar paramos em um soldador, pois precisávamos consertar algumas trincas que haviam surgido no nosso carro, próximas ao suporte do radiador. Trincas soldadas, tudo certo, seguimos para a Guatemala, e então para às selvas do norte do país.
E em meio à selva encontram-se as antigas ruínas da cidade Maia de Tikal.
Dizem os estudiosos que a cidade de Tikal foi a maior das cidades maias. E nós, que adoramos história, fomos lá conferir!
De fato, o local do sítio arqueológico é gigantesco e apenas uma pequena fração dele foi escavado e estudado cientificamente. Por todos os lados ainda podemos ver estruturas tomadas pela natureza, que ainda estão soterradas.
E Tikal recebe muitos visitantes de todas as partes. Mas mesmo com tanta gente, em nenhum momento isso atrapalhou nossa visita. Tem bastante gente, mas não chega a incomodar.
Achamos que a visita vale muito a pena. As construções e pirâmides são belíssimas e muito interessantes. É possível subir em algumas delas e ter uma vista maravilhosa de todo o local. As crianças adoraram chegar ao topo dos templos e imaginar os maias olhando para as estrelas.
E de quebra, ainda tivemos a sorte de presenciar uma pequena cerimônia sagrada do povo local, durante a qual uma pessoa se tornou sacerdote/xamã, e assim pudemos observar como essa cultura ainda consegue ir se mantendo ao longo do tempo.
Ainda havia lugares na Guatemala que gostaríamos de visitar, como Antígua. Entretanto, aproveitamos que estávamos perto da fronteira com o México e decidimos seguir adiante, uma vez que nosso plano era chegar ao Alasca durante o verão, e não gostaríamos de perder essa janela de tempo.
E assim nos despedimos da América Central, e rumamos à América do Norte, sendo o México nosso primeiro destino!