Tel Aviv surpreendeu-me. Logo à chegada ao aeroporto, quando me deparo com uma rede de comboios moderna (de fazer inveja aos Alfas portugueses). Mas de Tel Aviv falarei no próximo diário de bordo, hoje quero falar de Jerusalém.
Não é fácil exprimir a energia e a atmosfera que se sente em Jerusalém, uma das cidades mais antigas do Mundo e sagrada para Judeus, Cristãos e Muçulmanos. Decidi que o meu primeiro dia em Israel seria em Jerusalém porque já antevia esse turbilhão de emoções e queria ter este impacto inicial.
Entrámos dentro das muralhas da cidade antiga e logo ouvimos nos altifalantes uma voz que ditava as orações da manhã.
A cidade antiga de Jerusalém está dividida em quatro partes (ou bairros). O bairro Judeu, o Muçulmano, o Arménio e o Cristão.
Devem pois imaginar que a tensão entre estas quatro partes é constante, no entanto não deixa de ser simbólico o facto de partilharem um espaço comum ali, no local que declaram como sendo seu, num regime de tolerância mútua.
Antes de chegarmos ao centro da cidade antiga de Jerusalém, o caminho faz-se pelo Cardo, a antiga Rua principal de Jerusalém, onde reis e profetas partilhavam da agitação da cidade com comerciantes e gente de todo o mundo.
Seguimos por entre ruas apertadas e onde, a toda a hora sentimos o cheiro de incenso e cera e damos de caras com o Muro das Lamentações, o único vestígio do antigo Templo de Herodes e um dos locais mais sagrados para o Judaísmo, uma das religiões mais perseguidas da História mas também uma das que tem maior História.
É difícil não nos deixarmos absorver por aquela atmosfera e, se uma viagem sozinho é, por si só, também um momento de reflexão e conhecimento pessoal, estar naquele local acentua ainda mais essa reflexão.
Essa experiência é colmatada quando entramos na Igreja do Santo Sepulcro, onde, segundo a tradição, Jesus foi crucificado e sepultado, e que é administrada e repartida entre as igrejas Ortodoxas, Católica e Arménia. O coração da Cristandade. É indescritível o sentimento e a energia que se sente ali e em todos os que, religiosos ou não, visitam aquele lugar tão simbólico.
Terminei o meu dia em Jerusalém no Mahane Yehuda, um grande mercado onde os nossos sentidos são levados ao extremo, entre as cores e os cheiros fortes de especiarias e peixe fresco, e os gritos dos comerciantes anunciando os seus produtos.
Um dia intenso que terminou com uma “bomba de açúcar”, baklavas e o típico sumo de romã.