Kathmandu, 27 de abril de 2017
Aprendes que mindfulness não é sobre o eu, é sobre o todo que ouvir não é o mesmo que escutar e que depois disso vem aquilo que fazes com o que escutas: compreensão e sabedoria. Meditar não é puxar do tapete, estendê-lo na relva, sentar, fechar os olhos e fazer aquele zumbido ou simplesmente estar ali a pensar no que tens de fazer daqui a cinco minutos. Meditar é muito mais do que isso. A pessoa que medita não é aquela que está deitada ou sentado ou a caminhar e dizer para o colega do lado: “Eu estou a pensar muito, a meditar; e sou um ser incrível por isso”. Mindfulness ou meditação é sobre o todo, sobre a macro essência; e não sobre o “eu” na sua individualidade. É aprender a escutar , compreender e adquirir sabedoria. É adquirir uma conexão com a tua mente: gerir as emoções, entender o porquê de te sentires assim e, no fundo, é colocares-te em “causa” e pensares antes de agir, sem interferir com a felicidade do “outro”, em duas palavras: controlar emoções. A meta onde queremos chegar é importante, mas muito mais do que a meta, o caminho. A vida é feita de escolhas, experiências e o caminho que segues: estar presente e ter consciência disso. A minha manhã foi mais ou menos assim, meditar ao de leve; mas mais do que isso escutar a importância e o conceito de mindfulness. O material humano é incrível e a mente humana é fascinante! Da parte da tarde visitámos a stupa de swayambhunath e foi nos explicada a história por trás dos simbolismos representados. Depois de almoço “caiu-me a ficha literalmente”. Visitámos uma das obras do nosso Lama, do Gustavo. Um orfanato. Todas as crianças que estão naquela “nova família” sofreram atrocidades incríveis. Saber a história delas e perceber que passaram por maus tratados esmagadores (….) arrepiei-me antes de ir, quando soube das suas histórias e assim que entrei naquele orfanato…. wow…. que misto de sensação. As crianças foram retiradas “de um inferno real” e neste momento têm um sorriso espelhado no rosto, sendo facilmente identificada a sua felicidade. As crianças vem ter connosco, cumprimentam-nos, sorriem… jogam à bola e até tivemos o privilégio de as ouvir a cantar. Comovi-me várias vezes e foi uma sensação incrível, sem explicação/ descrição possível. Foi o meu segundo dia no Nepal… e foi intenso a valer! O grupo de participantes é espetacular; existe uma sintonia incrível entre nós, apesar dos diferentes perfis e idades. Já me “caiu a ficha várias vezes”. Já me emocionei, já senti medo e já meditei (em formato muito light), a título experimental e não adormeci! É uma questão de foco, presença e consciência. Segundo dia, foste maravilhoso, que venha o próximo.