Roteiro Castelo Branco. Dois dias para conhecer 480 milhões de anos de história

No Parque do Barrocal começa tudo, mas neste roteiro de Castelo Branco vamos caminhar pela história dos bordados, da cerâmica e da comida

Castelo de Castelo Branco
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No interior de Portugal há muita história há nossa espera. A história comum contada pela arte da coleção de Manuel Cargaleiro, mas também a história contada pela natureza que há milhões de anos escolheu o sítio onde está hoje o Parque do Barrocal para crescer.

O Centro Interpretativo do Bordado ajuda a conhecer as tradições desta região do país e o que resta do altivo Castelo faz-nos lembrar que nem sempre o nosso país foi pacífico. Na verdade as guerras são mais comuns na nossa história do que a paz.

Os momentos de lazer em família são sempre muito mais valorizados na pacatez de uma cidade tranquila, momentos que se podem seguir a belos repastos. Vai ser possível ver quase tudo o que Castelo Branco tem a oferecer sem precisar do carro, mas não deixe as chaves no hotel porque há sugestões mais afastadas do centro.

Dia 1

Castelo dos Templários

11:00 – 12:00

É bem lá no topo que começa a nossa viagem em Castelo Branco.

Do Castelo dos Templários já pouco resta, o que vemos aqui são vestígios daquilo que teria sido na idade média. Até aos nossos tempos chegou a fortificação que integrava um sistema defensivo mais amplo construído ao longo do vale do Rio Tejo.

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Podemos percorrer a parte da muralha que foi mandada erguer entre o ano de 1214 e 1230. No recinto desta fortaleza, designada alcáçova, situava-se a Igreja de Santa Maria do Castelo e o Palácio dos Alcaides. O Castelo é o sítio ideal para ter uma vista panorâmica para a cidade.

Miradouro de São Gens

12:00 – 13:00

Feita a visita ao Castelo é tempo de descer as escadas até ao Miradouro de São Gens.

É deste ponto que se alcança uma vista sobre a zona histórica da cidade, onde é possível ver a Barragem de Águeda ou da Marateca, as encostas Sul da Serra da Gordunha e, mais ao fundo, quando o céu está limpo é possível ver a Serra da Estrela.

Quando o miradouro foi construído, em 1941, teve como propósito esconder os depósitos de abastecimento de água. Com o passar dos anos, esta zona foi reabilitada e trouxe melhores condições para ser visitada, com os bancos de jardim a fazerem dela um espaço de lazer muito agradável.

O Retiro do Caçador

13:00- 15:00

Para almoçar, vamos até ao centro da cidade à procura do Retiro do Caçador que tem na carta vários pratos de caça e receitas típicas da região. Os Ovos Mexidos com Farinheira são o ponto de partida ideal para esta refeição, para prato principal a opção deve ser entre um Javali à Caçador ou os Bifinhos de Veado com molho de cogumelos frescos.

Para quem não é fã de carne de caça, há Entrecosto com Grelos, ou, o típico Cabrito Assado.

Parque do Barrocal

15:00 – 18:00

Está na hora de fazer a digestão do almoço e por isso precisamos de caminhar. Vamos seguir em direção ao recém-inaugurado Parque do Barrocal, um dos maiores espaços verdes da cidade, a escassos metros do centro.

Integrado nos territórios classificados do Geopark Naturtejo, Património Mundial da Unesco e da Reserva da Biosfera Transfronteiriça Tejo, corresponde a uma paisagem geológica única que acompanha a biodiversidade ao longo das estações do ano.

Visitar este espaço é também uma aula de história natural, uma vez que estamos a falar de mais de 310 milhões de anos que caracterizam a sua paisagem granítica feita de rochas geradas nas profundezas da terra e que ganharam forma graças aos movimentos tectónicos.

Todos os caminhos do parque foram desenhados adaptando-se às suas singularidades topográficas e geológicas. Os melhores exemplos disso mesmo são o Túnel do Lagarto, o Observatório dos Abelharucos e o Círculo do Domo.

O Barrocal está presente um pouco por toda a cidade, alguns dos principais e mais antigos monumentos de Castelo Branco foram construídos com granito vindo deste parque, e os melhores exemplos são a estação ferroviária e a zona industrial adjacente.

Parque Urbano

18:00 – 20:00

Mais distante do centro da cidade, encontramos o Parque Urbano de Castelo Branco, com uma grande área verde e com vários espaços para praticar desportos, fazer caminhadas, andar de bicleta, de skate ou fazer um pic-nic.

O grande lago é um dos pontos fortes desta zona da cidade, uma vez que permite passar tardes de verão muito agradáveis.

O Alambique de Ouro

20:00 – 22:00

Para jantar vai precisar de andar cerca de meia hora de carro. Siga na Estrada Nacional que vai dar ao Fundão para se sentar à mesa de um restaurante de referência nesta região, o Alambique de Ouro.

A cozinha é tradicionalmente portuguesa e são os pratos de bacalhau os mais requisitados, a especialidade da casa. Não perca ainda as lulas com gambas, a açorda, a massada de línguas de bacalhau e a couvada. Opções não vão faltar.

Dia 2

Museu Cargaleiro

11:00 – 12:00

O segundo dia desta viagem começa bem no centro de Castelo Branco, num palacete do Séx. XVIII, Em 2005 nasceu aqui o Museu Cargaleiro, uma parceria entre a Fundação Manuel Cargaleiro e a Câmara Municipal de Castelo Branco.

Aqui vamos encontrar muitas das experiências que o artista plástico teve ao longo da sua carreira: cerâmica, desenho, escultura, gravura, pintura e têxteis. Mas foi sobretudo na cerâmica que ganhou grande expressão quando na década de 40 se aproximou da olaria de José Trindade e da fábrica Sant´Anna. Mais tarde foi um dos ilustres da Fábrica da Viúva de Lamego, responsável por muitos dos painéis de azulejos espalhados pelo país.  

Mas Cargaleiro não se ficou apenas por Portugal, tendo passado por Tóquio, Turim, Milão, Rio de Janeiro, Lourenço Marques, Luanda… tudo cidades onde expôs o seu trabalho muito ligado à geometria.  

Na visita a este museu não vai encontrar apenas obras de Manuel Cargaleiro, há muitas outras de artistas que foram fazendo parte da coleção pessoal construída ao longo de mais de 80 anos.

Não dê por terminada a visita sem observar ao detalhe as “Capelas Imperfeitas”, obra de Manuel Cargaleiro em Tapeçaria do ano 1984 e a Pintura “The Windows of the Night”, de 1981. São três pisos expositivos onde se pode perder.

Centro de Interpretação do Bordado

12:00 – 13:00

O Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco está instalado na antiga Casa da Vila, antiga cadeia e a mais recente Biblioteca Municipal, recuperada para albergar este importante património da cidade.

O bordado faz parte da história da cidade e é neste lugar que temos contato com a sua origem, que vai desde a sementeira do linho à tecelagem, passando pela criação do bicho de seda, a extração da matéria prima. Descobrindo ainda a evolução da técnica do bordalo, ao longo dos tempos e o seu enquadramento histórico e simbólico.

Desde o século XVIII que nesta região a cultura do linho e da amoreira prosperava e isso permitiu a criação em larga escala do bicho-da-seda, matéria prima para a confecção do bordado, especialmente na confecção das colchas, as peças mais conhecidas.

O bordado ganhou expressão não só no nosso país como em terras de sua majestade, onde um grande painel com o bordado da região e o trabalho criativo da artista plástica Cristina Rodrigues, ornamentam o principal altar da Catedral de Manchester, no Reino Unido, desde 2017.

O Convento

13:00 – 15:00

Para almoçar a nossa sugestão fica a seis minutos a pé do Centro de Interpretação do Bordalo e a poucos minutos do próximo destino que vamos visitar, o Museu Francisco Tavares Proença.

Fazemos uma paragem para almoçar no restaurante O Convento que tem uma vista desafogada para os antigos terrenos do Castelo. Para a mesa vão trazernos comida tradicional portuguesa, com menus a preços bastante em conta, onde se inclui sopa, prato de carne ou peixe, sobremesa e café. A nossa sugestão recaí sobre o Bife de Vitela de Pedra e o Lombo de Porco grelhado com Ananás.

Museu Francisco Tavares Proença Júnior

15:00 – 16:00

Seguimos o nosso roteiro bem no centro de Castelo Branco, bem perto do Jardim do Paço. Chegámos ao Museu Francisco Tavares Proença Junior.

Construído pelo arqueólogo de quem recebeu o nome, tem como missão o estudo, a investigação, a recolha, a documentação, a conservação, a intervenção e a divulgação do património cultural, que integra uma relevante coleção de Arqueologia e de Têxteis. Tem ainda uma forte componente expositiva de Arqueologia e de Arte Sacra.

Jardim do Paço Episcopal

16:00 – 17:00

O Jardim do Paço Episcopal está inserido no Paço que serviu de residência permanente a vários bispos da Guarda e de Castelo Branco, no século XVII, mas desde 1919 transformou-se num jardim municipal aberto a todos.

O jardim divide-se em quatro espaços diferentes e todos eles ligados entre si. Começamos pela entrada através da Rua Bartolomeu da Costa onde podemos observar a escadaria monumental com destaque para os Arcanjos e o Anjo da Guarda de Portugal. Seguimos para o patamar do buxo que tem uma planta retangular onde se incluem cinco lagos com repuxos em alusão às cinco chagas de Cristo.

O jardim alagado tem como grande destaque um conjunto de cantoneiros de forma trapezoidal que provocam um efeito visual único. Terminamos a visita no plano superior, onde existe um tanque que armazenava a água e que servia para a rega do jardim e usufruto dos bispos.

Parque da Cidade

17:00 – 18:00

Nunca é demais visitar espaços verdes, por isso terminamos a nossa viagem mesmo em frente ao Jardim do Paço, o Parque da cidade. Estamos num espaço de recreio e lazer, ideal para descansar.

O espaço que vemos hoje sofreu uma grande reformulação. Antigamente era a Quinta do Paço Episcopal onde havia hortas ajardinadas, deste tempo foram conservadas a pérgola, um maciço de cedros a Sul, a Mata a Nascente, os elementos de água mais estruturantes, a Porta de Roma, o gradeamento e portão de entrada. A partir de 1912 ficou aberto ao público e em 1934, houve uma profunda transformação que deu origem ao Parque da Cidade, como hoje conhecemos.

Como viajar até Castelo Branco?

Castelo Branco é servida pela linha ferroviária da Beira Baixa, estando ligada à rede nacional a partir dos comboios rápidos Intercidades e Regionais que terminam a viagem na Covilhã. A estação de comboio fica a cerca de 500 metros do centro.

rede expressos logo

Os autocarros da Rede Expressos ligam a cidade de Castelo Branco a várias cidades do país. O terminal rodoviário fica a cerca de 500 metros do centro.

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Castelo Branco está servida pela A23, a autoestrada do interior que liga Torres Novas à Guarda.

Onde dormir em Castelo Branco?

Meliá Castelo Branco

Rua Da Piscina
a partir de €38 por pessoa (noite)
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Alojamento Girassol

Rua do Saibreiro, 2A
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Casa 92 – Os Lugares de Castraleuca

Av. Gen. Humberto Delgado 92
a partir de €21 por pessoa (noite)
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